O futuro ministro de Temer passa por cima da lei e aterroriza estudantes em São Paulo

eDemocratize
eDemocratize
Published in
3 min readMay 3, 2016
O secretário Alexandre de Moraes na operação da PM no Centro Paula Souza | Foto: Reinaldo Meneguim/Democratize

Sem mandado e criticado pela Defensoria Pública, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, passou por cima da lei nesta segunda-feira (02) ao enviar homens armados para intimidar estudantes no Centro Paula Souza. Moraes é cotado para ser ministro de Michel Temer.

Policiais armados invadiram hoje o Centro Paula Souza, ocupado por estudantes secundaristas desde a última quinta-feira (28). Os alunos exigem que o Estado cumpra o seu dever de fornecer alimentação adequada para as ETECs e escolas públicas de São Paulo.

O problema é que essa invasão foi ilegal.

Isso segundo a própria justiça. O juiz da Central de Mandados do Tribunal de Justiça deu 72 horas para a Secretaria de Segurança Pública do governador Geraldo Alckmin (PSDB) explicar de quem saiu a ordem para a ação. Ao mesmo tempo, a Defensoria Pública suspendeu qualquer liminar de reintegração de posse no CPS.

A operação desta segunda-feira foi comandada pelo próprio secretário de Segurança, Alexandre de Moraes, que foi pessoalmente supervisionar os policias. Teoricamente, a Justiça havia determinado no domingo (1) pela reintegração de posse, mas pelo trâmite legal a PM deve aguardar que um mandado fosse entregue aos ocupantes.

Foto: Gustavo Oliveira/Democratize

“Um país que se anuncia sob a ordem do Direito deve respeitar os parâmetros definidos pelo sistema jurídico e não pela vontade casuística e personalíssima de agentes que se encontram no Poder. Sem mandado judicial, não há possibilidade de cumprimento de decisão alguma. Sem mandado judicial, qualquer ato de execução forçada caracteriza arbítrio, violência ao Estado Democrático, rompimento com a Constituição Vigente e os seus fundamentos”, escreveu o juiz Luis Manuel Pires.

Em nota oficial, a Assessoria de Imprensa do Centro Paula Souza afirma que a entrada da Polícia Militar no local ocorreu para que os “funcionários da instituição” pudessem voltar “ao trabalho na manhã desta segunda-feira, 2 de maio”.

Essa ação completamente autoritária parte de um futuro ministro do governo de Michel Temer em Brasília: Alexandre de Moraes.

O atual secretário de Segurança de São Paulo é cotado pelo vice-presidente em pessoa para assumir o Ministério da Justiça em seu eventual governo após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

O deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) e o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) prestam solidariedade com a ocupação no Centro Paula Souza | Foto: Gustavo Oliveira/Democratize

Anteriormente, Moraes era cotado por Temer para assumir o comando da AGU (Advocacia-Geral da União). Porém, após sofrer várias negativas na busca de um ministro na Justiça, o vice-presidente já passa a considerar o nome de Moraes na pasta.

Portanto, o mesmo secretário que pode ser o responsável pela quebra da lei em São Paulo para aterrorizar jovens estudantes com policiais armados, pode ser talvez o nosso futuro Ministro da Justiça. O deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) afirmou em entrevista ao Democratize que deve entrar com denuncia no Ministério Público sobre a ação da Polícia Militar nesta segunda-feira, no Centro Paula Souza.

Os policiais ficaram por mais de 3 horas após a decisão da Defensoria Pública no local, saindo apenas às 20 horas. O Democratize ainda flagrou uma conversa entre dois policiais, com um deles afirmando que eles e os manifestantes “se encontrariam novamente”.

--

--