12 maneiras como fundações estão transformando a si mesmas para transformar seu impacto social

Rogério Silva
PACTO organizações regenerativas
3 min readApr 8, 2019

Lançado em 2018 pela FSG, o relatório Being the Change é de grande valor para quem está em busca de reinventar suas organizações. Fruto de pesquisa com mais de cem profissionais de fundações que atuam em diferentes temas e cenários sociais, a publicação pode ser tomada como estímulo e suporte a processos de mudanças estratégicas, operacionais e de cultura organizacional.

Segundo os autores, as fundações estudadas estão pautadas pelo pensamento de que mudar a forma como trabalham é fundamental para assegurar as transformações desejadas na sociedade. Para isso, acreditam que precisam estar mais preparadas para compreender, acessar e intervir nas condições subjacentes que produzem e mantêm os padrões de desigualdade. O estudo mostra também sua busca por novos padrões de inclusão e diversidade nas equipes e programas, por trabalhos intersetoriais e transdisciplinares e pela disposição verdadeira para incluir e colaborar com stakeholders.

12 maneiras como as fundações estão se transformando para transformar. Fonte: FSG (livre tradução)

Reafirmando a importância das doações para programas sociais, seu papel originário e fundamental, o relatório destaca a importância que as fundações têm conferido a formas complementares de apoio à sociedade civil. Nesta linha, elas têm procurado utilizar seus capitais políticos, técnicos e econômicos para transformar relações entre os atores de um ecossistema, para alterar dinâmicas de poder e influenciar processos decisórios em diferentes setores e, por fim, para fomentar as formas como as pessoas vêm, narram e se envolvem com as coisas públicas.

Para ampliar suas possibilidades de sucesso estratégico, o estudo ressalta que as fundações têm procurado ampliar seus portfólios de apoio em duas direções. Primeiro, na diversificação de parceiros, ativamente buscando atores tradicionais e não-tradicionais, formais e informais, públicos e privados e com formas diferentes de atuar. Segundo, na diversificação das estratégias de apoio ou nas expectativas de resultados, como resume a imagem a seguir.

9 abordagens comuns para produzir mudanças. Fonte: FSG (tradução livre)

Segundo os autores, o capital humano tem sido considerado a partir de seu potencial de multiplicar o impacto social, o que tem exigido equipes com mais espaço para se envolver com os atores da sociedade, para influenciar suas decisões e para usar os recursos técnicos e políticos das fundações de forma mais eficiente. Mais ativistas do que analistas, espera-se equipes com papéis diversificados e organizados em modelos que lhes confiram autonomia e lhes permitam correr os riscos inerentes aos que querem mudar a realidade social.

Da maneira como compreendi o estudo da FSG, há um chamado para que as organizações doadoras aproximem-se verdadeiramente das bases da sociedade, ampliem seus canais de relacionamento e colaboração, corram mais riscos e preparem equipes para uma forte orientação política.

É neste sentido que a pesquisa destaca a demanda por equipes que desenvolvam cinco competências essenciais: (a) cultivem se mantenham curiosas e aprendizes, (b) ajam com humildade, (c) trabalhem de forma colaborativa, (d) sejam orientadas estrategicamente e (e) estejam prontas para se adaptar aos contextos complexos em que atuam. Tais afirmações não deixam de ser uma maneira charmosa de dizer que as fundações do futuro precisam ter equipes que saibam sonhar junto com outros, mas que saibam também caminhar com os pés no chão.

--

--

Rogério Silva
PACTO organizações regenerativas

Sócio da Pacto, é doutor em saúde pública pela USP, psicanalista pelo CEP e consultor em avaliação, estratégia e cultura organizacional