Mais de 10 mil nas ruas contra a reorganização: Alckmin responde com bombas

eDemocratize
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3 min readDec 10, 2015
Foto: Gabriel Soares/Democratize

Em noite de protesto exigindo o cancelamento permanente do projeto de reorganização escolar com mais de 10 mil pessoas nas ruas, mais uma vez o diálogo das forças de segurança do governo do Estado foi a truculência da Polícia Militar.

Mesmo após o anuncio do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de suspensão para 2016 do projeto de reorganização escolar — que fecharia mais de 90 escolas ao redor do estado — os protestos dos alunos secundaristas continua, e desta vez com ainda mais força.

Mais de 10 mil pessoas atenderam ao chamado de um comitê formado por escolas ocupadas, em um protesto com concentração na Avenida Paulista, às 17 horas.

Diferente dos protestos realizados na semana passada, o objetivo não era trancar necessariamente o trânsito da cidade, e sim demonstrar apoio aos secundaristas com a passeata pela capital. Além dos alunos representantes das ocupações e de movimentos estudantis, boa parte da sociedade civil marcou presença, lembrando levemente dos protestos de junho de 2013, quando muitas pessoas que não fazem parte necessariamente do âmbito político participaram das marchas convocadas pelo MPL. Mas desta vez, a causa era a educação.

E assim como em junho de 2013, alguns personagens se mostraram presentes na noite desta quarta-feira.

Um deles é o clássico “P2”, conhecido como policiais infiltrados dentro da manifestação, com o objetivo de causar tumulto e monitorar de perto os passos dos manifestantes. E teria sido um P2, segundo os próprios manifestantes, que começou um conflito com policiais militares, que cercavam a entrada da Secretaria da Educação com grades e escudos.

Para impedir uma possível invasão dentro do prédio da secretaria, os policiais começaram a jogar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo contra os manifestantes. A partir dai, com a manifestação dispersada, a Tropa de Choque passou a vasculhar praticamente todas as vias principais do Centro com a Avenida Paulista.

Jornalistas e fotógrafos chegaram a denunciar um policial que teria atirado para cima com uma arma letal, com o objetivo de afastar e dispersar os manifestantes. Outro caso grave foi a do uso de bala de borracha contra os estudantes — fato que havia sido até então negado pelo governador Geraldo Alckmin, que afirmou semanas atrás que “a PM não usaria esse tipo de armamento não-letal contra os estudantes”.

Foto: Gabriel Soares/Democratize

Moradores da região denunciaram a quantidade de bombas utilizada pela polícia que, em muitos casos, atirava bombas em vias em que nem haviam manifestantes.

Outro personagem importante para se observar é a atuação dos veículos de comunicação, que não haviam noticiado sobre o protesto até que surgissem os primeiros rumores de vidraças de bancos quebrados e pedras jogadas contra policiais. Jornais como Folha de S. Paulo e Estadão já falam em “vandalismo” praticado por estudantes — deixando de lado o questionamento sobre a atuação da PM na manifestação e também da existência de infiltrados pelas forças de segurança dentro do ato.

Fotos: Gabriel Soares/Democratize

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