Na Alemanha, movimento de extrema-direita anti-imigração vira partido político

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3 min readJul 20, 2016
Foto: Reuters

O Movimento Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida) acaba de anunciar a sua construção como partido político, adotando o nome de Partido Popular para a Liberdade e a Democracia Direta. Trata-se do primeiro passo institucional na política de uma nova extrema-direita, cada vez mais mobilizada na Europa.

O movimento de extrema-direita, racista, xenófobo e islamofóbico Pegida irá se tornar um partido político. Seu líder alemão, Lutz Bachmann, deixou claro que tem como objetivo não fazer concorrência à Alternativa para a Alemanha (AfD, também de extrema-direita). A ideia do partido do Pegida é fazer base aliada ao AfD nas eleições legislativas de 2017, mas apresentando candidatos próprios ao mesmo tempo.

O Pegida é um novo traço do ultra-nacionalismo europeu do século XXI. Surgiu em 2014, com a realização de manifestações anti-imigração em Dresden, tendo grande popularidade no sul da Alemanha. O movimento já foi alvo de vários processos judiciais por incitação ao ódio e em maio do ano passado, Bachmann foi condenado pela justiça alemã a pagar mais de 9 mil euros, ao ter sido condenado por esse tipo de crime.

Trata-se do primeiro passo institucionalizado da nova extrema-direita no país, que ganha cada vez mais adeptos por conta dos ataques terroristas cometidos pelo Estado Islâmico em países da Europa.

Líderes alemães do Pegida durante manifestação do grupo em Dresden | Foto: Getty Images

Entre os apoiadores da organização estão figuras conhecidas do partido de extrema-direita Partido Nacional Democrata Alemão, além de hooligans de times de futebol. Segundo Werner Schiffauer, diretor do Conselho de Migração, o movimento é mais forte entre as pessoas que nunca conviveram com estrangeiros e entre alemães orientais, que nunca aceitaram a República Federal e agora sentem que não são ouvidos.

Desde sua construção em 2014, o grupo cresce ao redor da Alemanha e da Europa. Em 2014, em sua primeira manifestação pública em Dresden, apemnas 350 compareceram ao chamado dos extremistas. O número aumentou para mais de 10 mil, cerca de dois meses depois, chegando ao ápice em janeiro de 2015, após os primeiros ataques terroristas na França, com mais de 25 mil pessoas.

Em outros países como França, Reino Unido, Bélgica e Itália, o Pegida também conta com “sub-células”, que são organizações que respondem de forma independente ao núcleo alemão, mas carregam o nome e bandeira do movimento.

Em seu manifesto, o grupo pede: aumentar o orçamento da polícia; tolerância zero para os imigrantes e refugiados que tenham cometido crimes; oposição a ideologias misóginas e violentas, à exceção de muçulmanos assimilados e politicamente moderados; apoio à auto-determinação sexual e oposição à sexualização precoce de crianças; proteção da cultura judaico-cristã da Alemanha; oposição à exportação de armas para grupos radicais e não-permitidos, como o caso do PKK (partido curdo), entre outros.

Por diversas vezes nos últimos 2 anos, confrontos aconteceram entre manifestantes do Pegida e a chamada “Ação Antifascista”, que costuma realizar manifestações contra o grupo de extrema-direita no mesmo horário e em locais próximos.

A nova extrema-direita européia, que já conta com governos radicais no leste europeu em países como Húngria e Polônia, começa a ganhar corpo também nos países mais desenvolvidos.

Além do Pegida, a Frente Nacional de Marine Le Pen, da França, é vista como favorita para as próximas eleições presidenciais do país, tendo em vista o cenário político e econômico catastrófico sendo deixado pelo presidente de centro-esquerda, François Hollande.

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