Uma multidão de entregadores se reúne em protesto na cidade de São Paulo. Foto: Pedro Stropasolas.

#BrequeDosApps: Seleção de conteúdos para entender a greve nacional que marcou o país

Entregadores de aplicativos de todas as regiões do Brasil pedem melhores condições de trabalho

Página Dezenove.
Published in
4 min readJul 2, 2020

--

Escreveu Lucas de Andrade.

Na última quarta-feira, 1º de julho, milhares de entregadores de aplicativos como iFood, Uber Eats, Loggi e Rappi saíram às ruas, não para mais um dia de trabalho exaustivo, mas para protestar por uma nova política dessas empresas que garanta melhores condições de trabalho.

Entre as reivindicações dos trabalhadores estão:

  • Aumento do valor mínimo revertido a eles pelas entregas, para compensar o deslocamento que fazem tanto em motocicletas, quanto em bicicletas;
  • Aumento do valor pela quilometragem percorrida;
  • Seguro em casos de roubos e acidentes;
  • Fornecimentos de equipamentos de proteção individual como máscaras e álcool gel;
  • Licença remunerada caso sejam contaminados pela Covid-19.
Entregadores descansam aos pés de um monumento entre os intervalos de um trabalho do outro, na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão.

Se a crise econômica dos últimos anos e as reformas na legislação trabalhista já haviam causado uma grande adesão de trabalhadores à essa modalidade de serviço, a pandemia do coronavírus ocasionou uma grande onda de novos entregadores no mercado. Assim que o distanciamento social foi determinado, muitos serviços foram assegurados por esses profissionais, mas quem garantiu a proteção deles mediante a imprescindibilidade de seus trabalhos?

Principais conteúdos sobre os protestos

A reportagem “Entregadores de aplicativos fazem protestos por melhores condições de trabalho”, de Camilla Pontes e Stephanie Tondo para o Jornal Extra, traz depoimentos de entregadores como Saulo Benício, morador de Nilópolis, que participou das manifestações no centro do Rio de Janeiro, e Ruan Pacheco, também de Nilópolis, que optou por trabalhar, mas perto de casa para não usar os aplicativos no dia da greve. Houve registros de protestos também em Niterói e na Baixada Fluminense.

A equipe do Repórter Popular não apenas esteve presente no principal ponto de concentração, como também acompanhou todo o trajeto dos motociclistas e ciclistas pelo centro da cidade: da Igreja Nossa Senhora da Candelária até às portas do Ministério do Trabalho.

O jornal disponibilizou um álbum com fotografias da manifestação:

http://reporterpopular.com.br/saiba-como-foi-o-breque-dos-apps-no-rio-de-janeiro/

Em dezembro de 2019, o cineasta e historiador Renato Prata Biar estreou o documentário em curta-metragem “Vidas Entregues”. O filme desconstrói as narrativas neoliberais de que os profissionais são livres empreendedores e a ilusão de que estão inseridos num emprego onde não prestam contas aos patrões.

O documentário revela o retrato de uma grande quantidade de pessoas forçadas à informalidade no mercado de trabalho. Todos os personagens são entregadores que utilizam apenas as bicicletas para trabalhar. Pessoas que, apesar de todo o esforço diário, conseguem, por dia, apenas uma média entre R$20 e R$50.

Disponível gratuitamente no YouTube:

A BBC News Brasil “reuniu levantamentos e análises das estatísticas mais recentes sobre o universo desses trabalhadores”. 42 mil brasileiros, graduados e uma parcela também de pós-graduados, declararam ser “entregadores de mercadorias”, cerca de 0,15% de 27 milhões que conseguiram acesso ao ensino superior. Outros números estão presentes em “Com pandemia, entregadores de app têm mais trabalho, menos renda e maior risco à saúde”.

Pammella Silva, entregadora de aplicativos e liderança antifascista. Foto: Arquivo Pessoal

Na cobertura sobre a organização dos protestos, o veículo de mídia alternativa Marco Zero Conteúdo destaca a trajetória de Pammella Silva. Jovem, negra, lésbica e periférica, foi uma das três lideranças femininas presentes na live de convocação nacional às manifestações do dia 1º de julho. Ela lidera o movimento de entregadores antifascistas em Pernambuco.

A entrevista completa de Pammella Silva você pode conferir aqui.

O texto de Heloísa Aguiar para a Ponte Jornalismo, “A greve daqueles que trabalham com a fome nas costas”, mostra, entre outras abordagens, que a greve conta com apoio e adesão de motoboys, ciclistas e entidades ligadas às organizações de trabalho de outros países como Argentina, Costa Rica, Chile, Equador e México.

Um dia anterior aos protestos, a Soalma Production divulgou o trailer do documentário “Pandelivery — Quantas vidas vale o frete grátis?”. Em entrevista ao Omelete, Guimel Salgado, um dos diretores do filme, conta detalhes sobre as ideias iniciais para o projeto, como a pandemia provocou mudanças no roteiro, inclusive no título, e expectativas para o lançamento previsto ainda este mês.

Confira o trailer do filme:

A edição do dia 25 de junho do podcast “O Assunto”, comandado pela jornalista Renata Lo Prete, trata sobre a expansão dos serviços de entrega durante a pandemia. O serviço já antes precarizado tornou-se ainda mais difícil com jornadas ainda mais exaustivas e remunerações baixas.

Lo Prete conversa com Tiago Botini, que pedala 100 quilômetros por dia pelas ruas de São Paulo como entregador de aplicativos de comida. O sociólogo Ruy Braga, estudioso sobre o recente fenômeno da deterioração das relações de trabalho, participa da conversa.

Mais desdobramentos sobre a greve, detalhes sobre reações das empresas que foram alvos de protestos, depoimentos do dia-a-dia de trabalhadores, informações sobre como doar mantimentos a entregadores acidentados e denúncias de outras categorias profissionais, você pode encontrar nas redes sociais do Treta.

Obrigado por ler até aqui! Siga o Página Dezenove no Twitter, Instagram e no Facebook :)

--

--

Página Dezenove.
pagdezenove

Um coletivo de jovens da Baixada e da ZO em busca de boas histórias.