Mesmo com críticas ao governo Dilma, temor por golpe reúne milhares no Vale do Anhangabaú

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2 min readApr 17, 2016
Foto: Felipe Malavasi/Democratize

A expectativa para o resultado da votação do processo de impeachment no Congresso Nacional é grande entre os militantes e simpatizantes que apoiam a presidente Dilma Rousseff.

O medo por um golpe orquestrado pela fração mais conservadora do país, reuniu milhares de pessoas de movimentos sociais, sindicatos, artistas, incluindo alguns insatisfeitos com o governo estão reunidos no Vale do Anhangabaú, em São Paulo para acompanhar a decisão que pode mudar os rumos do país.

O cenário é parecido com o segundo turno da eleição em 2014, quando houve uma grande mobilização motivada pelo receio de ter Aécio Neves (PSDB) na presidência e colocar em prática um plano de governo, que não favorece a classe trabalhadora e movimentos sociais.

ceO que se via no Centro de São Paulo eram militantes fiéis ao Partido dos Trabalhadores, que mesmo tendo consciência da agenda conservadora seguida pela presidente Dilma, defendem sua permanência e acreditam na melhora do governo. “Eu tenho críticas, mas é melhor que fique. Todos os governos erram, mas a experiência vai mostrar que o povo e os movimentos sociais estão ao seu lado e que ela deve nos ouvir”, disse Euniciana Perloso.

O analista de sistemas Pedro Pires, quer a manutenção de Dilma e acredita na melhora do governo. “A presidente errou em manter o diálogo com os conservadores, mas ela precisa governar, manter os programas sociais e atender o Congresso. Eu quero que ela continue, porque foi eleita, porém a população está mais consciente, mobilizada pelos seus direitos e tem que pressionar”, destaca.

Já artista plástico Lucas Melo, acredita que dentro das opções existentes, não é possível assumir outra posição além de defender a democracia. “Melhor a Dilma governando para a direita, mas com preocupação social, do que a direita governando sem esse olhar social”, explicou.

Para Douglas Belchior, professor e militante do Movimento Negro a tarefa emergencial é construir uma massa de manutenção da legalidade democrática, contra o golpe, mas não em apoio ao governo, que recebe críticas dos movimentos sociais, sobretudo, em relação ao ajuste fiscal. Independente do resultado de hoje, é importante que as comunidades e coletivos periféricos continuem mobilizados. Se ela cair, as coisas tendem a piorar porque a propositura feita pelo Temer explicita posicionamentos ainda mais radicais. Teríamos um governo apoiado por grupos sociais que carregam a polícia no colo e exaltam o papel da violência do estado”, alerta.

Por Carol Nogueira, jornalista e colaboradora da Agência Democratize.

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