Movimentos anti-PT e políticos querem censurar a Procuradoria-Geral da República

eDemocratize
eDemocratize
Published in
3 min readJun 16, 2016
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Um pedido de impeachment contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi protocolado por duas advogadas ligadas à movimentos anti-PT. Agora, com as acusações da Lava Jato cada vez mais próximas do PMDB e do presidente interino Michel Temer, esses grupos contam com o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros, que deve dar prosseguimento ao pedido na próxima semana.

Começa o avanço para abafar a Operação Lava Jato no governo interino de Michel Temer.

E quem comanda o front desse ataque é seu próprio partido, o PMDB.

Após a delação do empresário Sérgio Machado vazar nesta quarta-feira (15), envolvendo nomes de importantes membros do PMDB — incluindo o presidente interino — , o senador Renan Calheiros criticou duramente o procurador-geral da República durante sessão no Senado.

Com isso, o presidente do Senado prometeu dar andamento ao pedido de impeachment contra Rodrigo Janot, do PGR, até a próxima semana.

O pedido foi feito por duas advogadas ligadas à movimentos anti-PT, que realizaram manifestações durante 2015 e 2016 pela saída da presidente afastada Dilma Rousseff. E não é a primeira vez que esses grupos tentam abafar os avanços da Lava Jato contra partidos que não são ligados ao PT.

Em abril, o Movimento Brasil Livre ingressou no Senado um pedido de afastamento do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello.

A vítima da vez é Rodrigo Janot. E existem claros motivos para isso acontecer com o apoio desses movimentos.

Os dois principais grupos anti-PT, Movimento Brasil Livre e Vem pra Rua, articularam a saída da presidente afastada e hoje fazem parte integralmente do novo governo em Brasília. Ambos atuam com lobby em favor de Michel Temer nas redes sociais, e realizam reuniões gradualmente com quadros do governo interino — além de possuir importantes aliados em ministérios, como é o caso da pasta da Educação, comandada por Mendonça Filho, do DEM.

Preocupados com o avanço da Lava Jato contra Michel Temer e seus aliados políticos, os grupos entenderam que calando a Procuradoria-Geral e retirando Rodrigo Janot de seu cargo, seria mais fácil articular uma espécie de “censura” na operação da Polícia Federal.

Sobre o pedido de prisão protocolado por Janot contra Renan, o senador afirma ser “esdrúxula” a decisão: “Que o Ministério Público cumpra o seu limite constitucional, porque o que pareceu, na esdrúxula decisão da semana passada, é que eles (PGR) já haviam perdido os limites constitucionais e, com aqueles pedidos, perderam o limite do bom senso e o limite do rídiculo”.

Posse de ministros do governo interino em Brasília, com Michel Temer | Foto: Alice V/Democratize

Na semana passada, Janot havia protocolado o pedido de prisão de Renan, José Sarney, Romero Jucá e Eduardo Cunha, quatro nomes importantes do partido, incluindo um ex-ministro do governo Temer (no caso, Jucá no Planejamento).

Segundo gravações do empresário Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, Renan, Sarney e Jucá planejavam utilizar o impeachment da presidente Dilma Rousseff como fator articulador para brecar os avanços da operação Lava Jato contra quadros políticos importantes de seu partido e de seus aliados, como é o caso do PSDB.

O senador Cristovam Buarque (PPS), criticou a fala de Renan Calheiros no plenário, e disse que tais ações podem sugerir para a população que o Congresso tem como objetivo parar a Lava Jato, e que isso poderia ser algo trágico para o Brasil.

Diversas associações de juristas e do Ministério Público declararam apoio ao procurador-geral da República.

--

--