Passo a passo sobre a concepção da Minizinha Chip

Alice Lucena
pagsegurodesign
Published in
5 min readApr 23, 2018

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Todos vocês já devem ter visto o novo lançamento do PagSeguro: a Minizinha Chip. O que gostaríamos de trazer hoje para vocês é um pouco de como foi participar desse projeto, da perspectiva do time de design =)

Existem diversos leitores de cartão de crédito de baixo custo no mercado. E, entre eles, uma similaridade: a maioria precisa de um celular para funcionar. Eles são, por natureza, leitores mais simples e utilizam funcionalidades dos nossos aparelhos móveis para operar de forma satisfatória. Geralmente quem opta por um leitor nesse estilo são as pessoas que estão começando agora no ramo, vendendo na rua, de porta em porta. E, curiosamente, são as pessoas que mais precisam da mobilidade e de uma solução de baixo custo.

Entretanto, o fato desse leitor de cartões necessitar de um celular pode trazer alguns inconvenientes para nossos clientes. A praticidade é limitada, uma vez que você precisa operar dois gadgets para efetuar uma transação. E também corremos o risco da bateria do celular acabar ou o celular simplesmente não funcionar no momento em que o nosso vendedor mais precisa.

Pensando então nesse cenário, foi proposto um desafio:

“Como disponibilizar uma maquininha acessível $ e que também seja independente de outros gadgets?”

Discutimos bastante: toda equipe foi envolvida, desde POs, designers, time de desenvolvimento, gerentes e diretores. A estratégia escolhida pela empresa foi abraçada por todo mundo e partimos para a concepção e produção do nosso novo produto.

O primeiro passo foi, então, verificar a viabilidade técnica. Não vou me debruçar muito sobre os desafios técnicos, que claro, foram superados pelo time. Os desenvolvedores da máquina fizeram uma POC apenas para mostrar que sim, era tecnicamente possível. É… tecnicamente era. Mas teria essa POC o potencial para ir para produção?

Passo 1 — Teste para (in) validação da POC

Saímos na rua com a missão de testar a primeira POC da “minizinha sem celular”. Montamos o roteiro em uma manhã. Qual o grande objetivo da Minizinha? Vender. Então fomos testar o fluxo de vendas!

Conversamos com 4 clientes que já usavam máquinas em seus estabelecimentos. Escolhemos algumas coisas de suas lojas e efetuamos a compra do produto, pedindo que a cobrança fosse efetuada na nova máquina.

Logo, percebemos quais seriam nossos grandes desafios.

  • Tamanho da tela x Quantidade de informações a serem mostradas. Isso gerava problemas de leitura.
  • Falta de botões físicos de menu e navegação. As pessoas não sabiam como navegar entre as opções e nem acessar o menu.
  • Manter a consistência entre as telas.
O sistema que rodava na moderninha Pro, com vários botões auxiliares, touch screen e espaço de sobra teria que rodar naquela máquina ali. É, não está fácil para ninguém…

Com resultados do teste efetuado na POC em mãos, mostramos que do jeito que estava não poderíamos seguir em frente. Ou seja, a POC não iria ser colocada em produção. Mapeamos os riscos para a experiência, como por exemplo:

  • Aumento da quantidade de ligações na central devido a dificuldades de uso.
  • Má percepção / recepção do produto devido aos aspectos de usabilidade.
  • Impossibilidade de operação do equipamento em determinados ambientes (sem luz, por exemplo)

Nos vimos diante de uma grande oportunidade para mostrar todo o potencial que a equipe tinha para superar esses desafios. E olha, não foi fácil, mas foi extremamente enriquecedor e prazeroso. Vamos para nosso próximo passo!

Passo 2 — Geração de alternativas

A partir de agora, tínhamos carta branca para pesquisar e testar mais opções, desde que elas estivessem de acordo com algumas condições técnicas! E essa foi nossa primeira vitória.

Nos dias seguintes, avaliamos nossas restrições e desafios e partimos para a concepção do novo produto, considerando os aprendizados que tivemos na pesquisa anterior.

Estudamos o que fazia a Moderninha Pro ser fácil de usar, quais as dificuldades encontradas na POC e quais insights a primeira pesquisa havia trazido para a gente. Geramos uma série de opções de layout para nossa nova máquina, começando sempre pelo fluxo mais utilizado pelo cliente (venda) e pelo mais complicado (navegação do menu). E partimos para mais uma rodada de validação.

Passo 3 — Validação das soluções propostas

Com algumas telas em mãos, levamos nossas ideias para 19 pessoas com níveis variados de familiaridade com máquinas, de dentro do UOL. Nós queríamos testar basicamente três coisas:

  1. Como seria a tela inicial da máquina
  2. Como seria o fluxo de venda
  3. Como seria a navegação do menu.

O teste foi extremamente rico, com vários insights gerados, mas vou destacar dois pontos cruciais aqui para vocês:

  1. A tela parecia cheia demais, a pessoa tinha problema de concentração. A indicação de como navegar ficava no header o tempo todo e isso comprometia o nosso espaço (que já era bastante limitado).
  2. Letras pequenas dificultavam a leitura e a compreensão do que deveria ser feito no momento. Temos sempre que lembrar que no momento de uma venda toda a atenção deve estar voltada para a venda e nada pode distrair nosso usuário para não haver erros.

Com esses feedbacks, voltamos para nossas mesas. Juntamos todo o conhecimento adquirido e fizemos mais uma proposta, que dessa vez seria implementada e testada em um piloto. Mas ousamos um pouquinho. Além de mexer no software, sugerimos mudanças na carcaça da máquina, que na época já estava praticamente aprovada #treta

E assim acabamos a primeira parte do nosso trabalho. Com o protótipo refinado, o time começou a codificar os novos fluxos e transformar toda a pesquisa e documentação em um produto real.

Ah, importante lembrar que todo o time de desenvolvimento e négocios acompanhou todos os passos dessas pesquisas 😉

E o que aprendemos nesse processo que gostaríamos de dividir com vocês?

  1. Não se assuste com os desafios propostos. Posso dizer que com o tamanho de tela e limitações que tínhamos no início do projeto, foi mais prazeroso ainda chegar em um resultado satisfatório.
  2. Faça testes, ainda que internos, na sua empresa. Chame pessoas que não tenham relação com o produto, caso necessário. Entre não testar e testar internamente, sempre escolha a segunda opção pois é importante validar minimamente suas hipóteses.
  3. Se você acredita que algo vai fazer bem para a experiência, invista nisso mesmo que não fique esteticamente perfeito. A modificação na carcaça da máquina foi algo que no início foi encarado com estranheza, mas foi extremamente benéfico para nosso cliente.

Agradecimentos especiais a Agnes Sato, nossa designer de Terminais!

Ilustras e projeto gráfico: Thiago A.M.S. e Rodrigo Maia

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