Sobre a experiência do usuário de dentro

Clauber Rosa
PALAVRÃO
Published in
4 min readNov 14, 2018

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Final de outubro fui convidado para dar uma palestra no CUPP (Congresso Universitário de Publicidade e Propaganda da Univille). “A experiência do usuário” foi a pauta do evento, mas antes de olhar para fora, fiquei pensando na experiência de quem trabalha no mercado, dentro de uma agência, lidando com urgências, clientes, alterações ininterruptas e todas as frustrações que podem colocar à prova metodologias e teorias estudadas durante a formação acadêmica.

Isso me faz lembrar da época que abrimos a teken. Uma empolgação sem limites para fazer algo diferente, but:

Fomos crescendo ao longo dos 7 anos, conquistando novos clientes, tentando fazer diferente, mas ainda muito parecido com mercado e se limitando em boa parte do tempo a trabalhos sem muita colaboração da equipe.

Estávamos relativamente tristes de não conseguir fazer o nosso melhor, tinha dias que sentíamos a alma sugada e um cansaço mental e físico despendido sem um motivo claro.

Ninguém lê, às vezes.

Conteúdo para redes sociais rolava muito por aqui, tanto que entre os dias 15 e 25 de cada mês a redatora preferia trabalhar dentro de uma caverna para não se perder nas 17 pautas de Facebook a serem desenvolvidas.

Dia das mães, Natal, Ano-Novo entre outros dia do “alguma coisa” se tornavam cada vez mais recentes e em muitos casos, dependendo do perfil do cliente, a gente ainda se questionava internamente, “será que precisa disso? Ninguém vai ler, ninguém lê”. Tentamos falar algumas vezes de forma sutil e educada, mas tinha cliente que insistia em fazer, porque todo mundo estava fazendo.

Calma, já vou continuar essa história de superação, mas antes deixa eu falar um pouco sobre o cenário que anda rolando no mundo e que já vem sendo retratado tanto em pesquisas (aqui e aqui) e pautas de podcast:

O modelo de agência tá precisando mudar, as consultorias estão ficando mais antenadas nisso e ganhando mercado, respeito e respiro para se entregar um trabalho de maior valor.

Com isso, muita gente do mercado de Propaganda / Comunicação / Design está buscando realização profissional em outros ambientes, como empresas de tecnologia, startups e simpatizantes do trabalho ágil, com propósito e colaborativo.

Pra quê? Por quê? Onde?

A tal criatividade está em todos os lugares e funções: seja no pensar, planejar, analisar, calcular, desenhar, escrever, desenvolver e entregar. Mas isso só rola quando existe repertório (próprio e colaborativo) aliado a processos ágeis (ou não). Mas precisa-se de tempo e informação (data driven) para estudar, trocar, compartilhar e só depois executar.

Essa ilustração diz muito sobre o quanto trocamos tempo por qualidade.

Tá e o que fazer?

Aproximar os interessados no trabalho por exemplo. Comece a estudar por conta essas tais metodologias colaborativas (aqui e aqui), teste em pequena escala, mostre pro seu chefe, líder ou cliente que dessa forma o trabalho funciona melhor, que agrega mais valor e que se o cliente participa, ele se sente mais responsável e criterioso sobre qualquer alteração.

E outra, se tudo é urgente, né? Nada vai ser de verdade e vamos ficar nesse ciclo de uma experiência ruim entre o profissional de comunicação e seu cliente / job.

Voltando rapidamente em como conseguimos mudar um pouco as coisas aqui na teken. Tem um post bem lindo feito pelo meu sócio que explica em detalhes, mas basicamente:

Juntamos todo mundo que trampa e aqui e dissecamos a empresa para atender um propósito maior, de tentar ao máximo fazer coisas legais e relevantes a maior parte do tempo do nosso dia.

A gente mudou posicionamento, criou metodologias, testou, vendeu novos modelos de trabalho, muito mais consultivos e estamos o tempo todo revendo o que pode ficar mais próximo desse caminho que escolhemos. Não é fácil e nem tudo são flores, mas temos certeza que estamos com a nossa experiência do usuário bem mais clean, objetiva e interativa.

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