Dr. Presencial (ou como professores e professoras estão usando subterfúgios para encerrar suas aulas)

por P.

Visitante ocupante
Palavra Ocupada

--

Todo semestre, na oferta de matérias existe uma coluna com símbolos muito semelhantes à grafia do português, que indicam a forma na qual as disciplinas são ofertadas. O professor ou professora opta por formas variadas de ministrar as aulas e entre elas as mais comuns são as disciplinas presenciais e as disciplinas online. Assim, essas matérias têm seu cronograma e ementa adequados ao ambiente proposto para serem trabalhadas.

Em um contexto de ocupação, o espaço físico torna-se limitado. As corriqueiras aulas presenciais — avaliativas, com lista e todas as outras formalidades — dão lugar aos aulões dos mais diversos temas, palestras, grupos de trabalho, grupos de discussão, sessões de filmes comentadas, saraus etc. As plataformas online, no entanto, continuam as mesmas. Com isso, as aulas online necessitam da vontade, única e exclusiva, dos professores e professoras para parar — e nem todo mundo opta por parar.

Se não fosse o bastante prosseguir com as disciplinas online normalmente, alguns professores e professoras — importante ressaltar que não são todos — decidiram transformar suas aulas presenciais em aulas online.

Essa forma de burlar o movimento estudantil das ocupações, além de um desrespeito em relação à mobilização é um desrespeito com alunas e alunos que têm que engolir conteúdo não adaptado para o ambiente online e lidar com isso sem poder contestar.

Existem motivos para que disciplinas sejam ofertadas em ambientes diferentes. Essa mudança repentina de presencial para online não é benéfica para discentes, mas para docentes, ou “detentores e detentoras de todo o saber”. O fato de uma pessoa, com mestrado e doutorado — às vezes dentro da própria área da educação — pensar que está cumprindo seu papel como educadora usando subterfúgios para quebrar o manifesto dos alunos e encerrar o semestre dentro do cronograma, não me parece um dos motivos previstos para que, todo semestre, disciplinas sejam ofertadas de formas diferentes.

Lembre-se. O problema não é da educação a distância. O problema é banalizar o ensino e comprometer estudantes com o projeto desestruturado e falho de “FALEAD”.

--

--