— Boa noite, homem do futuro. Seja bem-vindo ao século XXI. Aqui, as pessoas gastam seu tempo, na rede de comunicação mais vigiada que já criamos, anunciando que serão resistência. Por algum motivo elas acham que isso é mais eficiente do que ficar um tempo na moita, organizando a resistência.
— Obrigado, pessoa do século XXI. Muita gentileza a sua. Estou aqui somente para observar e tomar umas notas. Prometo não incomodar.
— Imagina, homem do futuro. É um prazer dispôr de sua futurística presença. Só acho, se me permite um comentário, esses uniformes coladinhos um pouco over, sabe? Tecido sintético é super anos 80, a moda agora é algodão orgânico e fibra de garrafa pet.
— Fibra de garrafa pet, interessante…
— Aqui, pessoa do futuro, desculpa incomodar novamente… É que eu não estou me aguentando. Diz pra mim, essa resistência vai dar certo?
— Veja bem, eu não estou autorizado a revelar nenhuma decorrência advinda do tempo futuro. Tudo que eu disser aqui influenciará sua conduta e, potencialmente, a de outras pessoas, podendo mudar o curso dos fatos já definidos e gerando desdobramentos imprevisíveis no espaço-tempo, com consequências de grande potencial catastrófico. Espero que entenda.
— Poxa, homem do futuro. Me desculpa. Não sabia que era tão sério assim. Tipo um efeito borboleta, né?
— Sim, como naquele filme com o carro que voa e o cientista maluco…
— De volta para o futuro?
— Isso! Pois bem, aquele filme explica direitinho essa questão. Não foi à toa que mandamos o Michael J. Fox, lá de 3020, para difundir essa mensagem.
— Quer dizer que o Michael J. Fox veio do futuro? Que massa!
— Ops! Acho que falei demais…

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