Alckmin usa a “crise” como justificativa para privatização em massa do Metrô

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3 min readJun 24, 2016
Foto: Wesley Passos/Democratize

Assim como a Linha 5-Lilás, é a vez do monotrilho da linha 15-Prata ser alvo de uma série de privatizações. Desta forma, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) utiliza da “crise” como argumento para satisfazer empresários com o objetivo de apoio político e financeiro para as eleições presidenciais de 2018.

Com obras superfaturadas com o dinheiro público, o governo de São Paulo afirma “não ter mais condições financeiras” para lidar com a continuidade da construção na linha 15-Prata, conhecida pelo fato de utilizar a tecnologia de monotrilho.

A decisão ocorre após uma série de atrasos na obra, além de aumentos significativos nos gastos — a primeira fase de obras superou em mais de R$300 milhões a estimativa. Tudo foi articulado durante uma reunião do conselho gestor das PPPs (Parcerias Público-Privadas).

Não é a primeira vez que o governador Geraldo Alckmin utiliza a “crise” para justificar a privatização do Metrô de São Paulo.

No ano passado, Alckmin anunciou que iria conceder à iniciativa privada a linha 5-Lilás, que tem atualmente 9,3km de extensão e liga as estações Capão Redondo e Adolfo Pinheiro.

“Sem dinheiro para investir”, o governo começou a expandir a linha em 2009, e teoricamente deveria ganhar até 2018 mais 11,5km, com dez novas estações e terminando na estação Chácara Klabin, em interligação com a linha 2-Verde. O custo estimado para as obras é de R$9,1 bilhões, e a previsão de término já havia sido alterada por diversas vezes pelo governo do estado — inclusive antes da “crise”. Inicialmente, ela seria entregue em 2014, sendo posteriormente adiada para 2016 e 2017. Agora, com a iniciativa privada, deve ficar para o ano de 2018.

Na época, os metroviários protestaram contra o que chamaram de “desmonte do metrô público”.

Foto: Reinaldo Meneguim/Democratize

Já a Linha 15-Prata, feita pelo governo tucano sem o menor planejamento, começou recentemente a segunda fase de construção das obras. É previsto mais 10,1km de monotrilho até 2018 — também sob operação privada. O projeto original do governo estadual não contava com um córrego, embaixo do trecho em que as obras para três estações seriam feitas.

E a privatização massiva ainda deve afetar outras linhas, até mesmo da CPTM, em uma clara tentativa de agradar o setor privado nos próximos anos, antes de deixar o cargo de governador em 2018.

Segundo informações da Folha de S. Paulo, o governo estuda privatizar duas das seis linhas da CPTM, sendo elas a 8-Diamante (que liga Itapevi até a estação Julio Prestes) e a 9-Esmeralda (que liga a cidade de Osasco até a estação Grajaú).

Hoje, já existe uma linha totalmente operada pela iniciativa privada no metrô: a 4-Amarela, operada pela ViaQuatro. Além dela, a construção de outra linha já foi acertada foi a iniciativa privada — a 6-Laranja, contratada com a Move-SP.

Foto: Reinaldo Meneguim/Democratize

A privatização em massa do Metrô e CPTM em São Paulo ocorre no mesmo momento em que a classe metroviária e ferroviária se diz ameaçada por cortes de gastos.

Recentemente, ambas as categorias chegaram a cogitar a possibilidade de paralisação, mas em assembleias acabaram aceitando as propostas da CPTM e do Metrô.

A última greve dos metroviários ocorreu em 2014, semanas antes da realização da Copa do Mundo no Brasil. Com uma paralisação histórica, a categoria ameaçou parar os serviços durante o evento. Como resposta, o governo tucano realizou uma série de demissões, acusando os funcionários de “vandalismo”. O caso serviu para aumentar ainda mais as tensões entre Geraldo Alckmin e os metroviários, que enxerga a existência do sindicato como uma ameaça ao governo.

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