Diversidade Duvidosa

Maria Rita Casagrande
Paginas Negras
Published in
3 min readJun 16, 2018

Nos últimos 5 anos eu tenho trabalhado como mentora, auxiliando pequenas empresas (startups) em suas demanda com desenvolvimento, construção de marca e produto, até ai beleza, nada novo sob o sol. Eu sou boa no que eu faço tá ai galera da BlackRocks Startups e a Diaspora.black pra confirmar.

Como freelancer e autônoma passei por uma porção de startups e empresas por ai e não teve UMA que não tivesse algum “probleminha” racista. Até ai ok também, nada novo de novo.

Estava eu lendo uma matéria com uma imensa lista de aceleradoras de startups e incubadoras. E acessei TODAS. A lista de mentores é vasta, pessoas (em sua maioria homens) de diversas áreas e formações. E o número de ZERO, absolutamente ZERO mentores negros.

Existem aceleradoras, iniciativas e espaços criados para a aceleração de pessoas negras como a BlackRocks e o AfroHub, o que é massa, genial e incrível para estes empreendedores negros. O número de startups presididas, gerenciadas e com sua equipe majoritariamente negra vem crescendo muito, mas ainda com baixíssimo investimento. Encubadoras e aceleradoras se propõe a ter estas startups em seu roll de aceleradas, mas dinheiro que é bom, este vai pras mãos de um outro grupo de pessoas, talvez com ideias mais “sólidas” (aqui você pode substituir o sólidas por brancas mesmo).

Mas o ponto aqui é: Que “ecossistema” é este que está sendo criado dentro das startups aceleradas APENAS por pessoas brancas? Que tipo de “diversidade” estas aceleradas terão? Como é que se discute racismo institucional com estas Startups? Elas num futuro próximo contratarão pessoas negras? Farão isto apenas para pagar de inclusivos e depois pagarão para um funcionário sênior um salario de estagiário (falo por experiência própria)?

O que de novo, masculino e branquinho o mercado de startups terá pra nos apresentar com estas mentorias? Que produtos e serviços sairão destas trocas?

Vocês pessoas brancas que estão nestes ambientes (e eu sei que vocês estão lendo isto) deveriam olhar para seus pares, seus espaços “inclusivos” e “diversos” cheios de pessoas iguais e avaliar se este é o caminho.

Não adianta conhecer e repetir estatisticas sobre como o capital investido em ideias de mulheres negras por exemplo, é muito baixo. Ou que a maternidade é a barreira destas mulheres (que não é verdade) ou a Idade, já que elas começam investir depois dos 30 e certas oportunidades são apenas para Xovens até 26.

É necessário mudança prática, abrir de fato as portas para a inclusão e a diversidade. Buscando conhecer quem é a população que pode ser parte de sua equipe inclusivona. Lembrar que existem mulheres com mais de 24 anos, que existem lgbts negres por exemplo. Que nem todo negro está qualificado apenas para estagio ou aprendiz. Que vídeo game não é beneficio (só vale se o seu funcionário puder levar o vídeo game pra casa dele) e que ambiente de trabalho sacadão não é exatamente uma vantagem pra todo mundo, deveria ser obrigação.

Vou deixar uns links aqui nos comentários e assim vocês poderão tirar suas próprias conclusões sobre o assunto. Mas vale fazer as suas próprias pesquisas, inclusive pra me mostrar outros dados quem sabe. Mas esta posso apostar e ganho, enfim, nada novo sob o sol.

Este texto é uma extensão do que foi publicado anteriormente no meu perfil de facebook e linkedin em 01/06/2018.

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Maria Rita Casagrande
Paginas Negras

Escrevo pra não enlouquecer, sobre coisas que já me enlouqueceram.