Paulinho da Força: o coadjuvante do impeachment com a ficha suja

eDemocratize
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3 min readApr 16, 2016
Foto: Gustavo Oliveira/Democratize

O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade) ficará marcado na história como o coadjuvante, quase figurante, do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Braço direito de Cunha no Congresso, o sindicalista consegue acumular mais processos do que a figura principal do enredo.

O Democratize flagrou ontem, sexta-feira (15), o deputado Paulinho da Força em uma mini-manifestação em Brasília, junto com militantes da Força Sindical.

Tratava-se de uma manifestação solitária: não havia mais ninguém da imprensa no local, apenas o nosso fotógrafo. Eram poucas pessoas, cerca de 50 manifestantes. E a impressão que ficou é que boa parte não fazia ideia do que estava fazendo ali.

É assim que o jogo político vê o deputado Paulinho: um coadjuvante.

Como todo sindicalista dos anos 80, sua carreira política começou no próprio Partido dos Trabalhadores. Entrou de cabeça no jogo político, se candidatando ao cargo de deputado federal em São Paulo no ano de 1989. Perdeu. Então foi candidato a vice-presidente em 2002, na chapa encabeçada pelo ex-ministro Ciro Gomes. Perdeu de novo. Em 2004 tentou a prefeitura da capital — adivinhem? Perdeu.

Mas em 2006 conseguiu o que queria. Se tornou deputado federal, sendo o 6º candidato mais votado do Estado, com cerca de 287.443 votos. O figurante conseguia chegar, enfim, na ala dos coadjuvantes: o Congresso Nacional, onde existe pouco espaço para protagonismo.

Foto: Gustavo Oliveira/Democratize

Não demorou muito para seguir o padrão do deputado federal comum: em 2011 foi acusado a pagar uma multa civil de cerca de um milhão de reais pro improbidade administrativa na aplicação de 3 milhões em recursos públicos. Esse valor seria usado para comprar uma fazenda no interior de São Paulo e assentar no local 72 famílias, e os proprietários das terras teriam se beneficiado com sobrepreço no imóvel, que, segundo avaliação de peritos do Ministério Público Federal, valia R$ 1,29 milhão. A compra foi realizada por R$ 2,3 milhões. Na época, a Força Sindical, presidida por Paulinho, participava do conselho do Banco da Terra, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que liberou os recursos. A ação pedia ainda a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos do deputado, o que foi negado pelo Juiz.

Dali pra frente, mais acusações.

Nada que pudesse impedir o sindicalista a conseguir se reeleger.

Até que veio 2014. E enfim, 2015. Ali, Paulinho encontrou um protagonista para seguir. Estamos falando dele, Eduardo Cunha, claro.

Paulinho faz parte do que chamam de “Tropa do Cunha”, grupo composto por 9 deputados federais que teve como objetivo obstar no Conselho de Ética todas as tentativas de investigação e punição do presidente da Câmara dos Deputados.

Ironicamente, o nosso coadjuvante faz parte também do grupo mais radical pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a qual ele acusa de ser “corrupta”. Estamos falando do mesmo deputado que fez o possível para impedir os avanços nas investigações contra Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados.

Foto: Gustavo Oliveira/Democratize

Para ter uma ideia do quanto Paulinho parece estar dedicado no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, organizou um ‘bolão’ entre os deputados sobre o processo contra a petista.

“ — Aí, quer assinar o meu bolão? É cem pau — dizia o parlamentar, abordando outros deputados”, informou o jornal Zero Hora, que continua: “Por volta das 16h desta quarta-feira, Paulinho já contava com 25 inscritos no bolão. No envelope, havia reunido R$ 2,5 mil. Uma roda se formou em torno do promotor do jogo, que passou a fazer sucesso”.

O coadjuvante do impeachment espera, mais uma vez, aparecer na foto dos vitoriosos — na parte de trás, onde quase ninguém vê, mas segurando a lista do bolão satisfeito, com dever cumprido.

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