O mal estar do brasileiro
Como os populistas subvertem a realidade, perpetuam a pobreza e condenam uma sociedade ao colapso.
Enquanto as “brigas de torcidas” de “esquerdas” e “direitas” — que eu prefiro chamar de cabo-de-guerra ideológico entre estatistas e libertários — acontecem e tomam os noticiários e as timelines do dia-a-dia, o mais grave e talvez o mais cruel (quase) passa batido: o populismo.
Mas antes de entrar neste tema, quero começar este texto trazendo alguns fatos que são incessantemente negados pelos populistas. O primeiro é o caso absurdo do recente balanço da Petrobras.
Em 28 de janeiro de 2015, a então presidente da estatal, Graça Foster, disse que as perdas com corrupção na empresa poderiam chegar a R$ 88 bilhões, segundo o balanço divulgado no dia 28 de janeiro. Após esta afirmação, Graça foi demitida pela presidente Dilma Roussef.
Em 22 de abril de 2015, em balanço que mostra o primeiro prejuízo anual da petroleira desde 91, a Petrobras debitou “apenas” R$6,2 bilhões por corrupção, maquiou R$44 bilhões como ‘reavaliação de ativos’ e mais R$22 bilhões como prejuízo. Como a ‘reavaliação de ativos’ é um ajuste somente feito em obras superfaturadas, podemos assumir que Graça estava mais próxima do total admitidamente desviado da estatal.
Qual versão representa a verdade?
O segundo fato é o vídeo abaixo. Não preciso comentar o que se sucedeu à ele:
Não é um raciocínio fácil para aqueles que não estão acostumados, não gostam ou têm preguiça de pensar; ou para aqueles que simplesmente não estão nem aí pra tudo isso ou insistem em negar a razão. Só é possível haver divergência de opiniões e, com isso, troca de ideias que levam à evolução, entre pessoas com nível similar de conhecimento e com boa vontade em ouvir e ponderar sobre o contraditório. Senão, só o que existe é uma dificuldade de comunicação intransponível.
E antes que me acusem aqui de chato, lembro que o maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão, a distorção da verdade. É nisso que, com toda certeza, os populistas também se apóiam.
Populismo
Governos populistas podem ser de esquerda, de centro, de direita, de perpendicular. O populismo não tem bandeira, não tem lado, não tem ideologia, não tem nenhum compromisso a não ser com a perpetuação do poder entre os seus.
O manual do populismo (e alguns exemplos do que acontece no Brasil)
- Dividir a sociedade com o ódio (“nós e eles”, pobres contra ricos, brancos contra negros etc);
- Perpetuar a pobreza, fazendo com que a população mais necessitada fique refém do governo (bolsas);
- Eliminar do legislativo qualquer oposição (mensalão);
- Aliciar juízes para evitar condenações (aparelhamento do STF);
- Propor reformas da Constituição (proposta de reforma política, criação dos conselhos populares);
- Limitar a Propriedade Privada (MST);
- Eliminar a liberdade de expressão e de imprensa (luta histórica do PT).
O populismo usa as paixões e a insegurança das pessoas para se perpetuar no poder. "A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo da responsabilidade." Talvez neste raciocínio de Freud resida a mais profunda explicação para tantos defenderem o Estado Provedor-Paternalista, que é embrião de um governo populista.
Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser. — Johann Wolfgang von Goethe
O estatismo promove a desigualdade, desmotiva a produtividade e desmantela a prosperidade
Veja se você identifica o Brasil atual nesta frase da Ayn Rand:
“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protege deles, mas pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em sacrifício — então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
Algumas coisas são óbvias, se observadas pelo prisma da razão:
1. Você não pode levar o mais pobre à prosperidade apenas tirando a prosperidade do mais rico;
2. Para cada um recebendo sem ter de trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;
3. O governo não consegue dar nada a ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;
4. Ao contrário do conhecimento, é impossível multiplicar a riqueza tentando dividí-la;
5. Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É claro que os pagadores de impostos estão cada vez mais indignados. Em uma conta grosseira — para melhor entendimento — , o sujeito que ganha ou fatura R$10.000,00 fica com, efetivamente, cerca de R$3.000,00. Como?! Eu explico: quase 30% vão para Imposto de Renda, outros 40% vão para tributos embutidos (escondidos) em tudo o que se compra, de carros à refrigerante e 10% vão para outros tributos como IPVA, IPTU etc. E o que sobra ainda tem que dar para pagar plano de saúde, escola particular e tudo o que o Estado prometeu que daria em troca dos seus impostos.
Uma multa é uma taxa imposta por fazer algo errado. O paradoxo causado por pela má aplicação do dinheiro público, ou seja, o dinheiro de os impostos pagos pelas pessoas que produzem, é que o imposto é percebido como uma multa por fazer algo certo. Daí a revolta de tantos e tantos brasileiros em pagar impostos, principalmente daqueles que tem que pagar ativamente seus tributos. Os que pagam impostos retidos na fonte se acostumam a não perceber o quanto estão pagando e os impostos embutidos nos bens de consumo não são claramente divulgados. Não é à toa que cada vez mais cidadãos deixam ou planejam deixar o Brasil.
Esta combinação cruel de populismo e estatismo é a fórmula para o colapso de uma sociedade. Exemplos não faltam na história antiga e recente. Só não vê quem realmente não quer — ou não pode. Fazendo coro à minha querida Gloria Alvarez, cada vez mais precisamos reconstruir os valores e características que compõe a República e cada vez mais precisamos lutar contra o populismo autoritário.
Sou libertário. Segundo o dicionário — e a realidade — seus antônimos são ditadura, conservadorismo, radicalismo, estatismo, socialismo. Mas independente do que você acredita, tenho certeza de que temos os mesmos sonhos.
“Ideologias nos separam. Sonhos e angústias nos unem.” Eugene Ionesco
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