A tecnologia salvará o mundo (?)

Inovações sem política radical não bastam

Rodrigo Barros
Paiol
2 min readJan 18, 2023

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séculos se cultiva a crença nos visionários: sujeitos que, agindo cada um por si, livrariam a humanidade das “trevas” e apresentariam maravilhas ao mundo, num caminho ininterrupto em direção ao progresso da espécie. Thomas Edison (1847–1931), empresário e conhecido como inventor da lâmpada elétrica incandescente, foi um deles. Henry Ford (1863–1947) e suas linhas de montagem para produção em massa foi outro. Mais recentemente lembramos de ícones como Bill Gates, Steve Jobs (1955–2011) e Elon Musk.

Foram ou são homens bem sucedidos, que com o próprio esforço chegaram longe e… (insira aqui mais alguns dos mantras liberais, propagados em palestras motivacionais). Carregaram e carregam consigo as chaves que permitirão abrir as portas para o futuro tão aguardado — aquele que esperávamos quando crianças, que teria carros voadores por todos os lados, até nós descobrirmos que a ideia de carros voadores não possui sentido algum.

Não quero aqui desprezar completamente o valor das inovações trazidas por esses sujeitos e suas empresas. Suas invenções e propostas modificaram o mundo com pontos positivos e negativos, e o tornaram reconhecível como é hoje. Cá elas estão e não podem ser ignoradas. Mas meu objetivo é mais singelo: quero questionar até onde iremos levar adiante a utopia de que podemos resolver questões e desafios globais através de ações individuais — e que de fato sequer são individuais, já que não é o Elon Musk ou outro multibilionário que sozinho faz esse tipo de trabalho árduo.

A saída para a humanidade é coletiva, ou não será, já que aguardar que os carros elétricos da Tesla salvem o planeta é o equivalente a crer no Aerotrem do finado Levy Fidelix.

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