Daniel Salgado
Revista Poleiro
Published in
17 min readJun 25, 2015

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O tortuoso caminho do futuro ocupante do Salão Oval da Casa Branca

Por Daniel Salgado

Após dois mandatos, Barack Obama não poderá concorrer a mais uma prolongação de sua estadia na Casa Branca em 2016. Acontecendo tradicionalmente na primeira terça-feira de novembro, as eleições presidenciais americanas têm sido, desde 1856, dominadas por dois grandes partidos: o Democrata e o Republicano. Segundo o think-thank apartidário PEW Research Center, a população americana vive uma onda crescente de partidarização entre progressistas e conservadores. O mesmo pode ser dito nas outras esferas federais da política: tanto a Câmara do Senado quanto a dos Representantes, que compõem o Congresso americano, vivem um momento de polarização como não visto desde o final do século XIX.

Diferentemente do que estamos acostumados no Brasil, o modelo de eleições presidenciais americano funciona em três etapas, com a população elegendo o novo presidente por via indireta e a votação acontecendo em última instância no Colégio Eleitoral. O voto não é obrigatório.

A primeira é o dia da votação, parecido com o brasileiro, quando eleitores em todos os 50 estados vão às urnas votar em um dos candidatos à presidência.

A segunda etapa, que acontece em dezembro, é a que o Colégio Eleitoral participa. Nela, os membros do Colégio, eleitos previamente em cada estado, fazem uma nova votação, que será contada e validada pelo Congresso na terceira etapa, em janeiro. Se um candidato obtiver a maioria dos votos do colegiado (em 2012, o número foi 270 de 538), ele será eleito presidente. Caso contrário, a votação é refeita pela Câmara dos Representantes, com cada representante tendo direito a um voto.

Parte essencial para entender a dinâmica das eleições norte-americanas — e como, por exemplo, George W. Bush pôde ser eleito com menos votos populares do que seu adversário Al Gore, em 2000 — , o Colégio Eleitoral é um corpo composto por 538 membros, sendo eles: 435 representantes, que compõem a Câmara dos Representantes, 100 senadores e 3 eleitores concedidos ao distrito de Columbia.

Nos 50 estados, os representantes tendem a votar de acordo com o decidido pela maioria da população — ou seja: os 53 votos da Califórnia vão todos para o candidato mais votado no estado. No total, 48 deles utilizam um sistema de “o vencedor leva tudo”, onde apenas um candidato recebe todos os votos do estado. Logo, mesmo que 49% dos californianos votem em um candidato democrata e 51% em um republicano, apenas o último receberá votos pelo Colégio Eleitoral.

Os estados do Maine e de Nebraska, porém, são casos à parte, utilizando um sistema de proporcionalidade de votos. Neles, o vencedor de cada distrito — uma subdivisão do estado — recebe um voto. No final, o vencedor geral naquele estado recebe dois votos a mais, para além dos outros disputados “individualmente”.

Com quatro exceções — 2000, 1888, 1876 e 1824 —, os candidatos que receberam a maior quantidade de votos populares foram eleitos em todas as ocasiões pelo Colégio Eleitoral.

O número varia. Nas últimas eleições (2012), 6 candidatos concorreram. Barack Obama pelos democratas; Mitt Romney pelos republicanos; Gary Johnson pelos libertários; Jill Stein pelo Partido Verde; Virgil Goode pelo Partido da Constituição e Rocky Anderson pelo Partido da Justiça. Apenas Obama e Romney conseguiram votos pelo Colégio Eleitoral.

Em 2015 se comemoram 150 anos do fim da Guerra de Secessão. Mesmo mais de um século depois, a maior e mais sangrenta guerra já travada em solo americano ainda tem repercussão direta na polarização política dos Estados Unidos.

Observando os mapas abaixo, é fácil perceber como boa parte dos estados associados à União votou nos democratas nas últimas eleições presidenciais, enquanto os confederados escolheram os republicanos.

À esquerda, o mapa das Eleições de 2012, em vermelho com estados que votaram em Romney e azul em Obama. À direita, os Estados Confederados estão em vermelho e os “do Norte” em azul. No meio, em azul claro, estão os ditos “estados de fronteira”, que eram escravocratas mas não fizeram parte da Secessão com os confederados.

As plataformas centrais do conflito criaram uma divisão bem delineada entre conservadores e progressistas, e não foi apenas na questão da escravidão. Hoje, os partidos Republicano e Democrata se estabelecem de vez como forças opostas na política americana (algo como Direita x Esquerda), mesmo tendo alterações intensas em suas plataformas políticas ao longo dos anos.

Objetivamente, não. Nas últimas eleições, Obama teve 65 milhões de votos, Romney 60 milhões, e o terceiro candidato mais votado, do Partido Libertário, apenas 1,2 milhão. Além do candidato do Partido Democrata e de seu rival republicano, nenhum outro teve seu nome citado em urnas de todos os 50 estados, mais DC. Novamente, só o libertário Gary Johnson ficou mais próximo, com presença em 48 estados e no Distrito de Columbia.

Isso também se aplica ao Congresso. Apenas 2 senadores são independentes — ou seja, sem filiação partidária — e nenhum membro nem do Senado, nem dos Representantes é de partido que não seja o Republicano ou o Democrata. No caso dos governadores, são todos, também, azuis (democratas) ou vermelhos (republicanos), com apenas um se declarando independente.

As primárias não são exclusivas do sistema eleitoral americano, mas são parte integral de seu processo de candidatura. Apesar de não serem oficiais no calendário eleitoral — não é uma atividade contemplada na constituição — , são um dos momentos mais importantes de toda a corrida, pois é durante as primárias que os candidatos democrata e republicano são escolhidos.

No Brasil, os partidos costumam decidir internamente qual será seu político a concorrer à presidência, ainda que não seja incomum ver mais de uma pessoa demonstrar publicamente seu interesse em disputar as eleições. Nos EUA, isso também é decidido pelo partido, mas por votação indireta.

As primárias presidenciais funcionam de maneira similar às eleições oficiais. De antemão, os partidos definem o número de delegados (ou votos) que os estados terão individualmente. Então, cada estado define um dia e também uma forma de votação: apenas para membros filiados, para toda a população do estado ou para filiados e independentes que se comprometam a votar apenas no processo de um partido.

Barack Obama discursa em Houston, Texas, durante a campanha das primárias de 2012. Foto: Tim Bekaert

Como nas eleições oficiais, os delegados tendem ou são obrigados — varia nas legislações estaduais — a votar de acordo com a escolha do candidato que recebeu a maioria dos votos no estado, sendo raras as exceções. O resultado oficial do partido — e quem irá de fato concorrer à presidência —é anunciado nas chamadas Convenções Nacionais de cada agremiação.

Por conta do calendário não unificado — o processo não ocorre no mesmo momento para todos os estados da federação —, é bem usual que já se saiba matematicamente quem é vencedor logo após a metade da disputa. Isso cria controvérsia entre os estados, que acabam brigando para que suas primárias estejam entre as primeiras. Uma votação inicial dá relevância às promessas que cada candidato faz para a região.

Para angariar votos, existe uma tradicional ordem de visita dos políticos a cada estado — normalmente associada ao calendário das primárias — que também serve de medição para entender a recepção de cada um deles nas regiões do país.

Nesse momento, o Partido Republicano conta com mais de 10 candidatos oficializados nas primárias, além de outros 3 candidatos que já demonstraram interesse em concorrer, mas ainda não oficializaram sua candidatura.

De acordo com as últimas pesquisas eleitorais, os candidatos com maior suporte público são: Jeb Bush, Scott Walker (também não oficial), Marco Rubio, Ted Cruz e Rand Paul. Correndo por fora, mas também com percentuais expressivos, estão Mike Huckabee, Chris Christie e o folclórico Donald Trump.

Jeb é mais conhecido no Brasil — e em seu próprio país — por fazer parte da dinastia política dos Bush, que governou os Estados Unidos em duas ocasiões distintas, com George H.W. Bush (seu pai) e George W. Bush (seu irmão). A carreira política de Jeb data para mais de duas décadas, quando trabalhou na primeira eleição de seu pai.

Seu principal cargo, até hoje, foi o de governador do estado da Flórida por dois mandatos seguidos, entre 99 e 07. Um republicano moderado — abertamente conservador, mas pouco afoito aos extremismos das alas mais radicais do partido — , ele representa o establishment do GOP (Grand Old Party, apelido carinhoso usado pelos republicanos para se referir ao seu partido). Boatos indicam que sua candidatura já teria arrecadado números astronômicos entre seus patrocinadores.

Walker é um cachorro grande que ainda não entrou oficialmente na disputa. Nascido no Colorado, o republicano é o atual governador do estado de Wisconsin. Além de estar no seu segundo mandato no cargo, ele foi o primeiro político a manter sua posição como governador após uma “eleição de recall” ter sido convocada contra seu governo, quando venceu o adversário democrata nas urnas.

Econômica e socialmente mais conservador que Bush, Scott Walker é o candidato favorito da parcela mais à direita do Partido Republicano (com exceção das alas mais radicais) e tem se projetado com força no cenário político nacional. Suas pautas econômicas não são absolutamente libertárias — ele defende a existência do Estado operante — , mas defendem abertamente a redução da máquina estatal.

Candidato já declarado na corrida das primárias, Rubio foi por nove anos o presidente da Câmara dos Representantes da Flórida e, desde 2010, ocupa um cargo de senador pelo mesmo estado. Com boa aceitação e posições que agradam os intervencionistas da política externa americana, Rubio tem se provado um candidato forte nas primeiras pesquisas de opinião conduzidas pela mídia, comumente disputando as primeiras colocações com Walker e Bush.

Advogado, Cruz serviu em alguns cargos na administração Bush antes de se tornar senador pelo estado do Texas, em 2010. Extremamente conservador — ele se identifica abertamente com as plataformas do Tea Party —, o candidato tem angariado forte apoio dos movimentos mais radicais do partido. Sua postura, porém, acaba por aliená-lo dos republicanos moderados — a maioria — , deixando em aberto sua força na corrida.

Filho do político Ron Paul, Rand é associado, principalmente, à ala dos libertários econômicos e sociais. Defendendo um estado reduzido ao máximo — o que significa menos intervencionismo na política externa—, Paul ocupa cargo de senador pelo estado de Kentucky. Apesar de ser bastante reconhecido na mídia, boa parte dos analistas não considera a candidatura de Rand Paul forte o suficiente para lhe garantir uma vitória nas primárias, dadas as suas plataformas mais radicais. Também é curioso o fato de que, apesar de ojerizado por membros mais conservadores de seu partido, ele atrai simpatizantes do Partido Democrata por suas políticas anti-belicistas.

Figura antiga nas alas mais conservadoras do partido republicano, Huckabee foi governador do Arkansas por mais de uma década, de 1996 a 2007. Puxando para propostas parecidas às de candidatos como Cruz, Huckabee corre por fora por conta de sua pouca exposição pública nos últimos anos.

Outro candidato da leva conservadora do partido, Carson é um renomado neurocirurgião pediátrico e tem pontuado bem nas pesquisas de opinião. Carismático, surpreendeu nas projeções feitas até agora. De qualquer maneira, sua inexperiência no cenário político torna sua candidatura uma incógnita.

Bilionário e celebridade na televisão americana — ele foi o apresentador do programa O Aprendiz —, Trump quase concorreu nas últimas eleições, quando chegou a anunciar interesse. Até o momento de sua desistência (ainda em 2011) o magnata figurava entre as cabeças nas pesquisas das primárias. Ainda não se sabe ao certo sua força como candidato, já que ele nunca antes tinha concorrido para um cargo político.

O Partido Republicano, nos últimos 100 anos, tem sido comumente associado à ala mais conservadora da política americana. Entre suas principais plataformas estão, conforme colocadas no último programa conjunto do partido para as eleições de 2012:

  • Uma política externa intervencionista, visando manter os Estados Unidos como principal potência bélica mundial, baseada na doutrina do “excepcionalismo americano”. Isso inclui apoio à invasão realizada no Iraque e no Afeganistão, na gestão Bush, e uma política econômica agressiva de sanções contra o Irã, Coréia do Norte, Cuba e o Estado Islâmico.
  • Revitalização da indústria de base norte-americana, além da total independência energética do país em relação ao resto do mundo.
  • Manutenção e renovação dos valores tradicionais da sociedade norte-americana, incluindo uma postura abertamente contrária ao casamento homossexual e ao aborto e a favor do porte civil de armas.
  • Diminuição de gastos e funções da máquina estatal, visando uma retomada do American Dream e uma reforma para diminuir o total de taxas pagas pelo governo, além da abolição do Obamacare.
  • Um sistema judicial totalmente baseado na constituição americana como pedra angular, sem exceções. Um exemplo é, de acordo com a interpretação do partido, o direito ao porte de armas e à liberdade de imprensa.

Devido à pluralidade de candidatos, a maneira mais segura de se dividir posturas e plataformas é em grupos. Segundo a divisão feita pelo site fivethirtyeight, o partido se divide em cinco grandes grupos que, é claro, interagem entre si.

O primeiro, que conta com maior apoio popular e financeiro, é a ala tradicional. Liderada por figuras como Jeb Bush, John McCain e Mitt Romney, pode ser considerada o establishment do partido e costumeiramente avança à campanha oficial, sustentada por um forte apoio financeiro, principalmente dos grandes empresários associados ao partido. Suas propostas costumam transitar no campo mais moderado do GOP, ainda que algumas posturas sejam consideradas extremas, como no caso da intervenção militar no exterior e a redução dos gastos do governo.

Nomeado em homenagem à chamada Festa do Chá de Boston de 1773, um momento seminal no processo de independência dos Estados Unidos, o Tea Party é a segunda potência dentro do Partido Republicano, ainda que tenha surgido em 2007 e conte com alto índice de rejeição entre os setores moderados da política norte-americana.

O nome “Tea Party” faz referência a um episódio no final do século XVIII, quando colonos americanos se revoltaram contra os altos impostos cobrados pelos colonizadores ingleses sobre o chá. Vestidos de índios, eles invadiram navios carregados com o produto e despejaram a mercadoria no mar. O dia ficou conhecido como a “Festa do Chá” e precedeu a independência de 13 colônias que viriam a se tornar os Estados Unidos da América.

Altamente populista, radical na economia e conservador socialmente, o movimento conseguiu penetração veloz de suas plataformas na discussão pública graças a candidatos carismáticos e altamente confrontativos ao governo democrata. Isso sem mencionar sua estrutura fundamentalmente descentralizada, que gira apenas em torno de questões ideológicas e não necessariamente partidárias. Sua principal porta voz, hoje, é Sarah Palin, ex-governadora do Alasca e candidata à vice-presidência na campanha de McCain, em 2008.

As outras três vertentes republicanas também ocupam um espaço de importância na política interna do GOP, principalmente os moderados e os conservadores cristãos, que existem em um contexto semelhante no Brasil. Correndo por fora — mas com presença marcada nos embates ideológicos da direita americana — estão os libertários, focados em uma sociedade de livre mercado e estado mínimo.

É muito difícil definir um candidato como parte de apenas uma das divisões, já que elas não são oficiais. Como indivíduos, os políticos dos dois maiores partidos tendem a montar suas próprias plataformas e agendas. Ainda assim, baseando-se nessas sugestões, é bem possível mapear as possíveis alianças que irão surgir conforme a corrida das primárias for se acirrando entre apenas um punhado de candidatos.

No dia 3 de março, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi ao Congresso americano argumentar contra a postura da administração de Obama em relação ao acordo nuclear com o Irã. Convidado pelo Senado — de maioria republicana —, o político aceitou a negociação sem entrar em contato com o democrata. O episódio foi inédito na política do país: um chefe de estado estrangeiro se dirigia ao aparato político interno norte-americano sem passar por uma negociação e dialogar com o presidente. Em outras palavras, ele objetivamente passou por cima do representante internacional da nação.

O ocorrido foi polêmico. Visando defender os interesses de Israel contra o que percebia ser uma relação perigosa dos EUA com o Irã, Bibi arriscou ferir de maneira sem precedentes a relação estável entre os países, aliados próximos há mais de meio século.

Netanyahu vai ao Congresso a convite do Senado estadunidense. Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Dez senadores democratas que eram a favor da não-negociação com o país islâmico voltaram atrás e se realinharam com o presidente americano; comentaristas da Fox News, o maior canal conservador dos Estados Unidos, foram veementemente contra a atitude. Houve, inclusive, quem dissesse que a atitude de Netanyahu reforçou um desalinho recente das políticas externas dos dois países.

Obama, em represália, marcou uma videoconferência com os líderes de Grã Bretanha, França, Alemanha, Itália e do Parlamento Europeu no mesmo horário da fala de Bibi. Resta saber como isso afetará a relação dos dois aliados de longa data.

O Partido Democrata só tem, oficialmente, quatro candidatos nas primárias para 2016. Tendo em vista o apoio maciço da maioria dos políticos do partido para Hillary Clinton, não é difícil imaginar o porquê. Sanders e O’Malley — os outros dois que mais despertam o interesse público — só terão chances se a candidata cometer algum erro gravíssimo.

Advogada de formação, ex-secretária de Estado da administração de Obama e ex-senadora por Nova Iorque, Hillary é a candidata de maior nome e prestígio entre todos os anunciados no momento. Isso também significa que a antiga primeira-dama sofre com uma exposição e escrutínio público muito mais intensos.

Ainda assim, é difícil que Clinton perca a nomeação das primárias. Segundo a CNN, ela já conta com apoio declarado de 27 dos 46 senadores do seu partido, um número sem precedentes na história recente.

Queridinho da esquerda americana, Sanders já foi prefeito de Burlington por dois mandatos, representante eleito por Vermont por 15 anos e agora é senador pelo mesmo estado. Segundo candidato democrata a oficializar sua campanha, Sanders não parece ter muitas chances de ganhar as primárias, ainda mais por se autointitular um socialista, título malquisto na política americana. Há quem diga que o senador entrou na competição por um motivo principal: colocar suas pautas na mídia nacional e na boca do povo. E a tática tem dado certo, já que Sanders é um dos candidatos com maior aceitação pública até agora.

Outro candidato mais à esquerda, Martin O’Malley é prefeito de Baltimore e ex-governador de Maryland. Pouco reconhecido no país e sem o apelo centralizador de Clinton ou radical de Bernie, é difícil ver muitas possibilidades para sua campanha, ainda mais se levarmos em conta a recente onda de protestos em Baltimore — que a Poleiro cobriu aqui.

O Partido Democrata é a escolha dos progressistas norte-americanos. Por isso, suas principais reivindicações e pautas são voltadas para a esquerda. Entre elas estão:

  • Política externa voltada para o combate ao terrorismo e à não-proliferação de armas nucleares. O principal foco é a modernização das forças armadas e a consequente manutenção do status estadunidense de polícia mundial.
  • A atualização da indústria energética do país, voltando-se especificamente para as fontes de energia renováveis.
  • Visão progressista nas causas sociais, se pautando em igualdade jurídica para todos. Isso inclui uma postura favorável à união homoafetiva, à defesa dos direitos civis para todos os americanos e uma reforma na política de imigração, buscando legalizar uma parcela significativa das pessoas que vivem ilegalmente no país.
  • Taxação de grandes fortunas e empresas, aliviando os impostos para a classe média. Expansão e solidificação do programa de aposentadoria do país.
  • Democratização do acesso à saúde, como no caso do Obamacare. Criação de condições que permitam acesso total à educação gratuita, como por meio dos Community Colleges.

Ainda que menos dividido se comparado ao Partido Republicano, o Democrata também tem suas ramificações internas. Há o establishment, que funciona de maneira similar ao rival. São os grandes nomes, como o de Hillary Clinton, que gozam de prestígio nos setores mais privilegiados do partido e na máquina política americana.

Intimamente ligado ao establishment vem a ala moderada do partido, da qual a própria Hillary e Barack Obama fazem parte. São considerados extremamente progressistas e liberais pelos republicanos, mas não pelas alas mais radicais entre os democratas.

Mais à esquerda ficam os populistas e os socialistas. Os populistas se alinham com a proposta de capitalismo defendida por movimentos como o Occupy Wall Street e têm foco na taxação de grandes fortunas, expansão do Estado e acesso total aos bens básicos para todos os cidadãos. Nesse cenário surgem nomes como Elizabeth Warren.

Por fim, há os socialistas americanos, uma classe pouco presente, principalmente se comparada à América Latina. É de onde vem Bernie Sanders e, no geral, recebe pouca aceitação por parte do grande público, já que bate de frente com boa parte dos predicados culturais e políticos do resto do país.

Obama teve de se esforçar para justificar seu programa de saúde pública. Foto: Spencer Irvine/Accuracy in Media

Oficialmente intitulado Affordable Care Act, é o nome dado ao projeto para a saúde feito pela administração Obama. O Obamacare é uma transformação parcial do modelo de saúde pública do país, ainda não proporcionando acesso universal ao serviço. Entre as novas regras estabelecidas estão um maior número de seguros, descontos de imposto subsidiados pelo governo para pessoas físicas, criação de novas opções de obtenção de seguro e — o item mais polêmico — medidas para obrigar que todo empregador com mais de 50 funcionários pague seguro para seu trabalhadores em tempo integral.

Para os republicanos, o projeto é negativo pois aumenta o tamanho do Estado— que passa a gastar mais e cobrar mais impostos — e desestabiliza o empregador americano, que passa a gastar mais dinheiro por cada funcionário e abre mão de competitividade internacional.

Notícia nos últimos meses — e chamada de emailgate por alguns veículos de imprensa americana — , a polêmica com Hillary Clinton se deu pela procedência dos e-mails da candidata durante sua função como secretária de Estado. Como revelado pelo The New York Times, Clinton não teria usado o endereço eletrônico disponibilizado pelo governo para seus funcionários e, assim, cuidou de sua correspondência como secretária de Estado diretamente da sua conta pessoal.

Vista como uma atitude para esconder suas informações da população, a utilização do e-mail pessoal de Hilary foi altamente questionada na mídia, especialmente levando em consideração o passado turbulento do casal Clinton com transparência pública. A repercussão foi tanta que a candidata ofereceu entregar dezenas de milhares de páginas de seus e-mails enviados durante aquele período para conhecimento público.

Tanto o Partido Democrata quanto o Republicano são usualmente associados a uma cor e um animal. Os democratas são os “azuis” e seu mascote um asno, enquanto os republicanos, “vermelhos”, são representados por um elefante. Isso remonta a charges publicadas em meados do século XIX.

Ambos foram cunhados por Thomas Nast, cartunista que trabalhava para a Harper’s Magazine nos anos 1870. O asno já havia sido associado aos democratas nas eleições de 1820 e, retomando o símbolo, Nast criou uma charge mostrando um asno vestido em pele de leão, que assustava todos os outros animais do zoológico, menos o elefante — que ele associou aos republicanos. Desde então ambos os partidos são comumente ligados aos animais.

Matéria escrita por Daniel Salgado, revisada por Nícollas Witzel e editada e ilustrada por João Brizzi.

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