Terra de Minas (2015)

Rodrigo Barros
Paiol
Published in
3 min readMay 2, 2017

Durante a II Guerra Mundial, os militares alemães especularam que uma possível invasão dos Aliados poderia ocorrer na costa na Dinamarca — país ocupado pela Alemanha desde 1940. Para dificultar essa ação, minaram muitas das praias com os mais diversos tipos de material explosivo. Mas essa invasão nunca aconteceu, os aliados desembarcaram na Normandia em 1944 e a Alemanha foi derrotada em 1945.

Sobraram as minas nas praias e milhares de soldados alemães capturados. Nada mais justo, aos olhos dos vencedores, do que colocar os prisioneiros de guerra para limparem o litoral. Um agravante é que muitos desses prisioneiros eram apenas crianças. O filme Terra de Minas (Under sandet) busca contar como esses garotos alemães foram forçados a remover cada mina manualmente, arriscando suas vidas.

O sargento dinamarquês Carl Leopold Rasmussen (Roland Møller) é o encarregado de liderar uma dessas operações. Embora sejam crianças, o sargento compartilha do rancor que seus patriotas sentem pelos alemães após cinco anos de ocupação nazista. As notícias das atrocidades em campos de concentração só fizeram aumentar a aversão pelos prisioneiros, pois se foram capazes de tamanhas ações, é de supor que são todos monstros sanguinários (mesmo os jovens).

O filme tem uma emblemática fotografia de guerra que se popularizou bastante depois de “O resgate do soldado Ryan” (1998): a atmosfera cinza, sóbria e com pouca vida, a ausência de cores vibrantes e um tom melancólico, desprovido de qualquer esperança. A trilha sonora também é discreta, não chamando muita atenção.

Já os atores mirins fazem um excelente trabalho de atuação. Encarnam o papel de crianças que não chegara realmente a ir para o front, mas que viram sua nação se despedaçada e agora precisam ficar num país estrangeiro para pagar pelos atos dos seus superiores.

O grande êxito do filme está em retratar de forma diferente aqueles que sempre são vistos como os grandes vilões da história; em mostrar o lado humano dos rapazes que deixaram família e tudo que conheciam para serem tragados numa guerra sem heróis, que só levou o seu país para a ruína. Nesta trama são todos vítimas do conflito, sejam os vitoriosos ou os derrotados.

Embora tenha uma mensagem humanista importante, a trama acaba por ficar previsível depois da primeira metade do filme e a tensão em alguns momentos não é tão sufocante quanto aparentemente deveria ser — são jovens desarmando minas que por qualquer deslize podem explodir, mas não são muitos os momentos em que você se sente realmente aflito com o perigo de estarem tão próximos da morte. Ao invés disso, temos a tristeza e a dor em realizar uma tarefa suicida e sem fim.

Trailer de Terra de Minas (2015)

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