No carro de som, políticos acusados de corrupção discursam contra a corrupção

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4 min readMar 15, 2016
O senador Ronaldo Caiado (DEM) | Foto: Sidney Lins Junior

Dos 9 políticos que discursaram no carro de som do Movimento Brasil Livre em São Paulo, durante manifestação do dia 13, pelo menos 7 já foram acusados de corrupção na Justiça.

Segundo o site de notícias Nexo, cerca de 9 políticos com maior “representatividade” discursaram no carro de som do Movimento Brasil Livre, durante protesto pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff e contra a corrupção. Curiosamente, das 9 figuras citadas, pelo menos 7 já responderam por algum processo envolvendo corrupção.

Ainda segundo o Nexo, os políticos foram escolhidos a dedo pelos organizadores do protesto: “Nós trouxemos aqui os líderes da oposição, porque para o impeachment acontecer é preciso a política”, afirmou Renan Santos, um dos membros do Movimento Brasil Livre.

Veja abaixo o que foi dito por cada um deles, e do que já foram acusados.

Mendonça Filho - Deputado Federal do DEM/PE

Disse:
“Vim a essa terra maravilhosa, nesse dia histórico. O povo brasileiro fez a sua parte, agora vamos para o Congresso. Não há espaço na política para ficar em cima do muro. Vamos pressionar o Congresso para tirar o PT do poder.”

Do que já foi acusado:
Um documento relacionado à Operação Castelo de Areia, que prendeu diretores da construtora Camargo Corrêa em 2009, cita uma contribuição de R$ 100 mil de uma empresa do grupo ao ex-governador de Pernambuco José Mendonça Filho, do DEM. O documento também fala em outros R$ 300 mil para o PMDB, mas sem especificar candidato ou região. No caso do PMDB, o documento reproduz a expressão “aprovado por fora”, que teria sido dita na conversa gravada.

Darcisio Perondi - Deputado Federal do PMDB/RS

Disse:
“Com vocês estamos mudando o Brasil, sem ódio, sem medo, com coragem e muita esperança. Quando a rua quer, quando o povo quer, o Congresso não vai dizer não. Não aguentamos mais esse governo.”

Do que já foi acusado:
Em 2004, o Ministério Público abriu uma Ação Civil de Improbidade Administrativa para investigar atos do médico e deputado Perondi. Segundo as investigações, ele e outras 13 pessoas cobravam consultas médicas de pacientes enviados pelos municípios vizinhos para atendimento no SUS.

Carlos Sampaio - Deputado Federal do PSDB/SP

Disse:
“Tenho muito orgulho de representar São Paulo na Câmara. [Agora] é cobrar os deputados, ir pra cima. Chega de roubalheira, chega de PT.”

Do que já foi acusado:
Líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio doou cerca de R$40 mil para a sua própria campanha política em 2014. Porém, o que chamou atenção foi o fato da doação dele para ele mesmo não ter saido de suas contas bancárias: foi em dinheiro vivo, e sem que ele tenha declarado possuir dinheiro em espécie em sua declaração de bens, da qual também não consta nenhuma atividade econômica que possa receber dinheiro em espécie. Curiosamente, na mesma época, o deputado Aníbal Gomes (PMDB/CE) foi denunciado ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por crime de falsificação de documentos para fins eleitorais. Aníbal teria feito exatamente a mesma coisa que Sampaio: doações dele para a sua própria campanha por meio de depósitos em dinheiro vivo.

Pauderney Avelino - Deputado Federal do DEM/AM

Disse:
“São Paulo é a síntese do Brasil. E hoje São Paulo está dizendo para o Brasil inteiro: Fora PT! Este recado vai chegar ao Congresso. Aqueles deputados que ainda estão em dúvida… Hoje é dia de sair de cima do muro e ficar do lado do povo!”

Do que já foi acusado:
Em 2001, Pauderney foi acusado de fraudar fita sobre o senador Jader Barbalho (PMDB), em um esquema de propina na Sudam.

Roberto Freire - Deputado Federal pelo PPS/SP

Disse:
“O movimento é pluralista e o que nos une é retirar do poder a quadrilha que lá está. Os parlamentares que ainda sustentam o governo precisam ser pressionados. Não podemos discriminar ninguém, salvo o PT.”

Do que já foi acusado:
Durante investigação do chamado “Mensalão do DEM”, um vídeo mostrava a diretora de uma empresa acusando o PPS de praticar chantagem, e de pedir propina para manter um contrato de R$19 milhões com a Secretaria de Saúde, comandada então pelo deputado Augusto Carvalho. Parte do dinheiro, segundo o diálogo no vídeo, teria sido destinada ao presidente do partido, Roberto Freire.

Nilson Leitão - Deputado Federal pelo PSDB/MT

Disse:
“Em 2011 éramos 80 deputados na oposição. Ninguém acreditava que chegaríamos aqui. O Brasil é vocês, cada um que sonha com um país melhor. O político hoje não representa vocês, vocês que representam todos nós. Não interessa o poder econômico, não interessa a escolaridade, o que interessa é que somos verde, amarelo, azul e branco. E que não somos vermelho!”

Do que já foi acusado:
O então prefeito de Sinop, Nilson Leitão, foi acusado por desvio de dinheiro público e atos de improbidade administrativa em pelo menos cinco denúncias elaboradas pelo Ministério Público Estadual. Uma delas, envolvia fraudes em licitações e superfaturamento em materiais para a rede de água e esgoto, um crime que teria gerado prejuízo superior a R$217 mil aos cofres municipais. http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=286110, durante a Operação Navalha, pela Polícia Federal.

Ronaldo Caiado - Senador pelo DEM/GO

Disse:
“Basta de PT, basta desse governo corrupto. Quero dizer que não vamos decepcioná-los na tribuna do Senado. [Vamos dar] um basta, dentro da legalidade, dentro da Constituição. Nós vamos retirar o PT do poder e restaurar a autonomia e a democracia no país. Há certeza absoluta que agora temos uma meta só: derrubar o PT. É a reta final! Parabéns Renan [Santos, do MBL] por terem saído andando até Brasília. E pode ter certeza, você estará conosco no Congresso Nacional representando todo esse povo.”

Do que já foi acusado:
Em 2009, o então deputado federal Ronaldo Caiado foi acusado pela Procuradoria Eleitoral de ser responsável pela captação e uso ilícitos de recursos durante sua campanha eleitoral de 2006. Diante disso, o Ministério Público em Goiás havia entrado até mesmo com um recurso no TSE, pedindo a cassação de seu mandato no Congresso.

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