Valor econômico

O preço de correr

As corridas em Fortaleza movimentam uma alta quantia de dinheiro. Várias empresas entenderam a dinâmica e gostaram do negócio

Davi César
Pé na Pista

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Entre a largada e a linha de chegada há muito investimento envolvido. Foto: Bruno Gomes

Hoje, o funcionamento das corridas de rua é bem diferente: requer inscrição prévia e pagamento de kits. O esporte virou negócio. Grandes empresas, como a Pague Menos e a rede de supermercados Pão de Açúcar, enxergaram as vantagens de promover corridas de rua anuais para divulgar suas marcas. Até 2018, já foram contabilizadas, em Fortaleza, 9 corridas anuais da empresa farmacêutica e 17 da rede de supermercados.

A comunicação pelas corridas é boa para os negócios. Em artigo publicado pela Universidade Federal do Ceará, Andersson Teixeira constatou, ao entrevistar corredores de rua, que cerca de 67% dos inscritos em corridas patrocinadas ou promovidas por empresas comprariam produtos destas marcas. A mesma pesquisa também sentencia que os principais motivos da utilização das corridas como marketing esportivo são, além de divulgar a marca, estabelecer relacionamento com o público, se promover e expor seus produtos.

Logística

Para organizar uma corrida, é necessário planejamento. Há uma série de detalhes que devem ser considerados: as despesas com infraestrutura, os custos com questões burocráticas, o espaço da cidade em que será realizada a prova. São demandas que exigem um sistema complexo de organização. Além disso, os gastos são bastante elevados. Segundo Fernando Elpidio, organizador de corridas pela empresa Nova Letra, uma prova de pequeno porte, por exemplo, para cerca de 1.000 atletas, custa em média R$150.000,00. Fernando explica que “não existe uma receita fixa”, pois as receitas dependem do estilo da corrida, do valor da inscrição, do custo da prova e da quantidade de vagas.

Apoio

Se para os organizadores, há um alto custo para produção de eventos esportivos, para os atletas esse custo é refletido nos gastos com treinamentos, equipamentos, viagens, alimentação e taxa de inscrição das corridas. O atleta Darlisson Emanuel, 29, trabalha na indústria cearense e tem uma carreira proeminente nas ruas. Em 2018, venceu 16 corridas das 25 que participou, em todas esteve entre os cinco primeiros colocados. Entretanto, todo o dinheiro que o atleta ganha com seus títulos vai para custear os próprios gastos com a corrida. “Se manter na corrida é para quem gosta. O atleta tem muito gasto. Hoje, o que eu ganho em premiações vai tudo para o esporte”, afirma.

Darlisson e muitos outros atletas ainda reclamam da insuficiência da Lei do Incentivo ao Esporte. O corredor profissional Antônio Borges, 32, afirma que é raro as empresas e indústrias financiarem os próprios atletas. No dia em que o entrevistamos, ele foi o primeiro colocado na categoria de 10km.

Segundo a Secretaria do Esporte do Ceará, Sesporte, a pasta concede suporte por meio de passagens aéreas para competidores que representam o estado em viagens nacionais e internacionais. Jerry Welton, presidente da Federação Cearense de Atletismo, FCAt, afirma que a federação dá todo o suporte logístico para os eventos que ocorrem no Ceará. Para os atletas, diz que o sistema de apoio é semelhante ao do futebol: “Nós damos suportes aos atletas filiados através de clubes associados a Federação. Nosso sistema se assemelha ao sistema do futebol. Damos o suporte no ponto de vista de campeonatos que ocorrem pela Federação. É uma Federação olímpica, então usamos todo o programa olímpico. Fazemos uma média de 15 competições por ano.”

Colaborou Januele Melo

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Davi César
Pé na Pista

21. Estudante de Jornalismo. Ator. Professor. Comunicador. Movido pela fé. Saudosista do futuro.