Da rua ao sambódromo: a padronização do samba

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2 min readFeb 8, 2016
Foto: Reinaldo Meneguim/Democratize

Em clima de carnaval, o Democratize conversou com mestre André, um dos personagens da história do carnaval paulista e responsável pela formação de mestres-salas e porta-bandeiras de São Paulo. Na entrevista, ele chama a atenção para o resgate das tradições e o embranquecimento do samba.

Aos 70 anos, destes, 63 dedicados ao samba, Sebastião André, conhecido por mestre André, prepara os casais de mestre-sala e porta-bandeira por meio da Associação de Mestres-Sala, Porta-Bandeiras e Estandarte do Estado de São Paulo (AMESPBEESP). Acumula uma extensa bagagem sobre o carnaval, lembrando que o samba tem raízes africanas, e chama atenção para o embranquecimento da manifestação cultural.

“Em São Paulo, os primeiros movimentos aconteceram em 1833, com o licenciamento do governante da época para que houvesse o batuque de congada, moçambique e todas as manifestações negras, que existiam na praça da igreja Nossa Senhora do Rosário, o que antes era reprimido”, relata. As batucadas também aconteciam em bairros como Brás e Liberdade. Posteriormente, na década de 1850, surgiu o bloco abolicionista “Os zuavos”, que deu origem a outros grupos com o mesmo caráter, como o “Exército D’África”.

Em Pirapora do Bom Jesus, no interior no estado, o batuque tinha uma presença muito forte nos barracões, que eram frequentados por romeiros de todo estado, e era também o local onde a comunidade negra se reunia para tocar o tambu — instrumento de percussão feito de madeira — e dançar. A batida forte da batucada foi influência para o samba paulista.

No início do século XX, surgiram as primeiras escolas de samba de São Paulo, entre as quais a Camisa Verde e Branco, com o Grupo Carnavalesco da Barra-Funda, e a Vai- Vai, com o Bloco dos Esfarrapados e em paralelo com o Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae. “As associações e ligas foram as responsáveis por criar o carnaval que temos hoje em São Paulo. Muito bonito, embora entristecido, porque antigamente saíamos tocando por vários quilômetros e era só alegria. Atualmente, temos um desfile com aparência militar, todos enfileirados e com tempo marcado para passar”, lamentou.

Confira a entrevista:

Texto por Carol Nogueira, jornalista e colaboradora da Agência Democratize

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