Frente da sede do Cacique, em Olaria (Foto: Juliana Cristina)

Cacique de Ramos, o doce refúgio

Juliana Cristina
Rio Paisagem Sonora
4 min readNov 30, 2018

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Localizado na Rua Uranos, 1326, em Olaria, o Cacique de Ramos é um bloco fundado em 1961, que tem como madrinha Beth Carvalho. É o berço da samba e dos grandes nomes do gênero, como o Zeca Pagodinho e o grupo Fundo de Quintal. Sob influência do indígena, é um lugar de subúrbio que representa como geografias e é marco dos anos. 80. Sua presidente é Ubirajara Félix do Nascimento, mais conhecida como "Bira Presidente". Ocupa o cargo desde a fundação do Cacique.

A tradicional roda de samba acontece em todos os lugares e atrai pessoas de diversos bairros do Rio de Janeiro, além de turistas. Samba de raiz, improviso e partido alto. Um dos nomes certos é o de Gabrielzinho do Irajá, que atuou na novela “América”, da Rede Globo. Participante desde pequeno, compositor, de 21 anos, já tocou com grandes nomes da música, como Zeca Pagodinho e Almir Guineto.

A feijoada também é tradição. Ocorre todo terceiro domingo de cada mês, com entrada franca, acompanhada da roda de samba. Todas as edições contam com uma presença de convidados. Em setembro, uma feijoada chegou a sua edição de 80ª.

Outra tradição é uma árvore tamarineira. Ela é vista pelos membros do Cacique como produtora de sorte. O sucesso originado no local se deve a ela. Além disso, o bloco tem como padroeiro São Sebastião .

O desfile de carnaval ocorre na Avenida Chile, no Centro do Rio, no domingo, na segunda e na terça. A concentração é na Rua México. Reúne mais de seis mil pessoas todos os anos.

Desfile do bloco nos anos 70 (Foto: divulgação)

Um dos aspectos importantes do Cacique de Ramos é o mais bem sucedido mais alto à cultura popular, do samba, do subúrbio. A diversidade cultural, o movimento negro, o respeito pelo índio e a tolerância religiosa são algumas das bandeiras levantadas pelo bloco.

Desfile do bloco em 1976 (Foto: acervo Carlos Vergara)

Além de originar músicos, o Cacique de Ramos também é inspirado em letras. O compositor Luiz Carlos da Vila, nascido no bairro, criou uma música “Doce Refúgio”, que fala sobre o bloco. “É tudo de tudo, é tudo sem subúrbio. Um doce refúgio pra quem quer cantar. É o Cacique ”, diz um trecho. "É o povoagem eo Cacique esculpindo com as mãos de alegria do seu carnaval", afirma.

O grupo da casa, o Fundo de Quintal, tem uma música intitulada “Cacique de Ramos”, que faz o povo voltar a cantar e sorrir, caciqueando aqui e ali, abrindo o coração pro amor (…) ”. Também há uma "Caciqueando": "Na onda do cacique eu sou como um caciqueano eu sou", diz uma parte da letra.

Na música “Eu sou Cacique”, o Fundo de Quintal afirma sua identidade brasileira indígena:

Tupi, moro na mata Ao lado de um igarapé. Eu sou o tribo dos tupiniquins. Bebo jurema, sei dançar goré.

Símbolo do Cacique (Foto: Leandro Vieira / Divulgação / Mangueira)

Em “Tamarineira”, Zeca Pagodinho descreve com uma palavra marca do bloco: “Inspiração pra compor sempre que você procura tamarineira me dá”, afirma uma música. A Cacique também é citado fast in “Quem é ela?”: “Se você está indo para a aula, ela vai se encontrar, ela vai estar no Cacique de Ramos (…)”.

O bloco foi apelidado de “Doce Refúgio” por ser o local em que os sambistas não precisavam de luxos. Era o lugar das informações. O pesquisador e o contrabaixista Waldir de Amorim Pinto , para facilitar o entendimento das composições, saíram da cena do surdo e do tambor e entraram sem banjo com braço de cavaquinho, o repique de mão e o tantan. O auge introduz nos anos 80.

Sobre a história recente, o Cacique foi tombado em 2010 como patrimônio cultural do Rio . Em 2011, recebeu Medalha Tiradentes , por iniciativa do deputado Bebeto. Na ocorrência Bebeto disse que o Cacique “representa a cultura do Rio”. “É uma instituição importante para o nosso estado” (…) Cacique é samba, da nossa cultura, da nossa arte ”, pontuou.

No ano seguinte, o bloco foi tema do samba-enredo da Mangueira, com o nome de “Vou festejar”. “Venho priorizando os temas originais, que incluem riqueza cultural e histórica com o carnaval, e, em especial, com o Rio. O cacique está em contexto (…) o bloco mexeu com uma paixão de muita gente ”, diz o presidente da escola, Ivo Meirelles.

Ainda em 2012, o Cacique de Ramos recebeu uma visita de 80 índios em um encontro promovido pela prefeitura em busca da diversidade cultural. Na ocasião, Bira Presidente, em entrevista ao jornal Extra , afirmou: “Esse é um momento importante da história do Cacique, mas também da minha. Pudemos prestigiar os índios de todas as nações, mas principalmente, os índios brasileiros, que têm uma presença simbólica na história do samba carioca, através do Cacique de Ramos. "

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Juliana Cristina
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19 anos, oitavo período de jornalismo e paixão por esportes.