Leonardo Dominiscki
O Parrote
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7 min readDec 24, 2014

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ހ Dec, 24 2014 ހ

À beira de uma revolução tecnológica

Quem está preparado para as transformações das próximas décadas?

A espécie humana surgiu há cerca de 200 milhões de anos atrás. Há 50 anos um ser humano pisou pela primeira vez em outro corpo celeste. Há cerca de 15 anos, um ser humano (eu) tem acesso a uma rede de conexão global que me permite buscar qualquer informação instantaneamente para produzir um texto como este, que pode ser compartilhado numa rede social que existe há 10 anos, com o recurso da linha do tempo. E de uns cinco anos pra cá, as pessoas tem tido acesso em massa a toda essa conexão por meio de aparelhos de dez centímetros que podem ser levados para qualquer lugar.

Todos os seres humanos que a civilização tem notícia estão habitando a Terra neste momento. Com exceção de três astronautas russos, dois norte-americanos e uma italiana. O único traço humano na superfície de outro planeta é o Robô Curiosity, que neste instante está explorando a superfície de Marte. E talvez você não tenha se dado conta, mas além de estar todo o tempo ao nosso redor, as máquinas também estão explorando o espaço sem que a gente precise ir até lá pessoalmente.

As Máquinas

Ele é capaz de explorar outro planeta sem depender de ninguém

Tecnologia é um termo que caracteriza aplicações técnicas e científicas, o que torna possível considerar que ela já existe desde antes do homem lascar a primeira pedra. Observando a história da tecnologia, talvez o que haja de mais marcante, é que quanto mais avança, mais curto é o espaço de tempo de uma evolução para outra. Há 20 anos, a ideia da existência de um aparelho sem fio que te mantém em conexão simultânea com pessoas de todo o mundo era impensável. Hoje, é banal. Isso porque crescimento de utilização e desenvolvimento das máquinas é exponencial.

Países mais desenvolvidos e que investem na área, já são capazes de projetar um futuro com um domínio quase absoluto dos robôs nos serviços hoje praticado por seres humanos. As máquinas são capazes de fazer todo o trabalho de manufatura e estocagem nas fábricas, inclusive atividades em mineração e metalurgia. Já existe um início de automação do transporte, com carros e trens que não precisam ser conduzidos. Recentemente, um prédio de trinta andares foi erguido na China em quinze dias, tendo sua maior parte no processo robotizado. Os robôs já são capazes de dominar todo o serviço em agricultura, proprietários de restaurantes já tem acesso a máquinas que fazem todo o processo culinário sem necessidade de um chef, também o atendimento e entrega dos pratos requisitados pelos clientes em fast-foods já são automatizados em alguns lugares. E se você acha que os robôs não são bons cozinheiros, sugiro que você nunca compre uma cafeteira, uma torradeira ou uma sorveteira, porque esses aparelhos nada mais são que robôs primatas cozinhando para você.

As grandes vantagens de se ter robôs fazendo todos esses trabalhos é que eles não se cansam, não recebem salário e geralmente fazem as tarefas com muito mais precisão e eficiência que um ser humano, tudo o que se precisa é energia para mantê-los funcionando até 24 horas por dia, se necessário. Daqui a algumas décadas pode ser possível sair de casa às 3 da manhã, ir até uma loja ou um fast-food, escolher o produto numa vitrine digital e receber o produto de forma parecida com o que acontece com máquinas de refrigerante. E a lógica da máquina de refrigerante pode ser aplicada numa grande variedade de produtos, desde roupas e acessórios, até um sanduíche do Subway.

Vitrine de roupas e tênis interativa

Se ainda não está convencido e acha que esses trabalhos são básicos e repetitivos, pense que a internet já concentra uma grande quantidade de conhecimento e informação muito variada, o que pouco a pouco vai tornando o trabalho dos professores muito limitado, ainda mais com a popularização de canais de vídeos onde pessoas dão aulas sobre determinado assunto, e aquilo fica registrado, sem que a pessoa tenha que dar aquela aula outra vez na vida. E embora a inteligência artificial seja mais complexa, é inevitável a criação de sistemas virtuais que tiram dúvidas, preparam provas e as corrigem com precisão e imparcialidade.

Outra área que vem se robotizando é a saúde, que já utiliza muita tecnologia na área de pesquisa, produção de remédios, e inclusive cirurgias complexas que exigem muita destreza e anos de treinamento de um cirurgião de carne e osso.

Robôs cirurgiões ainda não são 100% automatizados

Todos esses avanços podem parecer surreais e que requerem um processo longo para se popularizarem, mas se você observar os últimos anos no Brasil, cada década carrega uma evolução particular bastante caracterizada. Em meados dos anos 80 começa o processo do computador pessoal, que veio a se popularizar nos anos 90. Por volta de 1996 a internet começa a se tornar aproximadamente como a conhecemos hoje, e se populariza durante os anos 2000. Em 2007 incia-se a comercialização de smartphones, que já são acessíveis para pessoas de baixa-renda na metade da década de 10.

Tudo isso traz a pergunta de qual será a tecnologia da próxima década, e eu já tenho um palpite.

As Máquinas que produzem tudo

Como seria um mundo em que as pessoas tivessem uma “fábrica de tudo pessoal”?

A foto acima mostra uma mini-escultura do mestre Yoda sendo reproduzida a partir de uma impressora 3D, que é uma máquina que, diferentemente das impressoras convencionais que imprimem informações e imagens bidimensionais, imprime qualquer coisa em terceira dimensão.

Sim, qualquer coisa. Já existem impressoras 3D que imprimem roupas, acessórios, máquinas, outras impressoras 3D, e até, pasmem, órgãos que podem funcionar dentro de um corpo humano sem a necessidade de transplante de um doador. Isso tudo depende de ter o arquivo baixado no computador e a matéria-prima necessária pra fazer acontecer.

Abaixo, coisas que foram impressas.

Casas.

Uma réplica do rosto do boymagia.

Nutella!

Um carrão feioso. (Homens não-inclusos)

Uma pistola que funciona.

Essa eu prefiro não comentar.

Maquetes. (O trabalho de escola vai ganhar um upgrade)

Próteses estilosas.

Um bom presente de dia dos namorados.

Uma infinidade coisas, úteis e inúteis, que trazem a grande questão sobre qual a maneira que vamos nos relacionar com essa nova tecnologia. Isso depende muito da acessibilidade e do Open Source, que é o compartilhamento gratuito de tecnologia via internet, que pode ser usado para compartilhar e manter um banco de dados de arquivos para impressoras 3D sem nenhuma restrição e pagamento. É o conhecimento técnico humano distribuído livremente sem ser mercadoria.

O ser humano E a máquina

Todo esse avanço pode ter mais contras do que prós. Isso vai proceder da maneira como a sociedade e o indivíduo vão se adaptar a ele. Máquinas fazendo quase todo o serviço do mundo vai gerar uma grande onda de desemprego que pode ser boa ou ruim, dependendo da maneira como o sistema vai lidar com isso. Também é ciente que essa tecnologia não chega com a mesma velocidade para todos os países e todas as pessoas, é possível dois países viverem em duas realidades urbanas absolutamente distintas.

Mas se tivermos a capacidade de olhar todas as possibilidades que se abrem com essas novas tecnologias, conseguimos perceber que é uma questão de inteligência e sensibilidade conseguir produzir até o fim do século um planeta em que, se houver trabalho, será mínimo, as opções de entretenimento serão infinitas, e haverá a acessibilidade a muito do que se pode e não pode imaginar.

Tudo isso, claro, aliado a sustentabilidade e saúde mental.

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