No coração do Rio de Janeiro, indígenas ocupam o Museu do Índio

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2 min readJul 19, 2016
Foto: Kaue Pallone/Democratize

No bairro do Botafogo, o Museu do Índio — que também é sede da FUNAI no Rio — foi ocupado por indígenas de etnias como Guajajara, Ashaninka e Tembé, no dia 13 de julho. No coração da cidade, eles pedem a devolução imediata da Aldeia Maracanã e o fim do extermínio dos povos originários.

Com informações de Kaue Pallone

Etnias como Guajajara, Ashaninka, Tembé, Maxakali e diversos outros apoiadores da luta indígena ocuparam no dia 13 de julho o Museu do Índio, onde também funciona a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Rio de Janeiro.

Localizado no coração da cidade, no bairro do Botafogo, a causa é diversa, mas tem como demanda principal a devolução imediata da Aldeia Maracanã.

Para quem não se lembra, a Aldeia Maracanã era localizada no prédio do antigo Museu do Índio, ainda localizado no bairro do Maracanã, ao lado do estádio e palco principal da Olimpíada e da Copa do Mundo em 2014. Em 2006, após uma série de abandonos, o prédio foi ocupado por um grupo de vinte indígenas de diversas etnias, chamando o local de Aldeia Maracanã. Seis anos depois, o local foi comprado do governo federal pelo governo do Rio de Janeiro, que anunciou que devido às obras da Copa, o antigo museu teria de ser demolido para “facilitar a saída de torcedores do estádio”.

Houve resistência, mas em 22 de março de 2013, antes mesmo dos protestos de junho, a Aldeia Maracanã foi ocupada pelos policiais, que retiraram os indígenas com força desproporcional. A ONG Justiça Global chegou a denunciar às Nações Unidas o abuso de poder praticado pelo estado na ocasião.

O prédio acabou não sendo demolido. Pelo contrário: o governo prometeu uma série de reformas. Porém, faltando poucas semanas para os Jogos Olímpicos, o local continua abandonado. O objetivo do governo era transformá-lo no Centro de Referência da Cultura Indígena a tempo de começar os jogos, porém o projeto ficou apenas no papel.

Segundo informações do fotógrafo Kaue Pallone, da Agência Democratize que esteve na nova ocupação, o clima é de tensão. No sábado (16), denúncias envolvendo corte de luz e água, além do impedimento da entrada e saída dos ocupantes e apoiadores haviam ocorrido.

Em uma postagem na página da ocupação, os indígenas afirmaram que estavam “feridos e emocionalmente exaustos”.

Nesta segunda-feira (18), a Justiça Federal concedeu à Fundação Nacional do Índio mandado de reintegração de posse do prédio.

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