Kanye West, Chris Brown, deadmau5:

Quando Ótima Música É Feita Por Pessoas Desprezíveis

Fer Feres
14 min readSep 30, 2014

Kanye West é um idiota. E ele sabe disso.

De volta a 2010, em seu hit single “Runaway”, o rapper de Chicago brindou aos babacas, canalhas e idiotas — para si mesmo, basicamente — em um esforço para enfrentar uma verdade pública muito desconfortável. As pessoas não gostam muito dele. Um ano antes, em uma história que estamos todos muito familiarizados, ele tropeçou bêbado no palco do MTV Video Music Awards, interrompeu Taylor Swift, enquanto ela recebia um prêmio e deu a todos os fãs de música conscientes na terra uma razão concreta para considerá-lo o inimigo público número um.

Deprimido, o pobre e antipático Kanye desapareceu da vida pública, fugiu para o Havaí para entrar em estúdio e voltou um ano depois. “Runaway” não era sobre o incidente com Swift especificamente, mas ele o estreou no VMA, no entanto, um ano após a data da interrupção e, em seguida, se apresentou no Saturday Night Live. Não tinha como escapar. Por força dessa música, e outras, seu quinto álbum, My Beautiful Dark Twisted Fantasy, passou a vender mais de um milhão de cópias. Até o final do ano, ele superou quase todos os favoritos das listas dos críticos.

Aquele Kanye rugindo de volta em sua melhor forma não foi tão surpreendente. Ele é um dos artistas mais progressistas da música. Mas foi como ele conseguiu isso — encarando seus críticos de cabeça erguida — o que fez mais sobrancelhas se erguerem de surpresa. Mas esse cara tem colhões. Que cara de pau. O maior idiota usando sua profundeza de idiotices para mandá-lo de volta pra onde ele tinha acabado de cair. Em um mundo perfeito, a história não acabaria desse jeito. Mas o mundo não é perfeito e os maiores artistas com certeza também não o são.

É um fato infeliz da vida que algumas das melhores músicas é feita por algumas das piores pessoas. Aliás, no catálogo de artistas geralmente tidos como desprezíveis, Kanye West está na extremidade inferior do espectro. Tome como exemplo Chris Brown que, dentre suas inúmeras transgressões, lembramos dele por encher a Rihanna de porrada. Ou as inesquecíveis extravagâncias de R. Kelly, talvez o último grande homem de alma negra de verdade, também considerado um predador sexual. E então, há o deadmau5, um DJ/produtor com um complexo de inferioridade tão grave que ele, literalmente, não pode concordar com ninguém sobre coisa alguma. E Justin Bieber, o ex-adolescente bonitinho com um topete bacana, agora é um adulto tatuado que na primeira oportunidade sai dando socos, como fez recentemente com Orlando Bloom ou gastando dinheiro em boates de striptease.

Comprar os CDs destes artistas, ir a seus shows, favoritar seus tweets e gostar de suas fotos no Instagram, é torcer para o tipo errado de pessoa. É que nem assistir a um filme e torcer, secretamente, para o vilão vencer. E mesmo assim, recém-saído da prisão, a música “Loyal”, de Chris Brown, foi uma das músicas mais agradáveis ​​do verão. R. Kelly nunca realmente perdeu o ritmo; na verdade, os últimos anos tem oferecido a ele uma espécie de renascimento, agora que os hipsters brancos estão ironicamente curtindo seu extenso catálogo. O novo álbum de deadmau5, while(1<2), liderou as paradas de música dance dos Estados Unidos em junho passado e, de acordo com a Forbes, ele está ganhando mais de US$ 20 milhões por ano. O estrelato de Justin Bieber está visivelmente em declínio — seu filme biográfico de 2013, Believe, afundou nas bilheterias, enquanto sua música recente foi recebida com indiferença — mas ele ainda é mais popular do que a maioria dos músicos de hoje. Enquanto isso, as reações positivas para a versão vazada do novo single de Kanye West, “All Day”, indicam que este, provavelmente, será um dos maiores sucessos de sua carreira.

Cara, como pode um grupo de idiotas como esse ser tão bem-sucedido?

Como pode o Chris Brown cometer tantos erros inesquecíveis e, ainda assim, seguir em frente?

Uma das razões pelas quais é fácil para pessoas ruins fazerem música boa — e para os ouvintes estarem ok com isso — é devido às mudanças tecnológicas e a forma que interagimos com os artistas que gostamos. Tão recente quanto uma década atrás, você precisava ir fisicamente até uma loja para poder comprar música. Considere as implicações sociais de andar até o caixa com um CD do R. Kelly uma semana após ele ter sido acusado de abuso sexual infantil. Então, o que os seus amigos pensariam de você se vissem o CD dele em sua prateleira? Você é um monstro por apoiar esse monstro! Quando a música era física, era moda. O que você ouvia fazia parte da sua identidade. Para ter algo, para tê-lo fisicamente em sua posse, era o mesmo que concordar completamente com isso. Que nem andar com uma bolsa da Celine Dion ou dirigir um Tesla, sua coleção de música dizia que você era este tipo de pessoa. Quando seu gosto mudou, você mudou.

Agora, tem muito menos compromisso envolvido com a experiência de ouvir, de modo que ouvir a música de alguém, cuja política e ações que você pode nem concordar tem menos fardo. Na verdade, com o aumento da música por streaming, você nem possui nada, então não há esse sentimento de apego com o artista ou com a música em si. Você não precisa ir a nenhum lugar para tê-la. Você não paga nada por isso. Não há investimento real do seu tempo envolvido com a música. É descartável. Está na nuvem. Está sempre lá. Não tem nenhuma mudança de gosto. São todos os gostos, o tempo todo. E a menos que você esteja propagando suas atividades nas redes sociais, é em grande parte, anônimo. No silêncio do seu quarto, sem ninguém olhando, você vai no YouTube assistir a um vídeo do Chris Brown. Você pode pensar que ele é um mulherengo, mas se você se pega gostando da música, quem vai te julgar por isso? Ninguém, porque ninguém sabe. Talvez você não vá twittar sobre isso, mas isso não significa que você não esteja ouvindo. E quando a música se encontra em um ambiente social, ninguém realmente se importa se ela é feita por pessoas boas ou más. Eles só querem saber se é legal. Um DJ não vai parar a festa porque você acha que as atitudes de um artista são ‘problemáticas’. A música é boa? Se sim, então dance ao som de Wayne.

Tem, também, havido uma ascensão meteórica de desfrutar as coisas de maneiras irônicas. Nós estamos, há pelo menos dez anos, em um movimento contra-cultural que é pós-música, pós-qualidade, pós-seriedade. Nós nos tornamos tão mimados com a limpeza que a tecnologia digital nos oferece, que se tornou chato. Consequentemente, nós estamos procurando por imperfeição, encontrar coisas para nos envolvermos simplesmente porque elas são horríveis. Nós costumávamos pensar, talvez ingenuamente, que uma pessoa precisava ser minimamente talentosa pra poder fazer música. Mas agora, não ser competente é o novo competente. A virtude implica domínio e dominar algo significa que não há mais caminho a percorrer. Não tem mais história se desenvolvendo. Ela já se desenvolveu. Não há nada para apoiar, em vez disso, podemos apenas ficar lá e torcer. Isso não combina com a maneira que nos relacionamos com o conteúdo hoje em dia. Então, nós não falamos sobre as coisas porque elas são boas. Falamos sobre as coisas porque elas são ruins. Em coisas ruins vemos esforço e no esforço nós vemos a nós mesmos. Amadores brincando, esperando que alguém repare neles. Raramente compartilhamos vídeos produzidos profissionalmente e comentamos sobre o quão bem dirigido eles são. Os que incitam comentários são uma merda.

Isto é, Miley Cyrus fez música muito melhor — ótima composição, produção profissional — quando ela era uma estrela adolescente da Disney. Mas ninguém chamaria a Miley Cyrus de interessante naquela época. Não tinha nada para falar. Não tinha nenhuma história. Ela fez música boa, caso encerrado! Não foi até ela acrescentar uma certa inovação à equação — um pouco de cultura aqui, um pouco de drogas ali — que decidimos que valia a pena falar a respeito dela num contexto maior. A Rihanna, por exemplo, já teve vários sucessos, mas é o seu uso das redes sociais, onde ela é curta e grossa, que nos mantém atraídos por ela atualmente. Da mesma forma, Bobby Shmurda é novo ‘cara’ do rap, mas ele não assinou um contrato com a gravadora Epic Records de mais de US$ 1 milhão porque ele é um bom rapper. Ele assinou o contrato porque as pessoas acharam o vídeo dele dançando no Vine engraçado e acharam que valia a pena compartilhar. Riff Raff, uma das figuras que mais chamam a atenção na música de hoje, atingiu a fama pelo simples fato de que as pessoas mandavam seus vídeos para os amigos dizendo: “Esse cara tá falando sério?”.

Quando você adiciona ironia ao colapso que é o negócio de possuir, fisicamente, discos de plástico brilhante, além de uma pitada do fato de que a música está se tornando uma experiência altamente solitária — pensa em uma pessoa no trem, o fone de ouvido Beats by Dre encaixado confortavelmente ao redor de suas orelhas — qualquer coisa ruim pode ser boa. Você pode excluir as críticas do seu hábito de ouvir música sob o pretexto de ser único ou autêntico ou seja lá o que os marketeiros estão usando para vender aos jovens hoje em dia. Nesse sentido, você pode ouvir Chris Brown ou Kanye ou deadmau5 pelo simples fato de que outras pessoas não estão. Ser contraditório nunca foi tão popular. E como a conversa ao redor desses assuntos é tão negativa, é fácil fazer com que sua identificação com elas seja um belo e sonoro foda-se à ordem estabelecida. Gostar de merda que ninguém mais gosta é o mais rock n ‘roll possível. Em poucas palavras, esta é a cultura da juventude.

Justin Bieber é muito esquentadinho
dando socos por aí —
como ele fez com o Orlando Bloom recentemente

As coisas também tem mudado de forma incrivelmente rápida agora. A música sempre teve sua parcela de bad boys/bad girls, mas se alguém é um bosta, nós ficamos a par de tudo o que aconteceu de forma bem mais rápida. Quando Justin Bieber entrou em uma briga com Orlando Bloom no final de julho, foi apenas questão de horas até o vídeo ser publicado online e o próprio Bieber postar uma foto do Bloom no seu Instagram o insultando. Era como ver uma pessoa ser um idiota em tempo real. Mas o mais impactante de tudo é a proporção que essa informação teve. A notícia é postada quase que instantaneamente em sites, compartilhada no Tumblr, comentada no Twitter e eternamente discutida no Facebook. No momento que a história é repercutida, é como um telefone sem fio — raramente se parece com a verdade. Aquele idiota agora é um idiota ainda maior, seja verdade ou não.

deadmau5 designou-se a ser o desfensor de tudo o que é ético

deadmau5 é outro grande exemplo disso. Embora ele seja uma figura conhecida nas tribos de dance music, uma pessoa comum não tem a menor ideia de quem ele seja. Isto é, até ele começar a postar mensagens insanas sobre a Madonna no Facebook, como ele fez em 2012, depois dele ter falado a palavra “molly” (gíria para Ecstasy e em referência ao seu novo álbum, MDNA) no Ultra Music Festival. Em um ataque, ele rapidamente levou o assunto às redes sociais e meteu o pau nela. Por quê? Porque a Madonna, que aparentemente representa tudo de pior da indústria da música comercial e da indústria de celebridade complexa, invadiu o território da dance music e o fez de uma forma que ele achou que estava enviando a mensagem errada. deadmau5, como ele tende a fazer, designou-se a ser o defensor de tudo o que é ético, de tudo o que é certo e errado na dance music. Por algum motivo, ele deve ter se esquecido de que a Madonna já fazia música antes mesmo dele nascer. Mas se ele tinha uma opinião a respeito ou não, pra quem não está inserido no mundindo do deadmau5, tudo o que as pessoas veem é ele atacando a Madonna. Isso faz com que ele pareça um certo tipo, mesmo que suas intenções tenham sido boas.

Mas mesmo que ele esteja num tête-à-tête com a Disney, uma discussão nas redes sociais com a Madonna (que, aliás, ele não conseguia parar de tirar fotos), twittar merda para a Paris Hilton ou Trey Songz — duas vítimas recentes — ou transmitir suas próprias opiniões cheias de ego, ao estilo Jerry Seinfeld, em seu bate-papo Coffee Run no YouTube (que, no final das contas, é muitas vezes bastante esclarecedor), podemos dizer que é precisamente a sua falta de filtro que nos permite entrar na mente de deadmau5 e vê-lo pelo que ele realmente é. Tudo bem, a rede social é só uma parte, mas quando existem milhares de fotos no Instagram, Tweets, atualizações do Facebook, sem contar as entrevistas da vida real e interações na primeira pessoa, fica mais fácil concluir quem realmente ele é. É isso tudo junto que ajuda a formular opiniões. Se você é um idiota on-line, as pessoas vão acabar percebendo que você é um idiota de verdade.

Anos atrás, este nunca seria o caso. Se Berry Gordy humilhou cada artista na Motown Records ou se Phil Spector abusou sua ex-esposa Ronnie, não ficávamos sabendo, até que alguém escrevesse um livro biográfico contando tudo. Pense em todos os músicos e todas as personalidades da indústria da música com esqueletos em seus armários. É uma lista interminável. Lead Belly é o pai do blues; ele também matou uma pessoa de sua própria família. Ray Charles já foi um mulherengo viciado em drogas. James Brown participou de uma perseguição de carro em alta velocidade pela polícia, com troca de tiros. Bob Dylan, com toda a sua grande obra, nunca foi considerado um cara muito simpático. As pessoas pagam centenas de dólares para ver Axl Rose, do Guns N’ Roses e ele nunca se apresenta na hora marcada. Gene Simmons não consegue falar nada sem meter os pés pela boca. Snoop Dogg foi a um julgamento por assassinato — tido como auto-defesa — e ainda não foi condenado. Jay-Z supostamente esfaqueou um executivo de uma gravadora. Diddy quebrou uma garrafa de champanhe na cabeça de Steve Stoute.

Você percebe, os músicos são pessoas de merda. Mas saber sobre esses fatos faz de sua música menos agradável? Se Gene Simmons é um idiota machista, isso faz dele um baixista ruim? Provavelmente não.

O que faz com que o Kanye seja tão bom músico quanto uma pessoa de interesse público é que ele é um idiota

O que nos traz de volta à Mr. West. Cinco anos após a interrupção do VMA, seu ego descomunal ainda permanece, em grande parte, intacto. E ainda assim, ele também cresceu muito. Ele lançou outros dois álbuns — a compilação Cruel Summer, de sua gravadora G.O.O.D Music e a aventura musical Yeezus — e lançou a agência criativa DONDA. Quando ele falou para a GQ, em julho, ele parecia tão relaxado, tão calmo, tão resolvido. Normal. Maduro. Muito mais tranquilo do que o “Vou-deixar-cê-terminar” tipo de Kanye.

Ainda assim, no ano passado, ele se desentendeu com o Jimmy Kimmel durante uma paródia pejorativa, o que levou a uma série de tweets furiosos e um pedido de desculpas embaraçoso do apresentador de televisão, ao vivo, tarde da noite. Em sua defesa, tu pensaste que eles eram amigos, mas mesmo ele deveria saber que, assim como na música, a comédia também é alvo de críticas. Ficar bravo com isso parecia bastante insensível e infantil. Ele também entrou em uma briga com um paparazzi, o que resultou em dois anos de liberdade condicional. E enquanto seu casamento com Kim Kardashian é louvável, foi dito que seu discurso de casamento de 45 minutos o encontrou de punho fechado por conta do mau tratamento dado às celebridades e o exagero sobre querer que a foto da cerimônia ultrapassasse o recorde de ‘likes’ no Instagram. Levou quatro dias para tirar a foto. Como não se inconformar com coisas desse tipo?

Então, mesmo que a percepção sobre o Kanye esteja lentamente mudando, a maioria das pessoas ainda pensa que ele é um idiota. O próprio Kanye West provavelmente ainda pensa que ele é um idiota. Kanye West é um idiota (nunca se esqueça-”Por que você acha que eu e Dame somos legais? Nós idiotas!” ). Mas parte do que faz com que Kanye seja tão bom músico quanto uma pessoa de interesse público é que ele é um idiota. Ele é uma celebridade que valoriza o que faz como sendo algo além da fama. Ele, legitimamente acredita que o que ele tem a oferecer ao mundo — música, moda, arte, seja lá o que for — é por mérito próprio e não pelo fato de que ele é só um negro qualquer que sabe fazer rap. Se você deixar de lado essa parte de seu caráter, essa arrogância, tantas vezes equivocada, e sua revolta, ele não é mais Kanye West exatamente. Ele é como um super-herói despido de seus poderes.

E, talvez, essa seja a razão pela qual, às vezes, damos um desconto aos músicos, independente se são pessoas boas ou não. Porque entendemos que, assim como todo mundo, ter defeitos é o que faz dos músicos serem quem são. Eles não são perfeitos porque ninguém é. Em algum nível, talvez essas imperfeições sejam até mesmo inspiradoras. Leve em consideração o quão vigoroso é ouvir o Kanye discutindo com seus caluniadores ou assistir ao deadmau5 bater de frente com a grande e maligna Disney ou simplesmente reconhecer o fato de que Chris Brown pode cometer tantos erros imperdoáveis ​​estúpidos e, ainda assim, seguir em frente tranquilamente. Há, certamente, alguma coisa para tirar de tudo isso. Talvez seja delírio e talvez para fazer coisas grandiosas — as grandes coisas que muitos de nós aspiramos fazer — precisamos ser um pouco delirantes. É imprudente dizer isso, mas, às vezes, a fim de que possamos concretizar algumas coisas, temos de ser um pouco desprezíveis, temos que ter um pouco de revolta. Talvez, ainda tenhamos que ser um pouco antipáticos. Só não tão antipático.

No entanto, talvez o mais importante seja que Kanye West, deadmau5, Chris Brown e R. Kelly todos fazem música que milhões de pessoas em todo o mundo gostam. Quando eles não forem mais capazes de fazer isso, então talvez seja hora de considerá-los apenas como pessoas horríveis e patéticas. Mas, ao invés disso, o sucesso absoluto deles mostra que as pessoas não se importam tanto assim, de um jeito ou de outro. É puramente maquiavélico por natureza. Ser bem quisto é uma coisa, mas fazer boa música é outra. Continue fazendo hits e um artista pode se livrar de qualquer coisa — mesmo sendo um grande idiota. E não importa o quanto sabemos a respeito. O mais assustador é que pode fazer com que gostemos ainda mais deles.

Siga Paul Cantor no Twitter @PaulCantor.
Ilustrações por
J. J. McCullough
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