Investigação aponta mortes cometidas por policiais em São Paulo

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2 min readDec 21, 2015
Foto: Reinaldo Meneguim/Democratize

Em reportagem da Agência Pública, foi analisado todos os casos das mortes cometidas por policiais militares em São Paulo no ano de 2014. Foram 330 ocorrências, mas apenas a mesma história: a do jovem, negro, morador de periferia, suspeito de algum roubo, e que acaba alvejado por tiros da PM.

Reportagem feita por Ciro Barros, Iuri Barcelos e José Cícero da Silva pela Agência Pública de Jornalismo analisa detalhe por detalhe os assassinatos cometidos pela Polícia Militar de São Paulo no ano de 2014. Segundo a investigação feita através dos boletins de ocorrência, roubos motivaram 86% das operações letais; nesses casos, 17 PMs ficaram feridos e nenhum morreu.

O trabalho começou com seis meses de pedidos pela Lei de Acesso à Informação, na tentativa de obter todos os 330 boletins de ocorrência (BOs) que resultaram na morte de 396 pessoas. A burocracia enfrentada para que uma equipe de jornalismo tenha acesso a tal tipo de informação mostra claramente como a política de transparência é um fator a ser analisado de forma crítica na instituição pública, e principalmente quando o assunto é Segurança.

Segundo a reportagem da Pública, o enredo de uma intervenção letal da Polícia Militar (PM) em São Paulo começa com um homem jovem e negro suspeito do crime de roubo nas ruas da capital paulista. A PM sai em perseguição e, quando o encontra, os policiais são supostamente recebidos a tiros. Os PMs então “revidam a injusta agressão”, no jargão dos boletins de ocorrência — ou seja, atiram de volta. E são certeiros: poucos personagens dessa história sobrevivem. As armas das vítimas da PM costumam ser de baixo calibre: apenas seis entre as 271 supostamente apreendidas eram de alta potência, como fuzis ou escopetas.

Gráfico: Agência Pública de Jornalismo

Alguns dos dados coletados pela reportagem:

- a PM mata quando protege o patrimônio: em apenas duas vezes o crime que motivou a intervenção policial foi o homicídio ou latrocínio;
- das armas supostamente apreendidas com as vítimas, apenas 6 das 271 que encontramos eram de grosso calibre;
- apenas 3,5% das intervenções aconteceram nas 10 regiões mais ricas da cidade;
- 85% das vítimas da PM são jovens, 31% menores de idade;
- 65% são negros;

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.

Assista ao mini-documentário produzido por Ciro Barros para a Agência Pública sobre o tema:

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