ILA19 | Convergência, Design & Experiência

Viviane Delvequio
pagsegurodesign
Published in
6 min readNov 22, 2019

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Na última virada de mês, estava começando mais uma edição do Interaction Latim America, esse ano em Medellín, na Colombia. Algumas pessoas do time de Design do PagSeguro estavam lá e gostaríamos de compartilhar um pouco do que vivemos nessa cidade de pessoas tão amáveis, como dizem seus próprios moradores (e que nós assinamos embaixo).

Esse ano, ao invés de trazer um resumo das palestras, resolvemos trazer pontos que nos chamaram atenção e causaram um desconforto bom no nosso jeito de ver design (e esperamos que venham a mudar também nosso jeito de fazer também).

Nossos rótulos nos definem?

Embora quem tenha vindo de arquitetura de informação goste muito de um rótulo bem definido e bem conhecido pelo usuário, parte dos questionamentos do evento que nos chamaram atenção foi sobre o uso de "rótulos" no nosso dia-a-dia para os profissionais que somos… ou para os que podemos ser.

Ángela Guzman abriu a parte de palestras do evento sob o título "Fearless Foward: My intuitive approach to Silicon Valley". Poderia se esperar vários pontos sobre o que gostaríamos de saber sobre Silicon Valley, mas o que tivemos foi uma aula sobre como se posicionar no dia-a-dia do trabalho tendo foco em seus sonhos e metas e não em rótulos que poderiam nos limitar ou mesmo intimidar. Ángela comenta sobre sua trajetória no Silicon Valley sendo uma mulher e uma latina, rótulo que ela nunca levou em consideração para definir sua trajetória porque nunca foi um impedimento ou restrição, apenas parte da sua história de vida e nunca qualquer limitante para sua história profissional. Ángela trouxe muito forte a questão de ser você, respeitar e valorizar sua história, mesmo que você se veja com características não comuns entre os outros, não é isso que limita, é sua atitude, conhecimento e postura no dia-a-dia do trabalho que vão definir você como profissional.

Outra palestra que foi mais enfática sobre rótulos (curiosamente fechando as palestras do evento) foi a "Moment Prisons, and How to Escape Them" de Louis Rosenfeld. Louis nos fez viajar no tempo relembrando os vários termos que já utilizamos ao longo da evolução da área que hoje chamamos de UX, os vários livros publicados sobre variados temas que entram em "moda" e saem, embora o conhecimento, experiência e conceitos continuem sendo aplicados, sob novos olhares, novas perspectivas, eventualmente novos nomes (rótulos). Ele nos provocou a pensar nossa trajetória profissional muito além do nome que nossos cargos recebem ou mesmo os nomes dos processos e atividades que desempenhamos, mas a entendermos que nossa capacidade profissional vai além dos termos da modinha, e é isso que nos faz capazes de "escapar de prisões do tempo". É isso que nos faz profissionais que se diferenciam no mercado.

Nossos processos nos definem?

Algo que nossa área gosta bastante de falar e compartilhar é sobre nossos processos. São muitos livros ensinando a aplicar os mais variados processos para os mais variados tipos de problemas e cenários. Gostamos sim.

Mas e para quem não é da nossa área? Bem, segundo Donna Spencer, falando sobre "Presenting Design Work", não é o que as pessoas querem ver. Ela traz uma provocação (e ensina a fazer) sobre como apresentar trabalhos de design e sugere ir direto ao resultado e explicar via Storytelling como que a solução faz sentido no cenário de quem usa. Donna não diz que nossos processos não importam, mas comenta como eles são mais relevantes para nós e como ficam de "suporte" em caso de questionamentos sobre a solução apresentada, e não como principal parte da apresentação para pessoas de fora da área de design. A apresentação da Donna está online, para quem quiser ver um pouco mais.

Se não são eles que nos definem… podemos chegar à conclusão de que somos nós que os definimos? Parece um bom caminho…

Em alguns casos, um caminho necessário até como meio de tomar a responsabilidade pelas soluções que são lançadas no mercado. Esse cenário da responsabilidade foi explorada por Josh Clark com a palestra "A.I. is your new design material", ressaltando o quanto precisamos entender e nos apropriar de conhecimento para projetas inteligências que sejam úteis sem causar ou reforçar problemas sociais. A questão sobre como se preparar para que nossas soluções não causem dano social, e ter um plano de emergência caso notemos que está causando, também foi explorado por Cheryl Platz na sua fala sobre "Opti-Pessimism", reforçando o quanto precisamos estar preparados caso o pior aconteça com a solução que projetamos.

Ou seja, nós definimos os processos para que eles nos suportem no dia-a-dia e não o contrário… nos definir não é função externa.

Quem define nossa comunidade?

Dado que IXDA, comunidade organizadora do evento, é exatamente isso: uma comunidade, o pensar de como nos organizamos ao redor de uma área profissional surge naturalmente durante o evento.

E quantos não foram os momentos onde se fazia um chamado aos designers mais experientes ou em cargos de liderança para serem agentes de transformação e guias para um mercado cheio de profissionais jovens e ainda com pouca experiência?

O painel de líderes discutindo sobre Perfis de Design fizeram chamados claros sobre a responsabilidade dos gestores da área de ensinar mais e "roubar" menos de outras empresas, como meio de evoluir a área.

Ainda no assunto de liderança, Jason Mesut deu uma aula de liderança com "Shaping Designers", explicando o que é esperado de áreas de DesignOps, como definir os valores e posicionamento do time dentro da empresa, percorrendo por fim por vários métodos visuais para líderes identificarem os perfis do time e criar estratégias para evoluir e contratar de maneira bem analítica, como suporte a uma liderança cada vez mais séria e consistente em suas tomadas de decisão.

Também dentro do tema de comunidade, foi bem gratificante ver a postura de valorização da comunidade latina tomada pelo evento e pelas falas da comunidade. Com incentivo a ver a comunidade latina representada das mais variadas formas e trazendo assuntos sobre nossa realidade e questionamentos muito pertinentes sobre diversidade, ética e direto a privacidade.

Trabalhando com mais perguntas do que respostas

Tivemos sim muita palestras principais e também da comunidade ensinando passo-a-passo de como fazer, mas tivemos também muitas provocações sobre quem somos, como nos posicionamos no mercado, quais nossas responsabilidades éticas sobre a sociedade que influenciamos.

Consideramos muito válido mesclar os dois contextos, pois podemos nos inspirar no que outros profissionais já fizeram e testar o que funciona na nossa realidade, sabendo que há questões que não estão respondidas, e aí está o desafio divertido de viver e construir uma área que muda tão rápido, e abre novas oportunidade de experimentar algo novo a cada dia.

Fica aqui nosso agradecimento à comunidade e a todos os profissionais que se envolveram para fazer esse grande evento da área acontecer! Voltamos para casa cheios de ideias novas e brilho no olho pra gerar soluções novas para desafios já conhecidos.

Participação do PagSeguro Design

Além de receber muita informação nova, tivemos a oportunidade de também provocar e compartilhar o que temos feito.

Foram duas palestras feitas por membros do nosso time e cujos slides estão compartilhados nos links abaixo:

Criando Realidades Latinas — O Designer Como Agente Transformador, por Ana Maria Nora Tannus.

Estruturando uma área de ResearchOps para suportar pesquisas em um cenário ágil, por Viviane Delvequio.

Foi muito rico poder apresentar para a comunidade presente em Medellín, pois abriu espaço para muitos trocas que estão sendo de grande valor pra nós sobre os assuntos que abordamos.

Dando continuidade a esse compartilhar e troca, sábado agora, dia 23 de novembro, estaremos no ILA Redux SP apresentando de novo, mas dessa vez para a comunidade de São Paulo.

Querem saber mais do que temos feito como designers no PagSeguro? Nos acompanhe no nosso Medium e Instagram. ;)

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Viviane Delvequio
pagsegurodesign

Brazilian UX professional with 20 years of experience, including 5 in managerial roles. Writing about stuff I am in the mood. More info: www.viviane.work