Merrill Lynch e você… daqui 50 anos
Bancos e Fintechs vem usando cada vez mais no seu dia a dia os ensinamentos da economia comportamental¹.
Muito porque você — cliente de uma plataforma de investimentos, correntista com poupança em busca de melhor diversificação de riscos, ou pensando em como formar uma previdência privada, comprar um carro ou casa no futuro — se depara frequentemente com muitas questões ligadas ao confronto do pensar entre “você hoje e você amanh㔲.
Esse confronto, quando toca na questão dos investimentos, faz com que nós, seres humanos, encaremos situações como as abaixo:
- aversão à perda: dor da perda é muito maior do que a felicidade do ganho de igual proporção.³
- contabilidade mental: frequentemente pensamos no dinheiro que gastamos com aluguel, comida ou contas em categorias separadas. Em muitos sentidos, isso pode ajudar (controle do orçamento é importante) mas também pode ser irracional em certos casos pois todo o nosso dinheiro é o mesmo (tudo parte de uma conta), não importa se gastamos com comida, lazer ou outra coisa.
- viés da retrospectiva: eventos passados parecem ser mais proeminentes do que apareciam enquanto estavam ocorrendo⁴.
- “viés da casa”: tendência para focar no que é familiar (ex: investidores qualificados investirem em um grande número de ações domésticas, apesar dos benefícios da diversificação em ações estrangeiras⁵).
Pra exemplificar, um caso interessante foi aplicado pelo banco Merril Lynch. A fim de incentivar seus clientes a tomares decisões de investimento mais racionais, a equipe interna descobriu que a chave seriafazer com que as pessoas imaginassem os seus “eu’s presentes”… no futuro.
Basicamente, o que fizeram foi permitir que as pessoas enviassem uma foto de si mesmas na plataforma de investimento e rodassem um algoritmo de progressão de idade para que você pudesse ver como você estaria fisicamente 20, 30, 40, 50 anos depois.
Com este experimento foi visto que⁶, uma vez que você se vê no futuro, as chances de você começar a poupar mais agora aumentam drasticamente. Ou seja, efetivamente fizeram com que a decisão de investimento se tornasse muito mais real, palpável e tangível.
De onde vieram as ideias:
¹How Top Financial Advisors Are Using Behavioral Science To Rethink Your Investments
²Daniel Kahneman: O enigma da experiência x memória
³Behavioral Economics is the Key to User Engagement in Banking: An Interview With Jeff Kreisler
⁴Hindsight Bias in Beliefs and Behaviors
⁶Behavioral Economics Is the Key to User Engagement: An Interview With Nancy Harhut
