Pachecando na NBA :: Leandrinho

Ao som do cavaquinho, o High Five começa hoje a analisar como vai ser a vida dos brasileiros na temporada 2015–2016 da liga norte-americana

Vagner Vargas
HIGH FIVE

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por Vagner Vargas

Tenho um amigo — poderia ser o Fábio Balassiano, do Bala na Cesta, mas não vou dizer se é ou não — que está sempre brincando e provocando ao me chamar de Pacheco. Eu não sabia, mas o termo Pacheco surgiu graças a um personagem de uma campanha publicitária da Gilette na Copa do Mundo de 1982.

O Pacheco era o torcedor-modelo da seleção brasileira de futebol. Pra ele, tudo do Brasil era melhor. Do técnico ao centro-avante, passando por massagista, gandula e o que quer que fosse relacionado ao time. Além disso, ele contrabandeava cigarro para os jogadores durante a Copa. A “chatice” do Pacheco acabou transformando o personagem em adjetivo e até verbo. Se você torce cegamente para o Brasil, você é um Pacheco ou está pachecando.

O Pacheco é esse boneco bizarro aí de boca aberta, do lado do Falcão

O Fáb… digo, o meu amigo vive me chamando de Pacheco por que eu estou sempre esbanjando otimismo, principalmente em relação aos brasileiros na NBA. Com a seleção brasileira de basquete nem tanto. Aí seria pachequismo demais, né?

Bom, toda essa historinha foi para dizer que a minha (não merecida) alcunha de Pacheco no grupo de WhatsApp da galera do basquete serviu para dar vida a uma série de posts. Já que o tema é o pachequismo, que tal analisar o que esperar dos brasileiros da NBA na temporada 2015–2016 que se aproxima?

E quem melhor para começar do que…

Leandrinho Barbosa

Leandrinho faz aniversário em novembro: chegará aos 33 anos

Ah, como deve ser boa a vida de campeão da NBA. Prestes a fazer 33 anos, o ala-armador brasileiro poderá se dar ao luxo de entrar em quadra na estreia da temporada com um novo e valioso anel para adornar os dedos. Leandrinho teve seus altos e baixos na liga norte-americana.

Foi eleito sexto homem na época de Phoenix Suns, onde chegou a ter médias de 18 pontos e 4 assistências, depois viveu momentos de indefinição, com trocas para times onde não se encaixou (Raptors, Pacers e Celtics). Houve até uma tentativa de voltar a Phoenix, mas também não deu muito certo.

Leandrinho chegou a voltar ao Brasil, entrando em quadra pelo NBB por Flamengo e Pinheiros. Parecia que sua carreira estava acabada na NBA, mas certamente com uma mãozinha de Steve Kerr, ex-GM e agora técnico do Golden State Warriors, ganhou mais uma oportunidade.

Leandrinho em tempos de “Blurbosa”: brasileiro impressionou pela velocidade nas infiltrações e contra-ataques nos Suns

Os minutos caíram, é verdade, mas Leandrinho se encontrou nos Warriors. Tornou-se uma presença veterana, cresceu defensivamente em uma idade em que é difícil ver evolução em qualquer jogador e ganhou seu espaço em uma equipe muito talentosa. Teve atuações sólidas nos playoffs e ajudou os Warriors a conquistar o título da NBA.

Para 2015–2016, o desafio de Leandrinho é um só: manutenção. Um ano mais velho, mas com um respaldo muito sólido pela temporada anterior, o brasileiro precisa mostrar em quadra que ainda pode ser o mesmo cara que foi em 2014–2015. Um papel que o ala-armador tem tudo para desempenhar novamente.

Leandrinho e o troféu de campeão da NBA

Na campanha do título, ele registrou médias de 7,1 pontos, 1,4 rebotes, 1,5 assistências, 0,6 roubadas de bola e 0,7 desperdícios em 14,9 minutos na temporada regular. Nos playoffs, os minutos caíram para 10,9 por jogo, os pontos para 5, os rebotes para 1,3, as assistências para 0,9. as roubadas para 0,3 e os erros para 0,6.

Mas o brasileiro teve seus momentos importantes nos playoffs. Os 13 pontos em 17 minutos no Jogo 5 da final contra os Cavaliers, por exemplo. Ou os 14 pontos contra o Memphis Grizzlies na segunda rodada, ou os 12 pontos contra o New Orleans Pelicans no primeiro round.

O elenco dos Warriors para a temporada vindoura não está fechado ainda, mas dificilmente Leandrinho terá competição muito severa para manter seu status e seus minutos em quadra. Outro veterano, Ben Gordon, assinou contrato para o training camp, mas mesmo que siga no time, não deve ameaçar o brasileiro.

A principal preocupação de Leandrinho, ao meu ver, deve ser a forma física. É fundamental que o brasileiro faça o máximo possível para evitar lesões. Ficar afastado por muito tempo de um time tão azeitado quando o GSW não faria nada bem aos minutos dele. Fora isso, acredito que ele vá se manter como uma peça regularmente utilizada por Kerr.

Quem sabe ele não se torne o primeiro brasileiro bicampeão da NBA ao fim da temporada e possa criar mais um meme a la “We gonna be championship again”?

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