Mais de 10 mil pessoas marcham contra Temer em São Paulo

eDemocratize
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4 min readMay 16, 2016
Foto: Daniel Arroyo/Democratize

Ato marcado pelo Facebook, com o nome de “Fora Temer” reuniu pelo menos 10 mil pessoas (organizadores falam em 15 mil) na região da avenida Paulista, em São Paulo. Com presença majoritariamente feminina, movimentos organizados e militantes espontâneos caminharam da Paulista até a Praça Roosevelt. Em seguida subiram a rua Augusta e voltaram à Paulista.

Os manifestantes iniciaram sua marcha próximos à praça dos ciclistas, entre a avenida Paulista e a avenida Consolação, por conta da proibição feita pela prefeitura, que não permitiu a entrada do carro de som na Paulista Aberta, que ocorre aos domingos.

Marcado para as 14h, o ato começou, de fato, por volta das 15h30. A linha de frente era composta por mulheres da UBM (União Brasileira de Mulheres) e das mulheres da UJS (União da Juventude Socialista). No carro de som um rapaz e uma mulher negra davam as palavras de ordem, quase todas em repúdio ao Presidente interino, Michel Temer. Por várias vezes, no entanto, foi possível ouvir gritos de “fica querida”, em referência à Presidenta afastada, Dilma Rousseff.

“Esse ministério não nos representa”, “lugar de mulher é na revolução”, entre outras palavras de ordem foram chamadas pelas mulheres que tomaram a frente da marcha. Muitos gritos de “volta MinC” (em referência à extinção do Ministério da Cultura), além de gritos nada amistosos fazendo referência ao fim da Controladoria Geral da União — que não foi extinta, mas perdeu a independência, ficando atrelado ao novo Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle, perdendo sua independência — eram a tônica do ato que reuniu cerca de 10 mil pessoas.

O ato foi ganhando adeptos e chegou a ter o apoio da Ocupação Casa Amarela, abrindo espaço para fala de seus representantes inclusive no caminhão de som. A ocupação artística sobrevive já há algum tempo — pelo menos 2 anos — na avenida Consolação e convive em relação conflituosa com uma ocupação habitacional vizinha. Os organizadores também abriram espaço para que a ocupação habitacional falasse, mas nenhum representante se dispôs a falar.

Ao chegar na Praça Roosevelt os manifestantes fizeram uma rápida assembleia, já que a ideia dos organizadores era encerrar o ato ali mesmo. Na assembleia decidiu-se voltar à frente da FIESP, ponto onde estão acampados manifestantes contrários à presidenta Dilma. Com a decisão o carro de som foi deixado para trás, um cordão de isolamento foi feito pelas mulheres para evitar conflitos com a Polícia Militar, que seguiu com dois carros à frente da manifestação. Nenhum carro da polícia seguiu fechando a manifestação após a decisão de seguir pela rua Augusta. Também não houve apoio da CET para o fechamento das vias perpendiculares, onde carros eram orientados pelos próprios manifestantes a esperarem a passagem das pessoas.

Logo no começo da rua Augusta uma sacada fazia oposição, o que acabou elevando os gritos de “fascistas, golpistas não passarão”. Mais a frente apartamentos mostravam bandeiras vermelhas e bandeiras do movimento LGBTT, claramente em apoio ao ato.

Ao chegarem na frente da FIESP a maior parte dos manifestantes se posicionou frente às barracas e ao prédio da confederação das indústrias, gritando palavras de ordem contra Skaf e contra as pessoas acampadas, que devolviam as palavras de ordem com xingos e gestos. Nenhum confronto físico ocorreu no local, embora os ânimos tenham, de fato se acirrado.

Foto: Daniel Arroyo/Democratize

A maior confusão, no entanto, se deu justamente entre os próprios manifestantes contrários a Temer, já que a maior parte das pessoas desejava permanecer no local, enquanto uma minoria pedia que as pessoas voltassem ao MASP, para evitar confrontos físicos. A PM apenas assistiu a tudo.

Houve ainda uma bomba de gás lacrimogênio sendo lançada pela polícia na Paulista com a rua Augusta, mas a maior parte dos manifestantes já estava na frente da FIESP e as pistas da Paulista já haviam sido liberadas.

A confusão que parecia não ter fim acabou da maneira mais inesperada — e bela — possível. Com uma artista de rua — Bia Ferreira, de Aracajú — sentando na ciclovia e tocando uma música sobre o genocídio da juventude negra, em seu violão. A voz de Bia foi mais alta que as discussões e o grupo que ameaçava brigar parou para cantar.

Foto: Victor Amatucci/Democratize

Houve ainda atos em Brasília e Belo Horizonte, onde além de um ato contra Temer a FUNARTE foi ocupada, em protesto ao fim do MinC. O futuro político do país segue incerto, mas a seguir nessa toada, o PMDB não terá vida fácil.

Texto por Victor Amatucci, blogueiro pelo ImprenÇa e jornalista pela Agência Democratize

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