Coletivo Coiote

Colombina Sanglant
2 min readMar 25, 2015

Terrorismo com o Cu e a explosao escatologica.

Idem.

O Coletivo Coyote1, cujas performances abrangem temas como violência de gênero e colonização do corpo expressos de forma a acionar sensações bastante fortes quando levadas para as manifestações, teve seu público ampliado inclusive pela forte repercussão midiática.

Performance Coletivo Coiote na Cinelandia.

A sua estética vincula artefatos da religião afro, modificações corporais, como costura da boca e das genitais, o uso do nu e da máscara negra e a musicalidade do “Anarko Funk” — movimento musical de funk insurgente que relata os abusos policiais, as chacinas, o machismo e a homofobia. O Coletivo Coyote sofre hoje perseguição política no processo de criminalização de duas performances: uma, em junho de 2013, na Marcha das Vadias, em que os atores quebraram imagens de santo e enfiaram cruzes no anus enquanto cantavam “Chama a Revolta”, som de AnarkoFunk; a outra performance, em junho de 2014, em uma festa na Universidade Fluminense (UFF), em Rio das Ostras, em que o coletivo montou um cenário com velas, um crânio humano e outros objetos, uma das performancers deita, coloca uma bandeira do Brasil dentro da vagina e a costura. A performance foi categorizada na mídia como “ritual satânico” e o processo recaiu sobre o professor responsável pelo evento, que se manifestou a partir de uma nota esclarecedora, sobre a performance. O coletivo é alvo de vídeos de opinião evangélicos, ou de posicionamentos de direita, onde a prisão e o desmascaramento dos coioteirxs é colocada em pauta como exigência de todos os “cidadãos de bem”.

Coletivo Coiote, Performance Martechama, Lapa/Rio de Janeiro.

A atualização estética da violência traz na noção de dispêndio uma nova gestão do corpo, aquele que enfrenta a violência enquanto agente e não mais como vítima. Só podemos destruir aquilo que é nosso, destruir é uma forma de consumo, o autoflagelo é a expressão não falada de “Este corpo é meu”. O empoderamento se dá em uma relação agonística de destruição e auto-descolonização, enfatizando a caracterização estética da esquizofrenia, da sujeira, da homossexualidade como existências potenciais, afirmadoras de sentido e que denunciam a passividade enquanto cúmplice da violência higienista.

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