As tendências mais importantes para 2019

Uma lista pra quem quer aproveitar ao máximo.

Flávia Carvalho
PALAVRÃO
10 min readJan 16, 2019

--

Seja bem-vindo a 2019! Depois de tanta espera pelo fim de 2018, ele finalmente chegou. O ano em que assistiremos à última temporada de Game Of Thrones, mas não teremos Copa do Mundo nem eleições.

Bom, na verdade vai ter Copa do Mundo de Futebol Feminino. E eleições presidenciais em Moçambique e na Nigéria. Também vai ter o lançamento de Detetive Pikachu nos cinemas. E o live action de Rei Leão, que muita gente diz que não é live action.

Só no Brasil, serão 10 feriados nacionais. Mas a maioria vai cair no sábado e domingo. Triste. A boa notícia é que, mesmo com menos tempo livre, vai ter muito meme, como acontece todo ano.

E como todo ano, a forma como as pessoas pensam, se comunicam e comem, muda. Mudando, também, a forma como elas compram. São as famosas tendências: comportamentos que podem dividir o que vai fazer sucesso, engajar e prosperar daquilo que vai, como os jovens dizem hoje em dia, flopar.

Só pular 7 ondinhas não adianta: dá uma olhada nas tendências que separamos aqui, embarque nas ondas certas e faça, de 2019, o seu ano.

Você está sendo observado.

1 - É hora de colocar a cara no sol

As marcas que querem realmente conquistar um público leal e engajado em 2019 vão ter que sair da zona de conforto. Estamos falando de um ano de extremismos, onde falar o que se pensa e expressar quem você é se faz cada vez mais necessário.

O desejo de ser ouvido, de causar impacto e de buscar a verdade vai te obrigar a colocar a cara no sol: é preciso correr riscos e abraçar causas não apenas pela visibilidade, mas de forma honesta.

Isso significa que não dá pra ser só fachada. A diversidade passa a ser mandatória: o movimento #MeToo e tantos outros acontecimentos de 2018 levantaram um extenso debate sobre o excesso de homens brancos em posições de poder. As empresas estão percebendo a necessidade de ter um time mais diverso, movimento esse que já está presente em filmes, seriados e outras produções. Times diversos geram perspectivas diversas, que também garantem o acesso a novas audiências.

Mas as exigências não param por aí. Outra causa que precisará ser abraçada em 2019 é a da sustentabilidade. Se, antigamente, ser sustentável era apenas mais um argumento de venda e exigia um esforço mínimo, hoje em dia, o consumidor é capaz de identificar uma lorota de longe. E a tendência é que ele comece a optar por marcas que realmente se preocupam com o planeta.

Basta reparar na quantidade de restaurantes abolindo canudos de plástico. Tudo indica que esse movimento não vai parar por aí.

Não entre em pânico.

2 - Mente sã

As consequências de estar o tempo todo conectado, o excesso de informação e as exigências da sociedade estão criando uma geração de pessoas ansiosas e deprimidas ao mesmo tempo.

Não é de se espantar que produtos e serviços voltados para a saúde mental e bem-estar estejam ganhando cada vez mais destaque. As soluções vão desde a espiritualidade até o design de interiores, coisas pensadas para quem não aguenta mais e está buscando qualidade de vida.

O papel das redes sociais também tem sido questionado: em um mundo onde todos buscam autoaceitação, estar cercado por pessoas supostamente perfeitas e felizes pode dificultar ainda mais esse processo. Muitas pessoas estão buscando controlar o tempo que passam online, desativando notificações de aplicativos e procurando os confortos da vida real. É aquele clássico “não temos wi-fi, conversem entre vocês”.

Também não dá pra enxergar a tecnologia apenas como a vilã da história. Por mais que o excesso de tempo online esteja entrando no hall de problemas da vida moderna (desde o impacto na saúde mental até a luz azul das telas, que atrapalham o sono), a tendência é que o smartphone se torne um aliado na causa.

Cada vez mais, têm surgido soluções mobile tanto para a saúde física (como esse aplicativo que é capaz de te ajudar a comer melhor), quanto para a saúde mental (como apps de meditação guiada e controle de ansiedade).

Uma rodada de suco pra galera.

3 - Corpo são

Já foi o tempo em que comer mal e ser sedentário era considerado cool, mas também se engana quem pensa que isso só tem a ver com satisfação corporal e autoestima. As pessoas estão começando a questionar não só o excesso de açúcar e sabores artificiais presentes nos alimentos, como também as dietas da moda.

O foco agora é buscar uma alimentação que traz mais benefícios a longo prazo. Teremos mais marcas apostando em produtos naturais e restaurantes com comida regional, caseira e com opções veganas. A preocupação das pessoas vai além de seus próprios corpos: elas pensam em problemas como mudanças climáticas e bem-estar animal.

Acompanhando essa tendência, também é possível observar que a fronteira entre ciência e comida saudável está diminuindo. Estamos mais dispostos a comer versões alternativas de pratos não sustentáveis, como hambúrguer produzido em laboratório, por exemplo.

Você é um atendente ou um robô?

4 - A humanização das techs

Não é novidade que as empresas de tecnologia estão tentando fazer cada vez mais parte de nossas casas, cotidianos e corpos. Mas dessa vez, elas estão apostando em um diálogo mais leve e menos invasivo, que se reconcilia com o usuário.

Dentre as modificações, destaca-se o design com estética humana, “macio”, divertido e com mais diversidade na paleta de cores. Algo menos O Exterminador do Futuro, digamos assim.

Essa humanização não está acontecendo apenas no que as techs produzem, mas também se volta internamente. Grandes empresas estão preocupadas com o comportamento ético de seus funcionários, buscando criar equipes que condizem com a imagem que elas querem passar para o mercado.

Outro fator interessante de se observar é a preocupação com dados pessoais. Desde o escândalo da Cambridge Analytica, nunca se falou tanto sobre privacidade e ética online. Tem sido necessário colocar o controle na mão do usuário, deixando-o decidir como e quando seus dados serão utilizados.

Se inscreva no canal, deixe seu joinha.

5 - E sobre conteúdo…

A primeira coisa que você precisa saber é: tudo vai girar em torno do smartphone. Já faz tempo que o mobile saiu do status de canal complementar e tornou-se o canal principal. O “mobile first” agora é regra.

Empresas de tecnologia, como Netflix, Amazon e Apple, estão criando conteúdos originais que batem de frente com as grandes produções de Hollywood. Afinal, são dramas, animações e documentários que ganham prêmios e muita audiência. Isso significa menos pessoas frequentando cinemas, um serviço considerado caro e inacessível para uma grande parte do público. Pela primeira vez, o império hollywoodiano está enfrentando uma concorrência forte, vinda de um lugar que muita gente não esperava.

E sobre criar conteúdo original, o que estamos observando é um ecossistema de entretenimento multicanal: são marcas de moda criando podcasts, padarias com canal no YouTube e redes sociais se transformando na nova TV. Em 2019, não tenha medo de tentar algo novo!

Às vezes eu só quero ficar de boas ouvindo um podcast.

6 - Abaixa o volume da sua TV e me escuta pelo telefone?

O som está se tornando um formato chave para entreter, acompanhar notícias e interagir. Isso vem desde as assistentes virtuais que usam comandos de voz para conversar com o usuário, até o número cada vez maior de podcasts, playlists criadas por marcas e audiobooks.

Mas nem tudo é sobre aumentar o volume, essa tendência também fala sobre silêncio. A necessidade de um momento de paz, longe do barulho dos grandes centros urbanos, tem ficado cada vez mais urgente. O silêncio se tornou um artigo de luxo: marcas que oferecem isso tendem a conquistar um bom público.

Você é lindo, sim, não importa o quanto chora vendo Rei Leão.

7 - Estereótipos, tabus e tudo o que você precisa quebrar

Não dá pra negar que a publicidade tem um papel importantíssimo na perpetuação de preconceitos. E num momento da história onde tudo isso está sendo questionado, as marcas precisam seguir o bonde.

Depois de muitos anos focando na mulher, chegou a hora de reformular a masculinidade. Muitas marcas são culpadas por reforçar a masculinidade tóxica e, agora, estão procurando desconstruir isso.

Além de difundir a ideia de que homens podem, sim, fazer várias coisas que a sociedade considera pouco masculino, essas marcas buscam agir como terapeutas, abordando assuntos como calvície e disfunção erétil de forma a quebrar esses tabus tão presentes no dia a dia.

Outro estereótipo que está sendo reconstruído é o da maternidade. Teremos mais campanhas e conteúdos voltados para mães reais, que sentem medo, cansaço, solidão e tantos outros sentimentos não atribuídos a elas.

Eu, eu mesmo, zero filhos e um cachorro.

8 - É possível ser feliz sozinho

Mesmo com tanta reformulação, os millennials continuam não gostando da ideia de formar famílias. E isso está criando um número cada vez maior de solteiros.

Nos EUA, o número de pessoas abaixo dos 35 anos que são casadas e têm filhos caiu bastante desde 1970, atingindo 20% em 2015. Ser solteiro se tornou atrativo, principalmente para mulheres que estão em busca de uma vida sexual e financeira totalmente independentes.

Na vida adulta atual, as pessoas têm cada vez mais experimentado a individualidade, já que há uma maior variedade do tal “padrão de felicidade”. Se antigamente o único jeito de ser feliz era tendo um 4x4 na garagem, marido e filhos, hoje em dia, os caminhos são muitos.

É por isso que os estereótipos da solteirice estão começando a ser rejeitados. Produtos e serviços “para um”, além de pet shops e outras empresas de cuidados com animais, tendem a lucrar cada vez mais. Afinal, já que os millennials não querem formar famílias, ter um pet acabou se tornando um símbolo da vida adulta, com quem eles pretendem gastar tanto quanto consigo mesmos.

Atenção, seguimores.

9 - #instaover

Uma das preocupações para 2019 é sobre o futuro do Instagram. Toda rede social passa por etapas: o entusiasmo por uma coisa nova, a criatividade de poder se expressar com essa coisa nova e a autoconsciência, quando você começa a se questionar sobre o que essa coisa nova realmente representa.

O Instagram é o recorte da parte estética da vida de pessoas comuns. Sabe aquele seu amigo que passou dois dias na praia e vai postar fotos sobre isso até abril? Então. Ao acessar seu feed, você tem a certeza de que todo mundo está aproveitando a vida melhor que você, mas isso não é verdade. E as pessoas estão começando a se dar conta disso.

Estudos já comprovaram que o uso excessivo do Instagram é nocivo à saúde mental, além de comprometer a autoestima dos usuários (principalmente mulheres). E por mais que muitos membros das gerações mais novas (millennials e Z) continuem vivendo experiências apenas pelo prazer de compartilhar um pequeno recorte estético delas, a tendência é que a rede social passe a dar uma esfriada.

Quem produz conteúdo para o Instagram precisará contornar isso. Também, devido ao fato de que todo mundo hoje é um criador de conteúdo e consegue fazer isso muito bem, só ter cuidado com a fotografia não é suficiente pra conquistar um público engajado. As pessoas já conhecem o joguinho das marcas. Tá aí mais uma oportunidade pra sair da zona de conforto.

A geração Z já pode votar, beber e comprar.

10 - O padrãozinho não funciona mais

Digamos que a família loira dos olhos azuis em propaganda de imobiliária não tem o mesmo efeito que tinha em 1990. Os padrões de beleza, que por tantos anos permaneceram inalterados, tendem a ser cada vez mais questionados num futuro próximo. Buscaremos mais autenticidade, espontaneidade e, principalmente, naturalidade.

A tendência em optar por opções naturais na alimentação também vale para os cuidados com a pele e cabelos. As superfoods, low poo e no poo, sabonetes naturais e outros produtos relacionados estarão mais presentes do que nunca.

Além disso, as marcas precisarão lançar um novo olhar sobre a adolescência para acabar com os estigmas. A geração Z rejeita a ideia de que a beleza é homogeneizada, como aquele velho discurso do “um tamanho serve para todos”. Acne e menstruação não são monstros. E agora que essa turma está conseguindo poder de compra, é preciso se reinventar.

Outro padrão que não funciona mais: bancos. O dinheiro do futuro é visual. Bancos não podem mais ser corporações complicadas e cheias de burocracia. O estilo de vida super conectado das gerações mais novas exigem serviços intuitivos e user friendly, com apelo visual e interfaces simples, além de uma reformulação na conversa entre banco e usuário. Não é à toa que estamos vendo uma grande migração dos bancos tradicionais para as opções novas e fáceis de entender das fintechs.

Quanto mais perto, melhor.

11 - Pode chegar junto

Prepare-se para um mundo desglobalizado. Depois de tantas décadas de industrialização e expansão desenfreada, as pessoas estão pedindo por uma era mais simples. São restaurantes servindo comida local e tradicional, empresas investindo em produtos “feitos aqui” e pessoas preferindo marcas locais em vez das globais.

E já que estamos falando de proximidade, também chegou a era das marcas terapeutas. Será necessário promover bem-estar e relações mais profundas com os consumidores: experiências que encorajam a autorreflexão e um movimento que vai além do que os seus produtos ou serviços têm a oferecer.

Sabe aquele assunto que muitas pessoas têm vergonha de falar sobre? Desde saúde sexual até menopausa, as marcas estão tendo a oportunidade de criar mudanças de diálogo ao reinventar como nós abordamos esses tabus do dia a dia.

E agora?

Dentre tristezas e alegrias, 2019 veio pra ficar. Pelo menos por enquanto. A grande pergunta é: você está pronto pra ele? Acompanhe as tendências, busque conhecimento e prepare-se para improvisar, adaptar e superar.

Vem aí um ano de mudanças. Que tem tudo pra ser épico.

Continue acompanhando o PALAVRÃO :) Deixe seus aplausos, compartilhe com os amigos e faça do mundo um lugar melhor.

Neste texto, selecionamos as tendências mais interessante do The Innovation Group. Tem muitas outras coisas interessantes por lá que você pode dar uma olhada. As ilustrações são da Ouch.pics.

--

--