Caos, calmaria e cansaço

Começo esse texto te adiantando que quando eu escrevo muito em um espaço curto de tempo a explicação se torna muito óbvia: preciso organizar meus pensamentos de uma forma que eu consiga entender o que está acontecendo. Traduzindo: está tudo uma bagunça.

Para explicar um pouco do que vejo, volto para 2010, tempo onde eu era um cara discreto, misterioso e minha vida era só aquilo que eu queria que fosse. Tudo mudou quando eu me apaixonei, mas eu não vou contar essa história aqui.

De repente, 14 anos depois, a história se repete alterando a ordem dos fatos. Eu me apaixonei, de verdade, daquela forma que bate um desespero de não dar certo, e não deu, ao ponto de me doer de uma forma que eu nem sabia ser possível. Tudo bem, faz parte. A parte irônica é que no meio disso tudo, eu optei por retomar um controle da minha vida que há muito tempo eu não tinha: a minha imagem.

Por muito tempo eu deixei que as conclusões sobre mim estivessem descontroladas mundo a fora, e eu não digo que me preocupo com isso, é algo totalmente diferente de pessoa para pessoa, mas eu optar por me expor ou não é uma decisão unicamente minha.

O Hermes de 2010 não sabia de muitas coisas, assim como o de 2024 não sabe, mas o que aprendi com minha versão mais jovem foi que quando sua vida está longe do online, o offline se torna mais fácil de ser apreciado. Não, isso não é papo de coach para você ficar menos tempo na internet, mas nos últimos dias onde eu desinstalei qualquer rede social do meu iPhone e me desliguei parcialmente, o mundo ficou mais interessante, os livros mais atrativos e consegui encontrar mais tempo para escrever. Tudo isso sem precisar mostrar onde estou, o que estou fazendo ou o que quero que pensem sobre mim. Admito que é libertador.

Existe também uma realidade por trás de tudo isso: essa vida caótica é cansativa, e eu preciso realmente de calmaria. Quando você passa a vida sendo o porto seguro de todo mundo, o abrigo dos aflitos e o refúgio dos desesperados, você aprende que você não pode ser fraco. Isso está errado. Ultimamente eu tenho sido fraco sim, mas são minhas fraquezas que me fazem lembrar da força que eu tenho. Toda essa minha fortaleza pode ruir as vezes, mas isso é apenas parte da minha capacidade de sempre me reerguer, seja por uma decepção, uma preocupação ou um coração partido.

Ser aquele que sempre é forte as vezes nos priva da fraqueza, afinal, para onde vamos recorrer? Essa pergunta na minha vida é completamente inadequada quando me lembro que em todas as vezes que caí, Deus me levantou, seja com sinais, com pessoas que Ele me enviou ou com um carinho inocente do meu cachorro me dizendo “levanta, você não está sozinho”.

É clichê dizendo que depois de toda tempestade vem a calmaria, mas gosto de pensar que as vezes a tempestade não passa, então precisamos dançar um tempo na chuva. São tempos caóticos e cansativos, mas a calmaria nunca foi tão esperada.