A Parada LGBT reúne milhões em São Paulo seguindo o lado oposto do Congresso

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3 min readMay 30, 2016
Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

A Parada LGBT em São Paulo reuniu milhões de pessoas neste domingo (29), em um grito completamente oposto ao ouvido nas galerias e plenário do Congresso Nacional. Protestos contra a bancada evangélica e o presidente interino Michel Temer foram “impossíveis de brecar”, segundo a organização da parada.

Durante a semana, os organizadores da 20ª Parada do Orgulho LGBT afirmaram que estavam fazendo todos os esforços para evitar mensagens políticas em cima dos trios elétricos.

Mas foi bem diferente disso.

Pelo menos 2 carros do evento se manifestaram contra o presidente interino Michel Temer e contra parlamentares da chamada “bancada evangélica”, liderados por figuras como Marco Feliciano (PSC). Manifestantes carregavam cartazes com os dizeres “Temer jamais” e “Marta traíra”, em referência ao apoio da senadora do PMDB ao impeachment de Dilma Rousseff.

Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

Os deputados Jean Wyllys (PSOL) e Orlando Silva (PCdoB) discursaram contra o impeachment de Dilma e contra o novo governo, lembrando a falta de diversidade na gestão de Temer, que formou ministérios só de homens.

A mesma coisa havia acontecido recentemente em outro evento na cidade de São Paulo — a Virada Cultural.

Artistas e público se manifestaram de forma unânime contra o presidente interino e o impeachment de Dilma, além da decisão já cancelada de fechar o Ministério da Cultura, o que causou ocupações de artistas em vários prédios públicos pelo Brasil.

Por conta desses protestos, a bancada do PMDB na Câmara dos Vereadores de São Paulo decidiu entrar com um processo de investigação contra a prefeitura, que é administrada pelo petista Fernando Haddad. Segundo a bancada do partido, Haddad teria utilizado a “máquina pública” para bancar protestos contra Michel Temer. O petista nega as acusações, já que as manifestações foram espontâneas e feitas de acordo com a vontade dos artistas e do próprio público, afirmando que o posicionamento da bancada do PMDB é autoritária, pregando a censura em um evento público e democrático.

Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

Por isso, o receio da organização de permitir manifestações públicas nos carros de som durante a Parada LGBT.

Mas não teve jeito — eles ocorreram, e mostraram que a opinião pública e a diversidade caminham exatamente pelo lado oposto do Congresso Nacional, principalmente das bancadas mais conservadoras, como é o caso da evangélica.

Por exemplo, pouco menos de um ano atrás o deputado e pastor Sóstenes Cavalcante (PSD) defendeu o que seria uma “bolsa ex-gay”.

Sua fala ocorreu justamente em uma adiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, quando pessoas que se classificavam como “ex-gays” davam depoimento. O deputado e pastor defendeu a concessão de um benefício mensal às pessoas que “deixaram a homossexualidade”. Seu projeto seguiria os moldes do Bolsa Família, visando que a assistência visa “ajudar no auxílio psicológico das pessoas que deixaram a homossexualidade”.

Projetos e posicionamentos como o de Sóstenes Cavalcante são cotidianos em um Congresso dominado por um padrão específico da sociedade.

Com o crescimento da Parada LGBT ao redor do Brasil, cada vez mais politizada e buscando quebrar normas através de protestos, fica a esperança para a comunidade LGBT brasileira de tempos melhores na política.

Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

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