Não há nada de espetacular em sentar-se à frente de um computador para escrever algumas linhas. Na peleja do dia a dia, esse hábito ainda está por adquirir, mas faz tempo que já deveria estar comigo.

Mas o foco não sou eu, e sim uma mulher, uma amiga.

Mulher jovem e bonita, mãe de uma princesinha, um ano e meio de inocência e doçura.

Mulher, jovem e bonita, mãe que sustenta essa princesa. Dá colo, afeto, consolo e comida. Todos os dias, três vezes no mínimo. Troca a fralda, põe pra mamar, tira o peito, espera arrotar, dá banho, passa pomada, lencinho, conta historinha, acorda no meio da noite…

Esqueci alguma coisa? É claro que sim!

Pense em alguém de depende de outro alguém para tudo, absolutamente tudo! A vida de uma menina está nas mãos e no coração dessa mulher. Nada que eu escreva poderá se aproximar do significado dessa entrega.

Se quiser me ajudar, pense que você já foi um bebê, e que não estaria vivo para ler esse texto, não fossem os cuidados de sua mãe.

É claro, essa menina tem um pai, mas embora habilitado a dirigir, votar, transportar bens, abir empresa, investir na bolsa ou em renda fixa, trabalhar, enfim… esse sujeito ainda não conhece a importância de cuidar.

E pelo jeito, vai demorar a conhecer. Acho que não quer, na verdade. Prefere descarregar suas inseguranças e fracassos na mãe de sua filha; essa bela mulher que ganhava mais do que ele, viajava sozinha (veja que audácia!) quando ele não tinha grana para acompanhá-la, e um dia decidiu largá-lo, pois ele não soube ser companheiro.

Nesse rapaz, a paternidade é apenas biológica. Ele se comporta mais como um primata, obedecendo apenas ao pulso vital de acasalamento e transmissão de genes, do que como um ser humano, feito para ir além da condição animal, e por isso mesmo dotado de razão, ética e valores morais (sendo uma delas a responsabilidade de cuidar).

Minha amiga vai bem. Está passando sua travessia, com muitas dificuldades, mas está no caminho certo, e vai superar. Um anjo me soprou: se você está atravessando o inferno, continue andando. Winston Churchill atravessou, e nos motiva a fazer o mesmo. Talvez inspirado pelo britânico, a peixinha Dory diria: continue a nadar, continue a nadar…

(quem foi criança ou pai nos anos 2000 vai entender essa)

E ela vai continuar andando, e quando menos se der conta, terá atravessado seu inferno pessoal. Tenho certeza disso. Minha questão é com esse cara: como ele poderá atravessar o que quer que seja, se ignora por completo qual caminho seguir?

Quer saber de um coisa? Homens, na boa, o mundo tem um saco sem fundo lotado desse tipo de cara. Não seja mais um deles.

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