Centro Paula Souza oferece suco e bolacha; alunos exigem comida

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3 min readMay 3, 2016
Foto: Gustavo Oliveira/Democratize

O Centro Paula Souza afirma em nota que “a partir desta semana todas as ETECs terão alimentação sem necessidade de manipulação”. Mas trata-se de merenda seca: achocolatados, suco, barra de cereal e bolacha — isso não é alimentação adequada para alguém que fica mais de 5 horas na escola.

A onda de luta secundarista está crescendo e hoje estão ocupados Centro Paula Souza, Etesp, Etecs Paulistano, Professor Basilides de Godoy, Professora Dra. Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara (Pirituba), Jaraguá, Embu das Artes e escola estadual Professor Emygdio de Barros. As ocupações ocorrem em protesto a falta de merenda e infra-estrutura nas Escolas Técnicas Estaduais e demais unidades da rede estadual.

A nota divulgada no site do Centro Paula Souza, informa que a partir desta semana todas as Etecs terão alimentação sem necessidade de manipulação. Sobre a construção de restaurantes estudantis, o texto afirma que existe um estudo para criação dos espaços adequados para as refeições.

Entretanto, os secundaristas destacam que a merenda seca, composta por achocolatado, suco, barra de cereal ou bolacha não é alimentação adequada para alguém que fica mais de cinco horas na escola, durante o ensino médio e técnico. Os alunos também afirmam que a pauta dos refeitórios é antiga e vem acompanhada da mesma resposta “estamos analisando a construção de espaços apropriados”.

Foto da “merenda” enviada para as ETECs | Foto: Democratize

Os estudantes da Etesp, que ocuparam o prédio na segunda (2) reclamam que existe uma pequena copa com um único microondas para quem quiser esquentar marmita, mas é inviável para a quantidade de alunos dos cursos integrados (médio e técnico). Outras reivindicações dos secundaristas, é a iluminação externa, que é precária e o fechamento da creche das funcionárias terceirizadas.

A ocupação recebe apoio dos pais do Comitê de Mães e Pais em Luta, que tem filhos no 1 e 3 ano do ensino médio na Etesp. “Tem um grupo de pais que apoiam a luta, porque entendem que são reivindicações legítimas e eles estão fazendo de forma democrática. Eles estão sem bandejão e vão de um curso para outro, sem alimentação”, disse Ana, mãe de aluno da Etesp.

Embora haja apoio dos pais, houve um mal entendido com os alunos do ensino técnico do noturno, que por falha na comunicação não foram avisados sobre a ocupação. “Eu sou a favor da ocupação, mas na Etesp não tem só os alunos da manhã e tarde. Não discordo da luta, mas eles não consultaram o pessoal do noturno”, reclamou Simone Carvalho, aluno do curso técnico em meio ambiente. Para reparar o erro, os secundaristas fizeram uma assembleia com os estudantes do noturno e após diálogo, ficou definido que a ocupação permanece.

Em nota oficial, a Assessoria de Imprensa do CPS afirma que “aguarda posicionamento da Justiça quanto à audiência de conciliação com os estudantes”. Afirma ainda que “graças ao expediente parcial na sede da instituição, foi possível concluir a folha de pagamento de abril”.

Sobre a merenda seca, o Centro Paula Souza diz “atender ao pleito dos alunos por merenda”, sendo que desde ontem “100% das ETECs oferecem alimentação escolar” — porém não trata sobre o fato da merenda não ser completa, ou seja, uma alimentação adequada.

A nota ainda afirma que o “fornecimento de tiquetes ou vales-alimentação reivindicado pelos alunos é inviável”.

Texto e Reportagem por Carol Nogueira, jornalista pela Agência Democratize

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