Colagem: Pedro Henrique Cabo.

Vamos falar de política?

De forma leve e diferente, te mostramos que a política vai além da “torta de climão”.

pagdezenove
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4 min readMay 29, 2020

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Escreveram Lucas de Andrade e Pedro Henrique Cabo

Não, você não está no lugar errado. A política está na mesa. Seja nos almoços em família, nas reuniões de trabalho ou nos encontros entre amigos. Se há anos o assunto tem dominado os grupos de whatsapp e as redes sociais, agora muito mais por causa do distanciamento social que limita nossas interações.

Cada um com a sua opinião: alguns mais extremistas, outros ponderados, mas, de uma forma ou outra, demonstram interesse na cena política brasileira. Por que o assunto não estaria aqui? Todo o nosso cotidiano depende de ações políticas, porém, às vezes, nós as restringimos à classe de políticos e atribuímos seus efeitos às mazelas sociais e às burocracias.

Precisamos refletir e pensar bem. As dicas de cultura e entretenimento que serão publicadas aqui, por exemplo, estão disponíveis somente porque o nosso país permite a veiculação do YouTube. Não são todos os países do mundo que permitem acesso livre à plataforma.

E, se você for assistir nossas recomendações por meio de celulares, notebooks ou qualquer outro dispositivo, isso significa que a comercialização desses produtos foi liberada aqui graças aos mecanismos… políticos. Tudo se resume à política. É necessário ampliar o nosso olhar para entender que cada indivíduo representa um ser político.

Crédito: Reprodução / YouTube Jout Jout apresenta 10 vídeos sobre educação política

Nesse sentido, a escritora, jornalista e youtuber Jout Jout, para as eleições de 2018, produziu a série de vídeos “Era uma vez um voto”. De agosto até o fim de outubro daquele ano, mais precisamente até à véspera do segundo turno das eleições presidenciais, Jout Jout disponibilizou 10 vídeos em que buscava explicar de forma simples e descontraída os princípios básicos de nossa democracia e solucionar dúvidas comuns que todos nós temos como, por exemplo, as atribuições e o funcionamento de cada um dos três poderes e a lógica por trás das coligações partidárias.

Consumir política

A arte é uma forma de expressão e suas temáticas são elaboradas através da percepção. Desde o princípio, o teatro, uma das manifestações artísticas mais antigas, insere temas cotidianos para serem interpretados e problematizados. Dessa forma, a política não está isenta de ser retratada nos tablados. O aspecto político do teatro está presente em todo o processo de uma peça: na autoria, na direção, na encenação e também em seus espectadores. O público também exerce seu poder político ao decidir acessar esse tipo de cultura. Com o minidocumentário da peça a seguir, podemos refletir sobre a degradação da vivência política em nosso país.

“A Mulher Monstro”, espetáculo de José Neto Barbosa, trata-se de um monólogo crítico criado a partir de uma compilação de várias opiniões de desconhecidos e até mesmo celebridades que expuseram nas redes sociais ou nas ruas manifestações raivosas sobre a alta tensão do cenário político brasileiro desde o ano de 2015. No ano seguinte, o artista potiguar entrou em turnê pelo país com a peça.

A Mulher Monstro por Jorge Faria (Foto: Charles)

“Mas, de onde vem a ideia do monstro?”, você pode estar se perguntando. A concepção da personagem faz alusão à criatura de aspectos e atitudes aterrorizantes e se inspira em personagens populares como a ‘Mulher Monga’, enjaulada em circos nordestinos. Porém, o autor utiliza-se de uma analogia com a contemporaneidade para atribuir à sua personagem falas preconceituosas, radicalmente religiosas e machistas e assim elaborar a monstruosidade que deseja para provocar reflexões.

“Vivemos um momento de intolerância muito grande, onde ferir o outro não é vergonhoso, muito pelo contrário, é aceitável socialmente. É um tempo delicado em que os monstros estão todos soltos” — destaca o ator.

Será que todas essas palavras proferidas não provocam algum efeito? O ator confessa que é doloroso falar frases como: “prefiro que você morra do que ser gay”. Inclusive, ele ressalta que a plateia também reage a essas frases carregadas de violência. Produzido pelo canal BoraVê Audiovisual, o minidocumentário abaixo contém trechos da peça e uma entrevista com o ator.

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Um coletivo de jovens da Baixada e da ZO em busca de boas histórias.