O marketing para empreendedores (Parte 1)

Vinícius Castro
6 min readFeb 23, 2016

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Acredito que todos que estão lendo este artigo já se depararam, pelo menos uma vez na vida, com a famosa frase do fundador da Ford Motor Company, Henry Ford:

“Se eu tivesse um único dólar, investiria em propaganda” — Henry Ford.

Hoje, quando acessei meu perfil do LinkedIn, me deparei novamente com essa frase, o que me fez refletir sobre o quanto o marketing evoluiu nas últimas décadas.

Algumas frases de pensadores brilhantes, como Henry Ford, já não fazem tanto sentido, e o grande motivo disso é bastante óbvio: estas frases foram escritas no início do século XX.

Você pode estar pensando, “como não faz sentido? Continuamos fazendo propaganda e sabemos que, de fato, é importante”. A grande verdade é que, na atualidade, fazer propaganda de massa é desperdício de dinheiro.

Você não precisa da propaganda de massa!

São poucas as empresas (e gigantes, por sinal) que ainda obtêm bons resultados com a propaganda de massa no Brasil. Exemplos dessas são a Unilever Brasil, Ambev, Caixa, Bradesco e Casas Bahia.

Convenhamos que, ao imaginar o faturamento destas organizações, não se torna nenhum pouco lógico, seguir suas estratégias de marketing.

Ford viveu em uma época em que as empresas buscavam influenciar de forma direta (leia-se interruptiva) a mentalidade do consumidor, para que estas se adequassem aos seus produtos.

Para facilitar a compreensão, basta se lembrar de uma famosa e controvérsia frase de Ford, que expressa bem o conceito do início do século passado:

“O carro é disponível em qualquer cor, contanto que seja preto” — Henry Ford.

Em 1908, Henry Ford utilizou o preço, dos 4Ps do Marketing, para popularizar seus produtos. Sua visão não era voltada para o cliente e o preço foi uma das suas principais forças de vendas.

Naquela época, os empresários que tinham recursos para investir em propaganda conseguiam impactar seu público-alvo. No entanto, eram necessários recursos financeiros altíssimos.

O próprio Ford criou, em 1908, um sólido sistema de publicidade em Detroit para garantir que todo jornal transmitisse notícias e anúncios sobre o novo produto que havia lançado: o Ford Model T.

A propaganda no início do século XX e o marketing atualmente

Voltando para a atualidade, você consegue perceber as semelhanças entre a visão de Henry Ford, a propaganda no início do século XX e o marketing nos dias de hoje?

Para facilitar esta percepção, gostaria de compartilhar um trecho do ótimo texto do Henrique Ibaldo, que fala justamente sobre a mentalidade antiga do marketing que permanece na atualidade.

“Outro grande erro do marketing tradicional é ajudar a si mesmo ao invés de ajudar pessoas. Ontem mesmo assisti uma propaganda em que uma atriz global pede uma caipirinha ao garçom após pedir um suco e se justifica dizendo que com aquele adoçante tudo fica mais gostoso. O que a propaganda tentava resolver era o seguinte problema: pessoas que usam adoçante querem mesmo é usar açúcar. Então eles fazem uma atriz global te dizer que a marca deles é saborosa. E você acredita, pois confia na atriz. E você confia nela, pois a viu centenas de vezes.

Você confia no que viu centenas de vezes, pois seus antepassados interpretavam qualquer coisa estranha como uma possível ameaça. Psicólogos chamam o processo de confiar no que você vê diversas vezes de efeito de mera exposição. Viu só? Mais um medo primitivo usado contra você.
Agora, de que maneira isso é do interesse de quem é diabético ou de quem quer perder peso?”

E agora, ficou mais fácil perceber a semelhança entre o século passado e o atual?

A minha dica para os micros e pequenos empreendedores

Esqueça os casos de sucesso de multinacionais e procure estratégias de marketing que se adequem à sua realidade.

Nós nos baseamos muito nos EUA, o que é bom! A maturidade do mercado deles é muito maior, se comparada ao mercado brasileiro. O nosso problema, ao meu ver, é que nos baseamos de forma errada.

Os cases que acabam chegando para nós, brasileiros, nos cursos de administração, marketing, publicidade e propaganda, são baseados em atingir o maior número possível de segmentos. Algo muito generalizado. Então por isso, os cases de multinacionais ficam tão fixos em nossas cabeças.

Quem nunca analisou um case apresentado na faculdade, que não parecia aplicável ao nosso mercado ou, especificamente, ao seu pequeno negócio?

Foque em estratégias e ações que cabem no seu bolso

Um caso interessante é o pensamento de grande parte dos empresários que, quando estão começando a posicionar suas empresas na internet e decidem criar páginas nas redes sociais para os seus negócios, o fazem com o seguinte objetivo:

Fazer uma publicação viral, à la ‘Nissan’ (Pôneis Malditos) e ‘Dove’ (Retratos da Real Beleza).

Isto não quer dizer que você, empreendedor ou microempreendedor, não pode fazer um viral — Claro que pode! O que você tem que ter em mente é: isto demanda tempo e dinheiro para planejar, executar e também envolve riscos.

Novamente, foque em estratégias e ações que caibam no seu bolso. Utilize as redes sociais para melhorar o relacionamento com o seu cliente e aumentar os resultados.

Gerar seguidores em suas páginas nas redes sociais e direciona-los para o seu site, com o objetivo de gerar vendas, é uma boa ideia.

O empreendedor Conrado Adolfo (professor de pós-graduação da ESPM-SP, consultor e palestrante internacional) explica, neste artigo, o foco que os norte-americanos têm no nicho de mercado, comparado aos brasileiros.

“As pequenas parcelas de mercado que trazem a lucratividade. Dominar um nicho (um pedaço do segmento) é o objetivo de muitos deles. No Brasil, mesmo pequenos empresários querem ser tudo para todos. Pior erro que se pode cometer. O gasto de recursos é enorme e não atinge o objetivo.

Lá, a lei é “seja algo bem específico para somente algumas pessoas”. E seja lucrativo, por favor.”

Entenda as estratégias de marketing dos seus concorrentes

Qual é o tamanho da sua empresa? Pesquise na internet por empresas ou ideias semelhantes ao seu negócio e que estão se destacando no mercado.

Busque entender suas estratégias de marketing e o que está funcionando. Acredite, não será nada parecido com estratégias das Casas Bahia e da Ambev, por exemplo. Certamente são estratégias e ações que cabem no seu bolso.

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Grande abraço e bons negócios!

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