Pegadas que ocupam

A pressa em passos que contam histórias

A corrida de rua é um dos esportes mais consolidados em Fortaleza. Quem corre, mira em cada pegada metas de vida que ultrapassam a linha de chegada

Davi César
Pé na Pista

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Ocupar as ruas com a corrida é um hábito cada vez mais presente na cultura cearense. Foto: Bruno Gomes

A pressa consome as ruas de Fortaleza cotidianamente. Como em qualquer grande metrópole, há correria para todos os lados, o tempo inteiro. Seja para trabalhar, seja para comprar, seja para pegar um ônibus, a harmonia caótica é sempre característica marcante nas grandes cidades. Entretanto, há um grupo de apressados, que corre sozinho ou em bando, para cruzar uma linha de chegada ou apenas para se exercitar. Os objetivos são diversos, as motivações são inúmeras, o fato é que o amor pela corrida de rua é o que une essa turma sedenta por movimento.

Nos últimos cinco anos, o número de corridas por ano em Fortaleza se firmou com uma média de cerca de 45 provas, segundo dados do site Corredores de Rua do Ceará. Consolidado, o esporte há muito tempo deixou de ser apenas o hit da temporada e ganha cada vez mais adeptos pelos seus benefícios à saúde e pela sua acessibilidade — não são necessários equipamentos caros ou ginásios de treinamento, o meio natural de um corredor é a própria rua.

Um dos eventos de maior repercussão no cenário do estado é o Iron Man, triátlon que ocorre anualmente. Foto: Bruno Gomes

Em quase todos os fins de semana tem corrida. O lugar varia: pode ser no Parque do Cocó, na Praia de Iracema ou nos interiores do Ceará. As corridas também são as mais variadas: com diferentes distâncias e horários. O preço para competir também é cambiante: desde corridas mais econômicas a eventos mais custosos, em uma média de R$ 50. Tantas opções tornam o esporte ainda mais acessível e personalizável. Não tem desculpa para quem quer correr.

Divulgação: do boca a boca ao digital

Não é de hoje, no entanto, que as corridas existem na capital cearense. Félix Luis, criador do website Portal do Corredor, que já divulga corridas há quase 15 anos, comenta que na época em que a internet ainda não estava tão presente no cotidiano das pessoas, já eram organizadas corridas de rua pela cidade. Entretanto, a divulgação dessas corridas ainda estava limitada ao boca a boca e à televisão. “Naquela época não tinha essa internet que a gente tem hoje, que tem tudo, então você descobria as coisas no boca a boca praticamente. E a corrida que existia era a São Silvestre na televisão no final do ano”, lembra.

Félix é atleta e criador do Portal do Corredor, site especializado em corridas de rua. Foto: Acervo Pessoal

No fim da década de 90, mais precisamente no ano de 1989, Félix, que também é corredor, participou pela primeira vez de uma corrida de rua — a antiga e tradicional Corrida de Rua da TeleCeará — e viu futuro na divulgação do esporte. “Eu sempre tive a visão de divulgar a corrida, mas como eu comecei a divulgar muitas corridas, eu não conseguia ficar só divulgando, aí eu corria também. E eu mantenho essa filosofia até hoje”, conta. Ele revela também que, naquela época, existiam corridas gratuitas. “Há 30 anos, a gente tinha corridas de graça. A corrida era domingo, você chegava na mesinha da organização, dava seu nome, se inscrevia e corria”, explica.

Nutrição: a alimentação é a melhor aliada para o desempenho

Ter uma alimentação adequada como rotina e hábito oferece os nutrientes necessários ao corredor para equilibrar as necessidades energéticas e propiciar um bom desempenho em treinos e competições.

Elaborar um plano alimentar individualizado é fundamental para atingir o objetivo desejado. Foto: Reprodução

De maneira geral, pode-se dizer que as principais orientações nutricionais antes do treino são fornecer substrato energético para prevenir a fadiga e evitar a queda do desempenho. A refeição antes do evento deve conter alimentos habituais do corredor: ricos em carboidratos, com baixo teor de gordura e moderados em proteína e fibras.

Segundo a nutricionista Elisa Lerch, o ideal antes da corrida é ingerir carboidratos com baixo índice glicêmico para resultar uma melhor resistência, devido ao fato destes alimentos fornecerem glicose lentamente na
corrente sanguínea, o que ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue e evita hipoglicemia no início da atividade.

Após a atividade, a alimentação tem um papel fundamental e deve ser feita o mais próximo possível do final do exercício. Deve-se dar preferência aos carboidratos com alto índice glicêmico (pão branco, mel, batata, arroz) associados às fontes de proteína (carnes magras, queijos).

A hidratação também é importante depois da prática do esporte. A perda de líquido pelo suor, durante o exercício, pode levar o organismo à desidratação. Quanto maior a desidratação, mais altas são as chances de redução do desempenho. Um corpo desidratado pode sofrer hipertremia, exaustão, insolação e até a morte.

O uso de isotônicos durante exercícios de longa duração auxilia na reposição de líquidos, eletrólitos e carboidratos para a manutenção das concentrações de glicose sanguínea.

Ouça reportagem em áudio sobre as corridas de rua em Fortaleza:

Locução: Pedro Silva. Texto e edição: Pedro Silva e Guilherme Conrado. Reportagem: Davi César

Colaborou Januele Melo

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Davi César
Pé na Pista

21. Estudante de Jornalismo. Ator. Professor. Comunicador. Movido pela fé. Saudosista do futuro.