Secundaristas prometem novas manifestações contra governo Alckmin

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3 min readMar 21, 2016
Foto: Gabriel Soares/Democratize

A Máfia das Merendas e o fechamento de salas de aula fazem parte da pauta da primeira manifestação dos secundaristas nas ruas neste ano. Mais de 900 classes foram fechadas em todo o estado, e as investigações da Máfia da Merenda — envolvendo nomes importantes do núcleo tucano — parece não ter um rumo certo.

Eles ocuparam mais de 200 escolas e fecharam grandes avenidas no final do ano passado, derrotando a reorganização escolar defendida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Agora, denunciam a Máfia da Merenda e o fechamento de salas de aula em todo o estado, prometendo novas manifestações e uma mobilização para derrubar o que eles chamam de ‘reorganização silenciosa’ do governo tucano.

Nesta terça-feira (22), secundaristas da Escola Fernão Dias Paes — uma das primeiras a ser ocupada no ano passado — prometem manifestação com ‘trancaços’ logo cedo, às 7 da manhã nas proximidades do metrô Butantã.

Salas de Aula estão sendo fechadas

Cerca de 913 classes haviam sido fechadas até fevereiro deste ano em São Paulo, segundo levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, a Apeoesp.

De acordo com o sindicato, o número pode ser ainda maior, já que o levantamento foi feito levando-se em consideração dados coletados por 39 regiões ou subsedes do sindicato, faltando ainda apurar os dados de outras 54 regiões.

Já o governo estadual, afirma que o “remanejamento de salas se trata de uma ação administrativa que sempre aconteceu”, utilizando dados como o número de matrículas que a rede deixou de receber, que seria de 143.610 só neste ano.

A Máfia da Merenda

O Ministério Público e a Polícia Civil deflagraram neste ano a Operação Alba Branca. Tal operação suspeita de pagamento de propina a deputados e agentes públicos no governo tucano em São Paulo, em troca de contratos de fornecimento de suco de laranja para a merenda escolar da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf).

O personagem central desse caso é o deputado estadual e então presidente da Assembleia Legislativa do estado, Fernando Capez (PSDB). O desembargador Sérgio Rui da Fonseca, do TJ de São Paulo, chegou a decretar a quebra do sigilo bancário do deputado, e de dois ex-assessores do governador Alckmin. Foi aberto, em fevereiro, um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) contra Capez e demais integrantes do esquema, por corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e organização criminosa.

A Máfia da Merenda já rendeu duas manifestações de secundaristas dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Em ambas, houve truculência da Polícia Militar, sendo que uma delas ocorreu por “ordens” do deputado estadual tucano, Major Olímpio. Dois estudantes haviam sido detidos.

A organizada do Corinthians, Gaviões da Fiel, também tem se posicionado contra a Máfia da Merenda em seus protestos. Conhecido antigo da torcida, o deputado Capez atuou como promotor público na “perseguição política” contra as torcidas uniformizadas do estado de São Paulo nos anos 90.

Muitos reclamam de que as investigações não conseguem caminhar de forma adequada, ou também por conta do baixo interesse dos meios de comunicação em apurar possíveis vazamentos e denúncias envolvendo quadros tucanos.

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