Vai melhorar ou piorar? Quem são os candidatos para ocupar a presidência da Câmara

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5 min readJul 12, 2016
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O deputado Eduardo Cunha (PMDB) renunciou ao seu cargo de presidente da Câmara dos Deputados, na semana passada. Mas quem são as pessoas que querem ocupar um dos cargos mais importantes do país? Saiba quais possuem investigações relacionadas com corrupção, suas alianças políticas e objetivos diante do impeachment de Dilma Rousseff.

Até o momento, foram 10 os deputados que formalizaram suas candidaturas para disputar o mandato de presidente da Câmara dos Deputados, deixado por Eduardo Cunha após sua renúncia na semana passada. O mais votado deverá ocupar o cargo até fevereiro de 2017.

Mas, até o momento, quem são essas pessoas que desejam ocupar o lugar deixado por Cunha, que ficou conhecido nacionalmente por seu envolvimento em diversos casos de corrupção, além de ser um dos protagonistas do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff?

A Agência Democratize fez uma selação de cada candidato já formalizado para o cargo, com seu histórico político incluindo: seu posicionamento em relação ao impeachment de Dilma e ao governo Temer; se o candidato foi ou está envolvido em alguma investigação de corrupção; e sua trajetória na carreira política.

Luiza Erundina (PSOL)

Deputada federal pelo PSOL, Erundina já foi prefeita de São Paulo, entre 1989 e 1993, ainda filiada ao PT. Em sua gestão, colocou em prática ideias inovadoras e progressistas, como mudanças nas áreas de educação, sendo que um dos responsáveis pela pasta era o educador Paulo Freire. Outras ações como a problemática habitacional foram aplicadas em seu mandato.

Erundina é a única candidata pela oposição ao governo de Michel Temer. A deputada, que saiu do PSB para fundar seu novo partido — o Raiz — se filiou ao PSOL neste ano para a candidatura para prefeita de São Paulo.

Apoiadores de sua campanha para a presidência da Câmara criticam a postura do Partido dos Trabalhadores, que devem apoiar outro candidato, deixando o PSOL isolado com uma candidatura de esquerda e de clara oposição ao governo interino. Erundina votou contra o impeachment de Dilma Rousseff durante votação na Câmara. Isolada, não deve ter chances para o cargo.

Foto: Alice V/Democratize

Rogério Rosso (PSD)

Rosso ficou conhecido nacionalmente por ter sido o presidente da comissão especial que analisou o impeachment de Dilma Rousseff.

Em 2010, foi eleito governador do Distrito Federal com cerca de 13 votos, em turno único na eleição indireta promovida pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, em uma ação inédita. Em 2006, Rosso virou notícia após ter doado cerca de R$398,8 mil a candidatos a deputado distrital. Entre os beneficiados, está a deputada Eurides Brito (PMDB), que foi flagrada escondendo dinheiro na bolsa, além de outros investigados pela Justiça.

Rosso votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, e integra a base aliada do governo de Michel Temer. É um dos favoritos para o cargo, sendo o indicado pelo ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha.

Giacobo (PR)

Quatro vezes eleito deputado federal, ele já foi réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em três ações. Ficou conhecido por ter ganhado pelo menos 12 vezes na loteria, em um período de apenas 14 dias.

Em 2014, um processo por falsidade ideológica contra o deputado acabou prescrevendo, sendo que a ação tramitava desde 2003. Segundo denúncias, o deputado estava envolvido em um esquema de sonegação de impostos, com base em empresas fantasmas, que beneficiaria sua concessionária. Além disso, em 2010, outra ação contra o deputado prescreveu, desta vez envolvendo uma de suas empresas, que foi acusada de favorecimento em licitação para exploração do terminal rodoviário da cidade de Pato Branco, no interior do Paraná.

Giacobo votou a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, fazendo hoje parte da base aliada do governo interino. Não deve ter chances.

Cristiane Brasil (PTB)

Filha do ex-deputado Roberto Jefferson, principal delator do Mensalão, a carreira de Cristiane Brasil cresceu dentro do PTB, partido de seu pai. Em 2014, foi acusada de fazer boca de urna em favor do candidato Aécio Neves, do PSDB. Ela chegou a ser presa no 15ª Distrito Policial, no Rio de Janeiro.

No mesmo ano de 2014, a Polícia Federal chegou a instaurar um inquérito contra a deputada, para apurar suposta ligação dela com a Associação de Moradores do Complexo de Oswaldo Cruz (Amococ), na criação de um curral eleitoral no conjunto habitacional do bairro.

Ela votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, e faz parte da base aliada do governo Temer na Câmara dos Deputados. Não deve ter chances.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Marcelo Castro (PMDB)

Ex-ministro da Saúde do governo Dilma, Castro deve ser o candidato do Partido dos Trabalhadores para a presidência da Câmara dos Deputados.

Eleito com 5 mandatos na Câmara dos Deputados consecutivos, Castro ficou conhecido por seu posicionamento contrário ao do deputado Eduardo Cunha. Antes de se tornar ministro de Dilma, o deputado afirmou que Cunha era “autoritário e violento”.

Castro votou contra o impeachment de Dilma Rousseff na votação da Câmara dos Deputados, e apesar de fazer parte do partido de Michel Temer, mantém neutralidade diante do governo interino. É um dos favoritos para o cargo.

Fábio Ramalho (PMDB)

Segundo candidato pelo PMDB, o deputado Fábio Ramalho é investigado pela Procuradoria Geral da República. Segundo informações, existem indícios de seu envolvimento junto ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), em recebimento de pagamentos para beneficiar uma indústria farmacêutica de Minas Gerais entre 2007 e 2010. Segundo com a PGR, Ramalho teria atuado em favor da empresa na Anvisa.

Ramalho, ao contrário de seu concorrente interno, votou a favor do processo de impeachment de Dilma Rousseff, e hoje faz parte da base aliada ao governo interino. Não deve ter chances.

Rodrigo Maia (DEM)

Inicialmente, muito se falou nos bastidores sobre a possibilidade do PT apoiar a candidatura do deputado Rodrigo Maia para a presidência da Câmara. Porpem, após uma reunião de quatro horas na sede do PT nesta segunda-feira (11), ficou decidido o veto para sua candidatura. No segundo turno, porém, segundo informações do jornal O Globo, os petistas não descartam apoiá-lo caso ele dispute contra Rogério Rosso (PSD), candidato do “centrão” ligado a Eduardo Cunha.

No mês passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de um inquérito para investigar o deputado do DEM, que surgiu em mensagens trocados por Marcelo Odebrecht e o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS.

Maia votou a favor do afastamento de Dilma Rousseff, e faz parte da base aliada do governo interino. Consta como um dos favoritos para o cargo.

Outros deputados que devem disputar o cargo, mas não possuem chances concretas de vitória são: Fausto Pinato (PP), Carlos Gaguim (PTN), Carlos Manato (SD) e Heráclito Fortes (PSB).

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