Relato de Pedagoga 

Alunos…felizes?

Pamela Greco
Pais e Filhos

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Começarei o relato de hoje com um trecho de um livro fantástico que li durante a graduação. O trecho diz o seguinte:

“Quanto menos alegria os alunos esperam dos conteúdos culturais (pelo menos, é muito raro que o digam), mais eles proclamam suas esperanças com relação a um ‘professor legal’” (SNYDERS, p. 76).

Ok, e o que isso significa e qual a relação tem com o relato de hoje? Já vou explicar.

Relato

Durante uma das aulas que eu estava acompanhando em uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental de uma escola de Campinas, a professora avisou que os alunos trabalhariam com o livro didático de matemática. Os alunos, que até então pareciam sonolentos, se entusiasmaram muito. Mesmo que o acompanhamento da turma tenha me mostrado que a classe tem uma boa relação, em grande parte do tempo, entre os colegas e mesmo com a professora, eu não havia até esse momento presenciado uma situação na qual eles se animassem com algo ligado ao conteúdo escolar em si.

A professora defendeu que o entusiasmo era por conta do livro didático, que eles adoravam. É claro que fiquei animada e fui logo ver que livro era aquele. Folheando o livro não vi nada de diferente de outros livros que eu já conhecia, e que certamente não despertavam tanto interesse. Avaliei todos os parâmetros: Conteúdo, ilustrações, nível de dificuldade, propostas, desafios e etc. Tudo bem elaborado, mas nada que justificasse uma turma de 3º ano se animar tanto com exercícios de matemática.

Decidi ir até um dos alunos e perguntar o que lhes interessava tanto. A resposta foi direta: “ — Não é do livro que a gente gosta não, professora! É de sentar em grupo!”

Estava explicado! É claro. Para trabalhar com aquele livro eles precisavam sentar em grupos de cinco alunos.

Alunos…Felizes?

Quantos dos nossos filhos adoram aprender, por aprender? Há sempre uma explicação: Estudar para prova, estudar para ganhar mais, estudar para passar no vestibular, estudar para ter uma carreira melhor, estudar para… A alegria e a recompensa estão sempre no amanhã.

A alegria não está mais em conhecer, em aprender, em descobrir coisas novas, em se tornar mais sábio, em ver o mundo! A escola é um lugar obrigatório, em cujo espaço o tempo não passa e cuja única alegria são as relações entre os amigos.

Não, não é sempre assim. Não vamos generalizar, você deve ter pensado. Você tem razão, mas sejamos sinceros, quase sempre é assim, não é? Pois é, mas isso não está certo e nem precisa ser assim.

Que tal estudar para aprender a viver? Estudar para entender o mundo em que vivemos? Estudar para conhecer tudo que a humanidade já fez de certo e errado? Estudar pelas artes, pela ciência, pela filosofia. Trazer o encantamento de volta?!

Defendo escolas e professores que criam esses ambientes. Defendo um Estado que pensa em sua população assim: Digna de sabedoria e cultura! Defendo alunos felizes por aprender, e não porque o professor é legal, a educação física é divertida, o playground é gigante e os amigos estão lá. Tudo isso deve completar o ensino, o prazer da descoberta do mundo e da história.

Desenvolvo todas as atividades com meus alunos zelando por esse “valor”, e sugiro que todos nós cobremos de nossas escolas e Estado o mesmo!

Afinal de contas, quem não quer filhos felizes e sábios?

Este é um dos textos do blog Pais que Educam, destinado a todos os papais e mamães que querem aprimorar sua participação no desenvolvimento de seus filhos. Para acompanhar todas as dicas e tirar suas dúvidas, acesse o site e nos acompanhe no Twitter e Facebook

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Pamela Greco
Pais e Filhos

Educadora, Pedagoga formada pela Unicamp e mestranda em Psicologia do Desenvolvimento e Educação no Canada.