Do lixo ao luxo

Samir Mello
HIGH FIVE
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2 min readMay 22, 2015

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Renegados em Nova York, J.R. Smith e Iman Shumpert triunfam em Cleveland

Como torcedor do New York Knicks, assistir J.R. Smith e Iman Shumpert disputar uma final de Conferência e contribuir positivamente para o sucesso do Cleveland Cavaliers é um pouco como terminar um namoro que não ia nada bem e, ainda assim, sentir uma pontada de inveja e tristeza ao ver a ex bem feliz.

Durante os três anos em que defendeu o azul e laranja, J.R. Smith protagonizou lances como esse e esse. Porém, ao mesmo tempo em que ele fazia o torcedor novaiorquino sentir que eram feitos um para o outro, J.R. pulava a cerca com Rihanna durante os playoffs.

Iman Shumpert foi outro breve caso de amor vivido com a cidade de Nova York. Recrutado pela equipe em 2011, ele demonstrou bastante potencial pelo seu atletismo e predisposição para jogar defesa — algo bastante raro nos últimos times do Knicks. Além disso, ele tinha o estilo e mandava suas rimas. Perfeito para Nova York!

No entanto, lesões e um time disfuncional impediram a relação de atingir todo o seu potencial. Em janeiro, a ruptura foi oficialmente anunciada. J.R. Smith e Iman Shumpert foram trocados para Cleveland e, junto com o pivô Timofey Mozgov, ajudaram a corrigir o curso de um time que, naquele momento, jogava abaixo das expectativas.

O jogo 1 contra o Atlanta Hawks foi simbólico para demonstrar por que um time que tinha pretensões de título trocaria por dois jogadores aparentemente desmotivados jogando no limbo que é o basquete atual em Nova York. J.R. Smith marcou 28 pontos, incluindo oito bolas de três (recorde dos Cavs nos playoffs), e pegou oito rebotes. Já Shumpert, em 34 minutos em quadra, demonstrou toda a tenacidade defensiva de seus melhores dias com o Knicks.

A diferença de situações é flagrante. Em um time bem ajustado, Shumpert e Smith têm papeis bem definidos, a cobrança não é injusta ou excessiva, e com o maestro LeBron James regendo a orquestra, os dois renegados de NY têm a hora certa para fazerem seus solos e brilharem, como J.R. fez em Atlanta. Foi bonito de ver. E quer saber? Eles merecem ser felizes.

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Samir Mello
HIGH FIVE

Jornalista do portal Metrópoles e Mestre em Tradução pela City, University of London; passagens pelas redações do Jornal de Brasília e Correio Braziliense