Fintechs - Por que trabalhar nesse novo mercado?

Jéssica Mazza
pagarme
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6 min readApr 20, 2021

O ramo de fintechs é o novo hype do mercado brasileiro (e global, em certa medida). Hoje, vemos que a maioria dos unicórnios são desse meio e até grandes empresas de outros mercados vêm criando os seus próprios desmembramentos fintechs. Todos os holofotes estão virados para o segmento, mas esse negócio tá com essa bola toda mesmo? O que movimenta esse setor e quais as suas perspectivas de futuro? E no fim das contas, vale a pena trabalhar com isso?

Muitas dúvidas surgem para quem vê esse universo de fora e sabemos que apostar em algo que é desconhecido sempre gera ansiedade. Eu não sou o Warren Buffet pra você confiar de olhos fechados, mas posso te contar a minha história e, quem sabe, te ajudar a desvendar esse universo antes de se jogar com tudo. (E se você não entendeu a piada do Buffet, te explico também.)

PARTE 1 — Como eu cheguei aqui

Vou começar do começo. Quem eu sou? Jornalista de formação, nascida no início dos anos 90, portanto millennial, e desde sempre apaixonada por esportes. Quando chegou a hora de pensar em carreira, aquele clássico mix de considerações me tomou: a pressão dos pais boomers por ter sucesso financeiro na casa dos 20 e a saga dos millennials de trabalhar com algo que amam. Acabou que o segundo critério falou mais alto e fui estudar jornalismo para trabalhar com esportes.

E de fato trabalhei. Fiquei um tempo no jornal Lance!, focado em esportes, e tive uma passagem pelo O Globo também. Ambas foram experiências incríveis e reveladoras, me mostraram o que eu amava e o que eu odiava. Surpreendentemente eu odiava ser jornalista, não gostava da profissão de repórter mesmo, sair para entrevistar pessoas etc. Mas dei sorte de receber uma proposta para tocar projetos comerciais no Lance! e descobri o que eu amava: relacionamento. Lidar com clientes, com times internos e fornecedores é a minha paixão. Long story short, percebi nessa experiência que o que eu gostava não estava limitado aquele mercado, e eu tinha muito a explorar nesse mundão.

Comecei a procurar e encontrei a Stone Co., uma empresa nova, com uma cultura bacana, um processo seletivo diferentão e, sobretudo, sem limitação de curso para contratação. Sei que quem estuda administração, economia ou engenharias não passa muito por isso, mas nós, estudantes/formados em outros cursos, temos dificuldades em encontrar processos seletivos de trainee, por exemplo, que aceitem nossa formação.

Pois bem, entrei na Stone e descobri que não era só eu que tinha mudado totalmente o rumo da carreira. Trabalhei com pessoas fisioterapeutas, biólogas, economistas, engenheiras e por aí vai — retrato de que qualquer hora é hora de mudar e isso é possível! — Desde quando comecei a trabalhar no grupo, já se foram mais de cinco anos, eu aprendi e ainda aprendo muito desse mercado, e não me acanho em dizer que faço campanha para trazer os amigos comigo, e garanto que oportunidades não faltam!

PARTE 2 — De onde surgiu tudo isso?

O crescimento do ramo de fintechs no Brasil se baseia muito no mercado e na competição, mas além disso, também se baseia na base regulatória construída para que esse crescimento pudesse ocorrer. Desde o início dos anos 2000, o Banco Central trouxe avanços importantes para o mercado financeiro, tais como a Lei do Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB), a abertura do mercado de adquirência como fim dos monopólios, a criação da figura da Instituição de Pagamento, e por último — e talvez mais famoso — a criação do SPI, Sistema de Pagamentos Instantâneos — a estrutura do Pix.

Todos estes marcos tornaram o mercado financeiro brasileiro mais seguro, e assim mais atraente para pequenas empresas começarem a competir com os grandões, trazendo competição, e junto dela, inovação.

Dando como exemplo o meu mercado — que é o que tenho mais propriedade para falar — até o início dos anos 2010 existiam apenas dois players de adquirência (maquininhas de cartão) no Brasil, e cada um processando uma bandeira. Dessa forma o lojista precisava ter uma máquina de cada para poder aceitar os cartões dos clientes, e não tinha poder de negociação. A partir da ação do BC e CADE houve a quebra de monopólio das bandeiras com os adquirentes e o mercado se abriu para novos entrantes, que trouxeram consigo competição e inovação.

A entrada dos novos players fez com que os preços finais para os lojistas diminuíssem, além de trazer uma melhora tecnológica, um melhor atendimento ao cliente e vários outros benefícios. As novas empresas não só trouxeram os seus avanços tecnológicos como também fizeram aqueles que já estavam no mercado se mexer. A velocidade de expansão dos parques de maquininhas e dos meios de pagamento online acelerou como nunca. Todo cliente, mesmo que pequenininho, passou a ser importante. Em resumo, a entrada dos novos players não foi só para dividir o bolo com mais gente, foi para fazer o bolo crescer mais e mais rápido, e com mais qualidade.

Além disso, outras mudanças aconteceram também no mercado de capitais, de crédito, de contas (‘bancos digitais’) e tudo mais que se pode passar a inventar daí pra frente. É nesse contexto que as conhecidas fintechs surgiram e vêm se desenvolvendo.

O Brasil é um país enorme, e com uma população ainda muito desbancarizada, com pouco acesso a crédito, investimento e uma simples conta. O que todas essas fintechs estão fazendo é levando uma nova vida financeira para todas as pessoas que até então estavam excluídas. Os SuperApps, por exemplo, como Ame e Picpay, tornam possível que qualquer um com um documento em uma mão e um celular na outra, possa fazer compras online, receber um Pix e ter uma conta com seu nome. Não é exagero dizer que vivemos uma revolução financeira, e é incrível fazer parte disso.

PARTE 3 — Mas, Jéssica, como é trabalhar aí?

A maior parte das empresas deste mercado começou como startups, pequenas empresas que criam um sentimento de pertencimento muito grande entre seus colaboradores. Por ter um time reduzido no começo, faz-se de tudo, aprende-se muito e se cresce muito rápido.

As principais fintechs que temos por aqui já não são mais pequenas, portanto, quando você é contratado tem uma missão mais definida, uma trilha de carreira um pouco mais desenhada, mas a cultura do crescimento exponencial e a liberdade da carreira em Y seguem em seu DNA.

Você pode começar na área Customer Success (que é o time responsável por cuidar dos clientes), aprender muito sobre algum problema que resolveu, se dedicar a aprender sobre isso, e ao invés de crescer linearmente, pensando por exemplo em se tornar especialista ou líder naquela área, migrar para um time de produto, desenvolvimento e por aí vai.

Como eu falei no começo deste artigo, temos pessoas de inúmeras formações por aqui, e isso se deve também a muitas profissões serem novas e — ainda- não terem uma formação acadêmica específica. O que buscamos são pessoas com alto potencial, vontade de aprender, e dispostas a resolver muitos problemas e pensar em ainda mais soluções.

Muito do que fazemos aqui é completamente novo. Não temos um benchmarking, muitas vezes a regulamentação vem depois de o produto já estar na rua, e fica em nossas mãos definir melhores práticas, moldar produto e mercado.

Ainda existe muita coisa a ser pensada e construída nesse universo. Nosso Brasilzão está ansioso por novos meios de pagamento, melhores e mais baratos serviços de conta e crédito, acesso mais democrático a plataformas de investimento… isso sem falar do Open Banking, que vem pra sacudir a nossa estrutura financeira e deixar tudo isso que eu citei acima ainda mais integrado, fácil e democrático.

Não é à toa que os investidores — brasileiros ou estrangeiros- estão de olho na gente. Stone, XP, Nubank, iFood… todos estão na mira do mercado internacional, inclusive de Warren Buffet, conhecido como um dos maiores investidores do mundo, e conhecido também por não errar ao apostar em novos negócios. E se ele está de olho aqui… acho que vale a pena arriscar!

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