A autoridade na relação com os filhos

Por que ela é necessária?

Pamela Greco
Pais e Filhos

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Quando você e eu éramos crianças — não faz tanto tempo assim, vai! — bastava que nossos pais nos olhassem pra largarmos o brinquedo que havíamos pegado sem autorização, tirássemos os pés de cima do sofá, interrompêssemos o choro de manha que estava vindo ou abaixar a mão que gentilmente, claro, tocaria nosso irmão querido.

Aquele olhar, que medo nos trazia! Medo da reprovação, medo da decepção e medo de perder o amor daquelas pessoas essenciais em nossas vidas.

E então o tempo se apressou, o sonho de muitas mulheres virou “ser mãe” — antes era praticamente inevitável ser mãe e, portanto nada mais natural — e as relações com os pequenos mudaram completamente. Já não era mais eles que tinham medo de perder nosso amor, mas nós que tínhamos medo de perde-los.

E tudo que afastasse nossa relação de amizade com nossos filhos foi abolido da relação. Não queríamos mais ser as “mães chatas”, nem dar broncas, nem “olhar feio” e nem dizer “não”. E de repente nossos filhos gritavam no meio do shopping, e batiam em nós porque não queriam arrumar as suas próprias coisas e se recusavam a fazer tudo que pedíamos, nos desafiavam!

Autoridade não é autoritarismo

Autoridade é um tipo de comportamento seu que protegerá seu filho de passar por situações muito desagradáveis ao longo da vida. Se você exercê-la com tranquilidade e assertividade, seu filho entenderá limites na relação com o outro, o respeito e as normas de convivência social.

Sua autoridade é legítima porque você tem experiência de vida, experiência que esta a serviço do bom desenvolvimento do seu filho, nesse caso.

É você que deve decidir o que é melhor que ele coma. Você tem esse discernimento! Ajude-o na descoberta dos alimentos. Manuseie alimentos com ele, cozinhe com ele, mas decida o que ele vai comer.

É você que decide que horas ele irá dormir. Converse com ele sobre a importância de dormir bem, a tranquilidade de que você estará ali se ele precisar, descubra com ele meios de deixar a cama mais confortável e que livros lerão juntos, mas são vocês, Pais que Educam, que dirão que horas eles devem dormir.

É você quem decide a hora de comer doces, chocolates ou balas. Crianças não tem ferramentas de autonomia tão elaboradas pra terem esse autocontrole. E se você acha que você, adulto, tem essa autonomia desenvolvida pense em quantas vezes decidiu fazer algo — como uma dieta, uma promessa, uma resolução — e não cumpriu! Autonomia é nossa capacidade de reger nossa própria vida. Isso é construído ao longo do tempo.

Não tenha medo. Seu filho não deixará de te amar se você for um bom ouvido pra escutá-lo, se seus braços forem imensos pra recebe-lo sempre, se sua voz for firme mas seu coração for manso…

Isso é amor de pai e mãe. É cuidar, é proteger, é dizer “não” e ensiná-los a fazer o mesmo.

E você? Também tem medo de perder o amor do pequenino?

Este é um dos textos do blog Pais que Educam, destinado a todos os papais e mamães que querem aprimorar sua participação no desenvolvimento de seus filhos. Para acompanhar todas as dicas e tirar suas dúvidas, acesse o site e nos acompanhe no Twitter e Facebook

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Pamela Greco
Pais e Filhos

Educadora, Pedagoga formada pela Unicamp e mestranda em Psicologia do Desenvolvimento e Educação no Canada.