Eu Deixei de Curtir Coisas no Facebook por Duas Semanas. Veja como Isso Mudou Minha Percepção da Humanidade.

Fer Feres
7 min readSep 12, 2014

um olhar esperançoso para o que acontece quando você deixa de Curtir

Em 1° de agosto, eu anunciei que ia deixar de curtir coisas no Facebook. Na época, eu simplesmente determinei que eu não ia ser uma participante tão ativa ao ensinar ao Facebook como mostrar anúncios para mim como eu tinha sido no passado, mas um outro problema, e muito maior, era a minha verdadeira curiosidade: como a minha experiência no Facebook mudaria uma vez que eu deixasse de alimentar seu sistema com curtidas?

Eu deixei de Curtir e foi difícil.

A primeira coisa que eu percebi foi como era difícil não curtir coisas no Facebook. Enquanto eu via as atualizações, meu dedo instintivamente gravitava em direção ao botão Curtir em centenas de posts e comentários. Isso se tornou visceral, uma resposta Pavloviana. Eu via atualizações que eu gostava ou queria que os outros soubessem que eu tinha gostado e eu me vi quase que inconscientemente clicando a minha aprovação.

O Curtir é o aceno sem palavras de apoio em uma sala barulhenta. É o mais fácil dos “sins”, “eu concordo” e “eu também”. Eu realmente senti dores de culpa por não curtir algumas atualizações, como se a ausência do meu curtir particular pudesse ser encarado como uma desaprovação ou rejeição. Eu senti como se a minha capacidade de me comunicar tivesse sido prejudicada de alguma forma. A função do Curtir me salvou de digitar tantos comentários ao longo dos anos que eu provavelmente poderia ter escrito um romance bem sarcástico do tamanho de Guerra e Paz.

Porém, à medida que os dias passavam, evitar clicar no Curtir se tornou mais fácil de exercer e parecia que eu estava colhendo frutos quando eu notei uma diferença significativa no meu feed de notícias do Facebook. Eu não tinha certeza se valia a pena escrever sobre a minha experiência, até que li um artigo de Mat Honan chamado Eu Curti Tudo que vi no Facebook por dois dias. Eis o que Aconteceu. Honan escolheu o contrário: curtir tudo no Facebook e ele experimentou o total oposto do que eu fiz quando deixei de Curtir. Nossos resultados, quando colocados lado a lado, ressaltaram o que eu tinha acreditado que a minha experiência em evitar o Curtir tinha revelado.

1° Benefício em Deixar de Curtir no Facebook: Um Feed de Notícias Melhor

É impossível afirmar com qualquer certeza científica que o meu feed de notícias do Facebook estava evidentemente diferente do que costumava ser, mas com certeza é isso que parece.

Você pensaria que curtindo determinadas atualizações no Facebook ensinaria ao algoritmo a lhe dar mais do que você quer ver, mas o algoritmo do Facebook não é humano. O algoritmo não entende as nuances psicológicas do porquê você curte uma coisa e não curte outra, mesmo que tenham palavras relativamente semelhantes e atinja públicos semelhantes, então quando eu curtia vários vídeos e imagens fofas de animais, o algoritmo do Facebook me mostrava mais histórias de animais, mas muitos deles não eram fofos. Eles retratavam o tratamento desumano. Aparentemente, o algoritmo do Facebook confundiu o meu amor por animais com o desejo de ver imagens de elefantes sendo brutalizados.

O algoritmo cometeu o mesmo erro com política, moda e posts de estilo de vida. Ao me mostrar mais daquilo que ele deduzia que eu queria ver a partir das minhas Curtidas, a minha experiência Facebook incluiu um monte de coisas que eu realmente não curti, porque seu algoritmo não entende os muitos tons políticos, filosóficos e emocionais de um determinado tema. Gostar de um hospital local de animais não é a mesma coisa que querer ver cães sendo maltratados e gostar de um post sobre um lindo casamento não se iguala a minha vontade de ver todos os seres humanos inspiradores que já existiu em Nova York. O algoritmo não pode saber disso, no entanto, porque ele não pode conhecer indivíduos.

Parece que a função Curtir tinha me prendido em um universo onde o ambiente tinha sido ditado por um spybot previsível. Você curte iogurte? Então você vai curtir Iogurte ainda mais! Você curtiu oito vídeos fofinhos de gatinhos? Então você realmente vai querer ver esta imagem gráfica de oito filhotes sendo torturado por cientistas!

Agora que eu estou comentando mais no Facebook e não clicando em Curtir em nada de forma alguma, meu feed relaxou e se tornou mais informal. É como se todas as pessoas carentes de atenção tivessem sido retiradas da sala assim que eu parei propositadamente de pedir esses tipos de atualizações usando a função Curtir. Eu não tenho visto uma única imagem repugnante de tortura animal, nem fui exposta à insanidade política ou submergida à enchente que curtir gatinhos fofos pode trazer. (Eu não posso abandonar os gatinhos).

Eu sinto como se a razão tivesse sido restaurada. Eu posso comentar sobre uma foto de um gatinho fofo, sem ser inundada com todos os vídeos de animais que 800 pessoas compartilharam esta semana e eu posso comentar sobre um post sobre as relações raciais, sem depois ter o Facebook me enchendo com um show vitríolo sem fim.

Facebook sem o Curtir quase parece ser são.

2° Benefício em Deixar de Curtir no Facebook: Mais Humanidade e Amor

Quando eu me proibi de clicar no botão Curtir do Facebook como um meio de comunicação, eu me vi com um desejo não atendido de que as pessoas soubessem que eu as ouvi e gostei do que escreveram e, de repente, me senti invisível. Eu estava lendo, mas ninguém sabia que eu estava lá, o que me fez perceber que meu estilo habitual de interação no Facebook tinha que mudar. Sem poder me apoiar na função Curtir, eu tive que comentar ou arriscaria parecer ser anti-social e vivenciaria ainda mais desconexão, então eu comecei a comentar mais do eu jamais tinha feito antes na plataforma.

Quando antes eu teria simplesmente curtido a foto do bebê recém-nascido de alguém agora eu comento com um "que cabeleira linda". Quando antes eu curtia a sobre a atualização do aniversário de casamento de alguém, agora eu escrevo "lembra quando a gente se escondeu da sua avó e fumamos cigarros no terraço?". Eu usei frases para apoiar vitórias parentais, compartilhar o meu segredo para desfrutar smoothies de couve (misture a couve primeiro) e fazer piadas sobre a sociopatia de gatos domésticos.

Eu vinha sofrendo uma sensação de desconexão dentro das minhas comunidades online antes de evitar as curtidas do Facebook. Parecia que tinha menos conversas, chavões e louvores mais vazios e uma enorme quantidade de pompa religiosa e política. Foi cansativo e deprimente. No entanto, depois de evitar o Curtir do Facebook tudo isso mudou. Eu me tornei mais presente e mais comprometida porque eu tinha que usar as minhas palavras ao invés da função silenciosa do Curtir. Aproveitei o tempo para dizer às pessoas o que eu pensava e sentia, testemunhava a vida dos meus amigos, para compartilhar tanto as alegrias quanto as dores com outros seres humanos.

No final das contas, há mais humanidade e amor nas palavras do que no uso do Curtir.

Resumindo, o fim do Curtir do Facebook o fez melhor e trouxe de volta o amor.

Mais uma vez, a minha experiência em evitar o Curtir do Facebook não foi científica. Eu não mantive nenhuma estatística, não segui nenhum usuário específico e não criei nenhum gráfico de pizza extravagante. Meu resultado experimental, porém, tem sido evidente e tem sido claramente o oposto do que Mat Honan encontrou quando ele curtiu tudo. O Facebook é apenas melhor sem o Curtir.

Quando eu costumava curtir tudo o que não necessariamente me aborrecia nem me deixava com ódio, o meu feed de atualizações do Facebook se tornou mais como sermões jorrando indignações a casamentos, filhotinhos fofos e só de vez em quando conteúdo real que valesse a pena seguir. Desde que eu parei de curtir completamente, o meu feed do Facebook está mais parecido com um jantar eclético. Há conversa, há discordância (principalmente) sem hostilidade e há conexão. Parece que eu estou recebendo mais coisas do que eu realmente quero ao invés de ver mais do extremo das coisas que eu Curto.

Eu tenho sérios problemas de longa data — algoritmo social terrível de lado — com os Termos de Serviço do Facebook, seus problemas de privacidade e suas micro-cutucadas de uma grande parcela da população do planeta em comportamentos cada vez menos desejáveis​​, mas uma vez que eu removi a função do Curtir do meu próprio comportamento, eu quase comecei a curtir usar o Facebook. Acontece que pode ser mais fácil de curtir os seus amigos, de fato, do que o falho Curtir do Facebook faz parecer e a crescente sensação de desconexão que muitos de nós vivencia pode ser apenas devido a um algoritmo surdo.

Quando a gente deixa de Curtir a gente pode, inclusive, gostar uns dos outros. A gente pode até mesmo se conectar.

Deixe de Curtir. Veja se isso Aumenta a Humanidade em seu Facebook.

Dê um descanso ao Curtir e veja o que acontece. Escolha comentar com palavras. Veja como seu feed muda. Eu não tenho usado o Curtir do Facebook desde o dia 1° de agosto e as mudanças no meu feed têm sido notavelmente tão positivas que eu não vou Curtir nada no futuro próximo.

Não tão secretamente, eu acho que a humanidade e o amor, o meio termo mais sutil que não implora por exageros que muitos de nós passamos a acreditar está diminuindo no mundo em geral e está simplesmente sendo abafado por um algoritmo desumano e eu acho que nós podemos trazer essas experiências sociais vitais de volta à luz.

Deixe de Curtir e experimente a amplificação de um sinal melhor. O que vai acontecer com o seu Facebook sem as suas curtidas? O que vai acontecer com a sua percepção, não apenas de seus amigos do Facebook, mas do mundo em geral? O que vai acontecer com a gente?

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