Após 52 anos do Golpe Militar, filmes e documentários para refletir

eDemocratize
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5 min readMar 31, 2016
Foto: Reprodução

Censura, perseguição política, corrupção em massa, inflação nas alturas. O golpe militar ocorrido no dia 31 de março de 1964 deixou marcas que durou décadas, e que ainda refletem pensamentos autoritários até os dias de hoje. O Democratize selecionou alguns filmes e documentários sobre o tema.

Estamos no final de março novamente.

Essa data em particular não deve ser jamais esquecida pelo brasileiro. Depois de 52 anos, ainda existem pessoas que acreditam que o militarismo é a única alternativa para a salvação da pátria. Estão errados.

Corrupção desenfreada que, através da censura, vendia a imagem de moralismo político e social escondido na bandeira religiosa cristã. A perseguição política, tão minimizada por figuras como o deputado Jair Bolsonaro (PSC), deixou um mar de desaparecidos, mortos, torturados e exilados. A inflação nas alturas mostrou o que acontece quando um governo comandado por militares nacionalistas tentam guiar uma economia de terceiro mundo.

A agência Democratize separou alguns filmes e documentários que devem servir de reflexão sobre a data de hoje, para que nunca mais isso se repita em nossa história.

O Dia Que Durou 21 Anos

Documentário dirigido por Camilo Galli Tavares sobre a participação do governo dos Estados Unidos na preparação, desde 1962, do golpe de estado de 1964, ocorrido no dia 31 de março.

O filme mostra claramente a interferência norte-americana, através de organizações não-governamentais, na difusão de propaganda anti-comunista no Brasil, que tinha como único objetivo derrubar o presidente Jango. Além disso, o documentário mostra como essas organizações também atuavam dentro do Congresso, oferecendo dinheiro para que deputados atuassem na oposição ao governo trabalhista.

Batismo de Sangue

Filme brasileiro lançado em 2007, dirigido pelo cineasta Helvécio Ratton, baseado no livro de Frei Betto, lançado em 1983.

O enredo conta a história dos frades dominicanos que travaram resistência contra a ditadura militar na década de 60. Tito, Betto, Oswaldo, Fernando e Ivo atuaram no apoio logístico do grupo de esquerda Ação Libertadora Nacional, de Carlos Marighella.

Cenas de tortura e o efeito psicológico dela tornam o filme uma peça necessária para entender o funcionamento de um regime autoritário, como foi o que vivemos no Brasil nas mãos dos militares.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias

Dirigido por Cao Hamburguer, o filme de 2006 contra sobre um garoto de 12 anos, que se vê obrigado a viver com seu avô após seus pais fugirem do Brasil por serem militantes de esquerda, em 1970.

O filme coloca o tema do regime militar de uma forma mais pessoal e dramática, mostrando como a ditadura afetava a vida de pessoas em vários níveis, diretamente e indiretamente.

Pra Frente, Brasil

De 1082, o filme dirigido por Roberto Farias foi um dos primeiros a retratar a repressão da ditadura militar de forma aberta.

O filme acompanha um pacato trabalhar de classe média que, mesmo sendo casado e tendo filhos, acaba se apaixonando por uma guerrilheira de esquerda. Após ser observado com ela, os militares começam a considera-lo como “subversivo”, sendo preso e submetido a tortura.

Inicialmente, o filme havia sido censurado pela ditadura, baseado no artigo 41 da Lei 20.943 de 1946, que previa “interdição quando a obra for capaz de provocar incitamento contra o regime vigente, a ordem pública, as autoridades e seus agentes”.

Um fato curioso: presidente da Embrafilme na época, o ex-futuro-ministro Celso Amorim viu-se obrigado a abandonar o cargo da estatal em 1982, após ter aprovado o financiamento público para a produção do filme.

Cidadão Boilesen

O documentário revela as ligações de Henning Albert Boilesen, então presidente do grupo Ultra, da Ultragaz, com a ditadura militar. Seu apoio financeiro — assim como o de outros empresários — ao movimento de repressão violenta, além da sua participação na criação da temível Oban (Operação Bandeirante), que foi uma espécie de pedra fundamental do Doi-Codi.

O documentário é de extrema importância para entender como a participação de grandes empresários na política pode desencadear o autoritarismo em nome dos lucros — utilizando da máquina da repressão para calar a oposição, e de sua base no governo autoritário para gerar lucros através do monopólio e da corrupção.

Em Busca de Iara

Documentário dirigido por Flávio Frederico e lançado em 2013, conta a história da psicóloga e guerrilheira Iara Iavelberg.

O objetivo do filme, com pesquisa de documentos, entrevistas e filmes de arquivo, foi de reconstruir a vida de Iara e desmontar a versão oficial de sua morte, dada como suicídio.

Iara integrou grupos armados como a Organizalção Revolucionária Marxista Política e Operária (Polop), e posteriormente o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), tornando-se companheira do ex-capitão do exército e insurgente, Carlos Lamarca. Foi assassinada em 1971.

O documentário é exibido no Netflix.

Vlado — 30 Anos Depois

Um verdadeiro mártir para os jornalistas, o documentário conta a história de Vladimir Herzog, assassinado pelo regime militar.

Lançado por João Batista, o filme carrega um tom nostálgico, com cara de filme amador, feito com câmera de mão (e na mão) e uma intensa vontade de prestar uma homenagem. Com depoimentos de amigos e pessoas próximas de Herzog, o filme carrega uma carga muito pessoal, com momentos de sofrimento e saudade.

Peça cinematográfica importante para todo jornalista e profissional de comunicação social no Brasil.

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