Os melhores solos de George Harrison
Daqui a exatamente uma semana, no dia 29 de novembro, a morte de George Harrison completa duas décadas. Uma geração inteira cresceu sem ter acompanhado a carreira do guitarrista daquela que foi a banda mais influente de todos os tempos, então, acho que é o momento adequado pra relembrar os momentos mais marcantes desse cara.
Eu sei que “melhores” é um termo apelativo, pois os critérios de julgamento são subjetivos e pessoais, mas aqui vão os meus solos preferidos de Harrison, que sem dúvida, estão entre os melhores da sua carreira. A princípio seria um top 5, mas vi que 5 é muito pouco, vamos considerar que sejam os 8 do “primeiro escalão”. Se fosse um top 10, certamente entrariam “And Your Bird Can Sing” e “I Saw Her Standing There”, ou não.
Além disso, Harrison ainda tem muita coisa sensacional que tive que deixar de fora, tanto com os Beatles (Here Comes The Sun, não é um solo, mas é uma melodia marcante), na carreira solo (coisas incríveis como “This Guitar (Can’t Keep From Crying)”) e em colaboração com outros artistas como o excelente solo de “Leave a Light On” de Belinda Carlisle.
Sem mais delongas, vamos à lista:
8º. All My Loving (The Beatles - “With the Beatles”, 1963)
É claro que essa não poderia ficar de fora. Uma das mais clássicas da primeira fase da banda, no auge da beatlemania.
Creditada a Lennon-McCartney mas considerada uma composição solo de Paul, uma das características interessantes dessa música é que a sequência de acordes do solo é totalmente diferente dos acordes do verso e da ponte, diferente do que acontecia em outras músicas da banda na época, como “I Saw Her Standing There” (que usa acordes do verso no solo) e “Love Me Do” (Que usa a base da ponte).
Os acordes escolhidos por McCartney são cirurgicamente colocados para dar aquela sensação de “alegria” que complementa a inocência da letra.
Quanto ao solo em si, dá pra perceber claramente a influência de guitarristas de Country e Rockabilly, como Chet Atkins, Carl Perkins e Scotty Moore sobre Harrison nos primeiros anos de carreira. Um solo simples, mas de extremo bom gosto.
7º. Gimme Some Truth (John Lennon - “Imagine”, 1971)
Mesmo depois do fim dos Beatles, Lennon continuou confiando na guitarra de Harrison para muitos dos seus registros. Aqui Harrison mostra toda a sua habilidade com o slide, numa melodia agressiva, que combina com a agressividade das letras de Lennon.
6º. Octopus’s Garden (The Beatles - “Abbey Road”, 1969)
Se a primeira música da lista era resultado direto de uma parceria de Harrison com McCartney, e a segunda, uma parceria com Lennon, aqui temos Harrison trabalhando numa das poucas composições de Ringo Starr para os Beatles.
Aqui, novamente temos a influência da country music aparecendo, mas num solo bem mais técnico e elaborado que em “All My Loving”, impossível deixar de notar a evolução de Harrison nos seis anos que separam os dois registros.
5º. Till There Was You (The Beatles - “With the Beatles, 1963)
Chegando ao top 5, aqui, uma balada, que na verdade foi uma das primeiras canções gravadas pela banda, em uma audição mal sucedida para a Deca Records em 1962. No entanto, a música foi uma das que chamaram a atenção de George Martin, tanto pelo vocal de McCartney como pela guitarra de Harrison.
O solo, gravado em violão com cordas de nylon, tem influência de música espanhola e uma melodia fantástica, inclusive na passagem pelo acorde diminuto.
4º. Give Me Love (Give Me Peace On Earth), (George Harrison - “Living in the Material World”, 1973)
Mais um trabalho impecável de slide de Harrison, que então já ia se tornando uma das suas marcas registradas, em uma das melhores músicas da sua carreira solo.
3º. Day After Day (Badfinger - “Straight Up”, 1971)
Sem querer ser repetitivo, mas aqui temos outro solo incrível de slide de Harrison, dessa vez, numa faixa do Badfinger que ele mesmo produziu, e acabou se tornando o maior hit da banda. Foi a segunda vez que um Beatle produziu um hit para o Badfinger, a primeira vez foi McCartney, que escreveu e produziu “Come and Get It”.
2º. Let It Be (The Beatles - “Let It Be”, 1970)
Importante frisar: O solo a que me refiro é o que foi lançado no LP, produzido por Phil Spector, e não o do single lançado alguns meses antes, produzido por George Martin. A diferença é clara: O solo escolhido por Martin é pouco inspirado, e acaba sumindo no mix, já o solo do álbum tem aquele timbre quente típico do captador do braço de uma Les Paul, e é ao mesmo tempo, melódico e agressivo. Uma obra-prima.
1º. Something (The Beatles - “Abbey Road”, 1969)
Escolher entre Something e Let It Be é quase como escolher entre pai e mãe, mas Something ainda vence pelo conjunto da obra: A música é obra de Harrison, o solo foi pensado para encaixar perfeitamente na canção, e muitos críticos consideram a melhor canção do Abbey Road (Lennon também achava).
É inegável a influência de Eric Clapton sobre a evolução da sonoridade de Harrison, tanto no que diz respeito às melodias como no próprio timbre (aqui temos de novo aquele som de Les Paul).
Enfim, Something como um todo é uma obra-prima, e o solo, é uma obra-prima dentro de outra, então merece o topo da lista.
