Pachecando na NBA :: Marcelinho Huertas
Da Europa à NBA, do Barça aos Lakers… O que aguarda o craque da seleção nos Estados Unidos?
por Vagner Vargas
Me recuso a chamar Marcelinho Huertas de novato. Ele pode até ser taxado assim na NBA, já que a temporada 2015–2016 será a primeira de sua grande carreira por lá. A diferença é que o brasileiro não vai deixar a universidade para trás para se profissionalizar. Aos 32 anos, o novo jogador do Los Angeles Lakers chega com o peso de ter sido por anos a fio um dos melhores armadores em atividade na Europa.
Depois de passar por Espanha e Itália, com momentos marcantes defendendo principalmente o Barcelona, o camisa 9 desembarca nos Estados Unidos. Muita gente diz que Huertas poderia e deveria ter feito a transição mais cedo. Não posso afirmar aqui se o brasileiro não trocou a Europa pela NBA antes por falta de interesse ou de oportunidade. O fato é que enfim veremos o armador e suas jogadas de efeito na maior liga do mundo.
Muita gente pode nem conhecer Marcelinho Huertas por lá — o próprio técnico dos Lakers, Byron Scott, admitiu que não o conhecia direito — , mas quem acompanou a carreira do brasileiro sabe do que ele é capaz, especialmente com a bola nas mãos.
Huertas é um mestre do pick and roll. O armador não é o mais alto, o mais forte ou o mais rápido de sua posição, mas com uma visão de jogo e inteligência privilegiadas, entende o enxerga o jogo como poucos. Hoje, os Lakers não têm um armador com as características dele, de procurar o passe antes de pontuar.
A franquia de L.A. conta com Jordan Clarkson e o novato — esse novato mesmo — D’Angelo Russell. Russell deu mostras de que pode vir a ser um grande armador, mas tanto ele quanto Clarkson, hoje, são melhores em colocar a bola na cesta do que em criar para seus companheiros.
Uma lesão atrapalhou um pouco a vida de Huertas na pré-temporada, mas bastaram duas partidas e cerca de 30 minutos em quadra para que o brasileiro mostrasse do que é capaz. As atuações do brasileiro contra Warriors e Blazers foram o suficiente para encantar torcedores e jornalistas. Quem não o conhecia já não esconde a empolgação com o “novato” de 32 anos, que distribuiu 14 assistências e cometeu apenas 2 erros.
Antes de entrar em quadra, a idade era uma preocupação, especialmente entre aqueles que não sabiam nada sobre Huertas. Creio que isso já passou. A maior (e única) interrogação que me vem à cabeça pensando em sua transição para a NBA é a defesa. Ele terá que marcar jogadores muito mais fortes e rápidos do que ele e pode sofrer um pouco no processo.
Fora isso, Huertas tem todas as ferramentas para encantar a NBA. Espaço nos Lakers ele terá para isso. Antes de a temporada sequer começar, já arrisco a dizer que o camisa 9 será o brasileiro que mais aparecerá nos Top 10 das noites que estão por vir. Mais do que isso, creio que Huertas tenha características técnicas e de liderança para causar um impacto bastante positivo em L.A. e, quem sabe, ser uma peça importante na possível temporada de despedida de Kobe Bryant do basquete.