Colagem: Diogo Gomes.

Luz, Câmera e Reação

Jovens da Baixada e da ZO buscam espaço no meio cinematográfico nacional

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Escreveram Diogo Gomes e Fábia S Oliveira.

Os desafios da produção audiovisual no Brasil estão ainda maiores desde os cortes de verbas e de incentivos governamentais a nível federal. A falta de políticas públicas, além de atingir e desvalorizar o setor, compromete a manutenção das produções nacionais. Em alguns territórios, esses problemas são ainda mais complexos.

Na Baixada Fluminense e na Zona Oeste, dentre alguns outros problemas, a falta de acesso à cultura é um dos principais fatores que afastam os jovens dos diferentes espaços na produção do cinema brasileiro. Contudo, a juventude da região tem derrubado barreiras e construído novas narrativas à cena.

Para divulgar o trabalho realizado nas periferias fluminenses, o Página Dezenove traz uma lista de curtas e documentários de temas pertinentes e reais do nosso convívio que afirmam a representatividade de jovens – majoritariamente negros - da Baixada no cenário do audiovisual brasileiro.

Aproveite um pouco do seu tempo em casa e assista essas obras:

Kbela (2015)

É um curta-metragem que narra o processo de construção identitária de mulheres negras periféricas. Com referências racistas vividas por mulheres negras cotidianamente, Kbela mostra desde o processo de embranquecimento e domesticação dos corpos negros impostos pela sociedade à autoafirmação e autoaceitação dessas mulheres.

O curta participou de vários festivais pelo mundo, dentre eles o Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR, 2017) e o FESPACO – Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou, em Burkina Faso. A produção recebeu o prêmio de Melhor Curta-metragem da Diáspora Africana da Academia Africana de Cinema (AMAA Awards 2017).

Direção e roteiro: Yasmin Thainá.
Disponível gratuitamente no YouTube:

Eleguá (2018)

Curta-metragem que mistura religiosidade e representatividade, Eleguá conta a história de uma jovem negra se recuperando da depressão, mas que precisa buscar seu próprio caminho para felicidade.

O filme ganhou o Prêmio Jogo de Cena e menção honrosa de melhor filme pelo Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco, melhor filme pela Mostra Afluentes no Festival Latino-Americano de Cinema e já participou de vários festivais de cinema pelo Brasil.

Direção: Yuri Costa.
Disponível gratuitamente no YouTube:

Muros (2018)
O projeto conta a história de duas realidades e relata de forma simples a diferença entre ambas. O "muro" erguido reflete a divisão entre as favelas do Rio de Janeiro e o restante da cidade. De um lado, uma percepção de uma vida de simplicidade e luta; do outro, o privilégio de uma vida mais "tranquila". Embora todas sobre o mesmo chão e debaixo do mesmo céu, divididas.

Direção: Ygor Pinheiro.
Disponível gratuitamente no YouTube:

NUFLOW (2019)
Entre vozes e versos com instrumentos e rimas, o documentário conta a importância e conquista de uma minoria que tem feito sua voz ecoar por rodas de rima e eventos culturais nas periferias do Rio de Janeiro. Da rima à poesia, frases impactantes movimentam a mente de quem ouve as caixas de som nas proximidades do "Slaw", como é conhecido alguns dos movimentos.

"Me alimento de poesia,
Não enche barriga,
Mas enche a minha alma…" — Adrielle Vieira

Por meio da "vibe", os jovens soltam a voz falando de racismo, violência psicológica, misoginia e outros temas que mexem com a sociedade. Entre versos de dor, soa também a liberdade de ter um lugar onde conseguir, por meio de muita união, expor as realidades pessoais de uma maioria preta e pobre.

Tudo isso apresentado pela atriz Adrielle Vieira, que passa por vários eventos falando com a galera que ‘faz acontecer’ expressando cultura e arte.

Direção: José Alsanne e Laís Dantas.
Disponível gratuitamente no YouTube:

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Um coletivo de jovens da Baixada e da ZO em busca de boas histórias.